No dia 17 de Novembro celebra-se o Dia Mundial da Prematuridade, uma forma de celebrar a vida e coragem destes bebés e das suas famílias. Com ânsia de mundo, chegam mais cedo – mas como, e porquê?
Em novembro comemora-se o Dia Mundial da Prematuridade, uma data com o objetivo de sensibilizar-nos para os problemas associados aos nascimentos pré-termo. Sabiam que Portugal é um dos países europeus com taxa de nascimentos pré-termo mais elevada? Mas o que faz o bebé nascer prematuro?
Além disso, associada ao Dia Mundial da Prematuridade está a discussão pública de estratégias que visem diminuir a taxa de prematuridade. Como é que ela acontece, quais as formas de prevenir, que cuidados exigem os bebés nesta condição?
Prematuridade
De acordo com a Associação Portuguesa de apoio ao bebé Prematuro, 1 em cada 10 bebés nasce cedo demais (antes das 37 semanas de idade gestacional), o que equivale, anualmente, a cerca de 15 milhões de bebés em todo o mundo.
Em Portugal, oito em cada 100 bebés são prematuros e um por cento dos recém-nascidos tem menos de 1.500 gramas.
Com base numa recolha de dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), nasceram em Portugal, em 2016, aproximadamente 7 mil bebés prematuros, o que se traduz num aumento de 2,2% face a 2001.
O que é um bebé prematuro?
A gravidez tem uma duração de 37 a 42 semanas. Quando os bebés nascem antes das 37 semanas, estamos perante um bebé prematuro ou pré-termo. As complicações resultantes da prematuridade traduzem-se num terço da mortalidade infantil no nosso país.
É possível que um bebé nasça às 40 semanas com um peso igual ao de um bebé prematuro de 32 semanas, sendo que, nesse caso, se trata de um bebé pequeno demais para a sua idade gestacional.
Porque é que a prematuridade requer cuidados especiais?
Um bebé prematuro nasce sem ter os órgãos e sistemas totalmente formados (respiração, controlo da temperatura, digestão, metabolismo, etc.), o que o torna mais vulnerável a determinadas doenças e, também, mais sensível a alguns fatores externos como a luz e o ruído.
É, por esse motivo, que, como explica a Associação Portuguesa de apoio ao bebé Prematuro, estes pequenos seres humanos, “principalmente os que nascem antes das 35 semanas de gestação ou que são muito pequeninos, necessitam de uma atenção especial e de cuidados extraordinários para conseguirem amadurecer biologicamente e sobreviver fora do ambiente protector que é o útero da mãe”.
Que cuidados hospitalares tem o bebé prematuro?
Logo após o nascimento, o bebé pode ter que permanecer na enfermaria da maternidade ou ser admitido na Unidade de Cuidados Intermédios ou na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN), cujos recursos tecnológicos permitem prestar a assistência necessária e possibilitar a sobrevivência destes bebés.
Os cuidados proporcionados por estas unidades neonatais são estruturados para ajudar os bebés a levarem a cabo 3 funções essenciais que, muitas vezes, estes bebés têm dificuldade em controlar: a temperatura corporal, a respiração e a alimentação.
A colocação dos bebés numa incubadora, ou num berço aquecido, ajudará a manter a sua temperatura corporal; o ventilador ou um respirador ajudá-los-á a respirar e receberão a alimentação necessária através de um tubo que é colocado no nariz, no estômago ou numa veia.
Classificação da prematuridade
Segundo a Associação Portuguesa de Apoio ao bebé Prematuro, estes bebés podem classificar-se, pela idade gestacional, como:
- Pré-Termo Limiar: Bebé que nasce entre as 33 e as 36 semanas de idade gestacional e/ou tenha um peso à nascença entre as 1500 gramas e as 2500 gramas.
- Prematuro Moderado: Aquele que nasce entre as 28 e as 32 semanas de idade gestacional e/ou tem um peso à nascença entre as 1000 gramas e as 2500 gramas.
- Prematuro Extremo: São os bebés que nascem antes de terem completado as 28 semanas de idade gestacional e/ou pesa menos de 1000 gramas. Estes pequenos são classificados como grandes prematuros e apresentam problemas mais frequentes e mais graves.
Qual a possibilidade de sobrevivência de um bebé prematuro?
As possibilidades de sobrevivência de um bebé prematuro estão condicionadas por vários fatores, entre os quais:
- a sua idade gestacional;
- o seu peso ao nascer;
- a presença de problemas de saúde significativos aquando do seu nascimento (respiratórios, cardíacos, infecciosos, malformativos, etc.).
De estes três fatores principais, o que poderá definir ou ter mais implicações na probabilidade de o bebé prematuro sobreviver é a idade gestacional, visto que é esta que determina o desenvolvimento dos órgãos e dos sistemas do bebé.
