Há vários tipos de contrações. Sabem quais são as que indiciam o início do trabalho de parto?
Pode ser difícil perceber quais são os diferentes tipos de contrações e quais aquelas que indicam que se está a entrar em trabalho de parto, especialmente se for a primeira gravidez da mulher.
Por esse motivo, muitas mulheres perguntam-se, durante a gestação, se vão ser capazes de reconhecer as contrações como sinal de parto.
A verdade é que nem todos os tipos de contração são sinónimo de trabalho de parto. Aliás, na verdade as contrações podem começar muito antes do momento final da gravidez. Essa é a nossa primeira intenção: desmistificar a ideia de que contração é sinónimo de parto.
Em primeiro lugar, há que compreender quando se está a ter uma contração e que tipos de contração existem.
Afinal, o que é uma contração?
Contrações – sintomas:
- Dor no baixo ventre, como se de uma cólica menstrual se tratasse só que mais forte;
- Uma dor similar a uma pontada na região da vagina ou no fundo das costas, como se fosse uma crise renal;
- Ou a barriga a ficar muito dura durante 1 minuto no máximo.
Diferentes tipos de contração
1. Contrações Braxton-Hicks
Durante o período da gestação, a mulher experiência vários tipos de contrações, sendo cada uma com um propósito diferente.
As contrações de Braxton-Hicks são as conhecidas pela comunidade médica por serem “contrações de treinamento”. Normalmente, estas contrações surgem por volta das 20 semanas de gravidez e têm como objetivo preparar o útero para quando chegar o momento do parto. O principal sintoma é a barriga, ou uma parte dela, muito dura, causando algum desconforto na região pélvica.
Apesar de não existir uma regra, pode acontecer um episódio ou vários por dia com a duração inferior a um minuto, acontecendo normalmente logo após o bebé se mexer ou chutar. Caso tenha várias por dia, o repouso ou a mudança de posição devem ser suficientes para que as contrações uterinas parem.
2. Contrações Prodormais ou Pré-Parto
O trabalho prodormal é caracterizado pelas contrações que as mulheres sentem nas semanas, dias ou horas antes do trabalho de parto.
Costumam ser mais fortes, mais regulares e, por vezes, mais longas do que as contrações de Braxton-Hicks, mas que, ainda assim, não indiciam que está a entrar em trabalho de parto.
Contudo, neste caso, se a mulher grávida se deitar não vai notar qualquer diferença nas contrações uterinas – estas não vão desaparecer. Além disso, estas não tendem a tornar-se mais frequentes com o passar do tempo, ao contrário de outras que indicam o início de trabalho de parto – até porque estas não se contraem o suficiente para dilatarem o colo do útero e assim começar o trabalho de parto.
Não se preocupem mamãs – ainda há tempo de preparar a mala para a maternidade!
Mas afinal o que é a fase pré-parto?
Nas últimas semanas de gravidez – por volta da 35.ª semana -, antes do bebé estar pronto para nascer, as hormonas são ativadas no corpo da grávida para que este se comece a preparar para parir.
De acordo com os especialistas, esta é a altura em que o bebé se começa a colocar na posição ideal para o parto, ou seja, o bebé vira-se de cabeça para baixo e encaixa-se na pélvis da mulher de modo a facilitar a sua expulsão na altura do parto. Ao encaixar-se, irá pressionar a bexiga, motivo pelo qual é possível que a mulher sinta uma maior e mais frequente necessidade de urinar.
É também durante este período que os nervos e os vasos sanguíneos veem a sua pressão sanguínea aumentada, sendo normal que a mulher sinta cãibras nas pernas e inchaço nos pés e nos tornozelos. De forma a evitar estes incómodos, é aconselhável que mantenham as pernas elevadas e descansem viradas para o lado esquerdo para ajudar a reduzir o inchaço nos pés.
3. 1ª Fase do Trabalho de Parto
O trabalho de parto divide-se em três fases: o pré-trabalho de parto (esta primeira fase de que vos falamos aqui), o trabalho de parto ativo (período de expulsão) e a expulsão da placenta.
Esta é a fase na qual o colo do útero começa a dilatar, ou seja, a alargar o canal para preparar o corpo para a saída do bebé. Nesta fase, normalmente a dilatação, medida em centímetros (cm), varia entre 0 e 3 cm. A dilatação completa do colo do útero é de cerca de 10 cm, medida normalmente suficiente para o bebé passar o canal e vir ao mundo.
Mas, como cada mulher é uma mulher, as grávidas podem ter diferentes sintomas de que o derradeiro momento se está a aproximar.
Alguns dos sintomas mais frequentes são:
- dor incómoda no baixo ventre ou nas costas;
- dificuldade em respirar devido à intensidade das contrações uterinas;
- sentir uma grande pressão pélvica;
- dor que começa nas costas e se alastra para a barriga;
- cólicas muito fortes;
- rebentar a bolsa de líquido amniótico.
À medida que o trabalho de parto progride, as contrações aumentam e o intervalo entre cada uma diminui. Cada contração dura, aproximadamente, entre 40 a 50 segundos e começam por surgir de 10 em 10 minutos (valores que variam, obviamente, tendo em conta o historial clínico da mulher e o seu próprio corpo).
É nesta altura que a mulher e o(a) acompanhante devem começar a preparar as coisas para se deslocarem até à maternidade ou, no caso de querer um parto em casa ou um parto na água (feito em casa ou num hospital – atenção que existem apenas dois hospitais a realizar este procedimento), ligar à enfermeira parteira e à obstetra para que a acompanhem nesta viagem memorável.
Uma vez que o trabalho de parto pode demorar algumas horas, os médicos aconselham as parturientes a ficar em casa o maior tempo possível, especialmente se for a primeira gravidez – que pode demorar um pouco mais.
Dicas para esta fase inicial:
- Faça refeições leves e nutritivas e beba muita água ao longo do dia;
- Cronometre os intervalos das contrações e a sua duração;
- Caso as dores e o desconforto aumentem significativamente, deverá dirigir-se para a maternidade, evitando conduzir.
4. Trabalho de Parto Ativo
Nesta fase, as contrações uterinas começam a ser mais frequentes e dolorosas.
Além da dilatação cervical, os sintomas do trabalho ativo incluem:
- contrações que ocorrem a cada 3 ou 5 minutos, dimimuindo à medida que o trabalho de parto progride;
- contrações que duram 60 segundos ou mais;
- o útero não relaxa entre contrações;
- dor e pressão significativas nas costas enquanto a cabeça do bebê se move pelo canal do parto.
A cada contração a mulher pode sentir uma pressão no reto, causado pela passagem do bebé na cavidade vaginal, fazendo com que a mulher sinta o instinto natural de fazer força.
Contudo, há que reforçar que não se deve fazer força durante todo este período e apenas quando o médico ou o especialista presente indicar, para que não fique sem forças por fazer força excessiva e desnecessária.
Caso opte por um parto natural sem anestesia (Epidural), um pouco antes de a cabeça sair, a mulher sente uma sensação de ardor, momento a partir do qual não é preciso continuar a fazer força, visto que o médico vai ajudar o resto do corpo a sair e irá colocá-lo sobre o peito da recém-mamã.
Cerca de 20 ou 30 minutos depois de se dar a “expulsão do bebé”, chega a altura de expulsar a placenta – o ninho onde o pequenino ser humano se manteve durante 9 meses.
O que fazer quando surgem contrações?
Se tiverem dúvidas sobre que tipo de contração sentem, o melhor será sempre marcar uma consulta com o obstetra. Só assim poderão ter uma certeza e sentir-se mais segura. Se se confirmar que se trata de contrações Braxton-Hicks, existem algumas medidas que podem amenizar o desconforto.
O médico Rosa Filho explica, num artigo da Revista da Mulher, aconselha as gestantes a beber bastantes líquidos, a “tomar uma medicação anti-espasmos [que previne espasmos e, portanto, contrações uterinas], como Buscopan, por exemplo, e deitarem-se sempre do lado esquerdo”.
Não se esqueçam nunca que relaxar é a palavra-chave para que o processo decorra da forma mais natural possível!
Dicas para relaxar durante o trabalho de parto:
- Realizar exercícios de respiração – inspirando fundo e expirando pela boca;
- Fazer exercícios de visualização. Estes exercícios consistem na mulher grávida a imaginar-se num lugar bem calmo e agradável, o que irá ajudar a que se foque menos na intensidade da dor e mais em coisas e cenários positivos;
- Meditação. A meditação, o ioga e outras formas de relaxamento podem ajudar a mulher na respiração e a concentrar-se na busca de energia através das contrações;
- Eliminar focos de distração. Podem fazê-lo ao ouvir músicas suaves, tranquilas, algo que acalme a futura mãe para afastar o foco das dores do parto;
- Caso consiga e se sinta bem para andar dê umas voltas pela casa, respirando fundo e ouvindo música, como acima foi descrito;
- Tomar um banho de água quente, na qual o(a) seu(sua) companheiro(a) tem um papel ativo, segurando o chuveiro nas suas costas para que relaxe a lombar e deixe a água correr naturalmente pelas suas costas e abraçando a sua barriga, com o objetivo de a relaxar e acalmar as contrações uterinas. Além disso, ajuda a que a dilatação progrida mais rapidamente;
- Experimentar várias posições até encontrar aquela na qual se sente mais confortável.
Não se esqueçam – a palavra-chave é RELAXAR!
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