Amamentação na prematuridade
Apesar dos obstáculos que possam surgir para dar de mamar ao bebé prematuro a dificuldade em mamar assim que nasce, a difícil coordenação do reflexo sução-deglutição-respiração, o stress emocial da mãe, entre outros), existem inúmeras formas para alimentar o recém-nascido com leite materno.
Além disso, os bebés pré-termo alimentados com leite da sua mãe tendem a receber alta hospitalar duas semanas antes dos que são alimentados com leite de fórmula.
O papel da amamentação no desenvolvimento destes pequeninos seres humanos é muito importante, porque, ao nascerem antes de tempo, não recebem importantes fatores como o DHA (ácido gordo vital para o desenvolvimento saudável do cérebro e dos olhos do bebé) nem imunoglobulina G, um anticorpo que é transportado desde a mãe ao feto através da placenta e que está presente no leite materno.
É bastante provável que a mãe tenha que tirar leite materno. Nesse caso, a Medela aconselha o método de extração dupla, visto que esta “permite maximizar, numa média de 18%, a quantidade de leite extraída”, quando comparado com a extração de cada peito.
Este método revela-se muito eficaz, uma vez que deixa o peito da mãe vazio, produzindo a mensagem de que há necessidade de uma maior produção de leite e, dessa forma, garantirá que o bebé terá sempre leite materno disponível.
É aconselhável que a mãe procure a situação que seja mais cómoda para realizar a extração do leite, sendo que, de acordo com a empresa especialista em produtos para amamentação, “o melhor momento é aquele imediatamente depois ou durante o contacto prolongado pele com pele ou em que está a observar o bebé”.
Como prevenir a prematuridade?
A prevenção do parto pré-termo pode ser dividida em duas grandes estratégias.
Na redução dos fatores de risco presentes na vida da mulher e na melhoria da sua qualidade de vida:
Neste ponto, falamos principalmente de repouso, nutrição, redução do stress físico e emocional. Apesar do repouso ser aconselhado medicamente para algumas grávidas que tenham índices altos de ter um parto permaturo, não há quaisquer provas científicas de que o repouso resulte, efetivamente, numa diminuição da incidência da prematuridade.
No entanto, e segundo a Bebé Vida, há ainda outros fatores que podem reduzir a probabilidade de ter um recém-nascido pré-termo:
– evitar comportamentos de risco, tais como a ingestão de álcool, consumo de drogas, fumar, entre outros;
– controlar o stress, seja através de alguma atividade física moderada, seja através de meditação ou respiração (métodos naturais);
– beber muita água e hidratar bem a pele, porque com as mudanças hormonais, a pele fica mais seca e o uso de creme hidratante e da ingestão de cerca de 2 litros de água por dia tornam-se rotinas indispensáveis – para se está a beber água suficiente, basta observar a cor da urina e caso esta esteja com uma cor amarelada, mas clara quer dizer que está a ingerir a quantidade de água adequada;
– ter uma alimentação saudável, ou seja, uma alimentação nutritiva, variada e equilibrada. Caso seja necessário, deverá consultar um nutricionista ou o seu médico obstetra que lhe irá recomendar uma dieta especial para este momento da gravidez.
Na deteção precoce do início do parto:
A deteção do início do parto poderá ser feito através do controlo das contracções e alterações do colo do útero.
Para isso, são elaborados programas informativos para a grávida sobre como vigiar as alterações do colo do útero ou as contracções no domicílio, através de meios tecnológicos.
Contudo, os sintomas iniciais podem ser muito ténues e as contracções podem não ser percetíveis até que a parturiente esteja numa fase avançada do processo de parto.
Perante o quadro de sintomas, nem sempre é fácil para o obstetra confirmar se a grávida indicia a possibilidade de ter um parto prematuro ou se está já, realmente, em trabalho de parto.
Alguns estudos confirmam que cerca de 50% das grávidas com uma situação de ameaça de parto prematuro irão ter o parto a termo.
Por esta razão, é tradicionalmente feita uma observação durante várias horas (através de um internamento de curta duração) e avaliada a necessidade de a grávida precisar de ser medicada ou se pode regressar a casa.
No caso de se antecipar um nascimento pré-termo, as terapêuticas praticadas atualmente têm como objetivo:
- Corrigir precocemente as anomalias detectadas (por exemplo, tratamento das infecções, malformações uterinas);
- Inibir ou reduzir a intensidade e frequência das contracções, com o objetivo de atrasar o parto;
- Otimizar o estado geral do feto antes do nascimento.
“No futuro, um melhor conhecimento acerca dos mecanismos envolvidos no parto prematuro conduzirão a novas condutas e terapêuticas.
Até que novas estratégias sejam encontradas, os esforços são concentrados na prevenção das complicações neonatais através do uso decorticóides para acelerar a maturidade pulmonar fetal, antibióticos para prevenir determinadas infecções e na conduta criteriosa para um parto não traumático.
É também fundamental que o parto prematuro se realize num centro hospitalar preparado com tecnologia adequada e equipas experientes neste tipo de situação”, esclarece a Associação Portuguesa de apoio ao Bebé Prematuro.
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