Sabiam que o comportamento dos bebés – perante os adultos cuidadores e as situações do dia a dia – reflete desde sempre os seus sentimentos?
Os bebés não falam, mas expressam-se desde o primeiro dia de vida através das suas reações. Absorvem tudo aquilo que vivem a partir do momento em que abandonam o útero da mãe, embora por vezes não nos apercebamos disso pela sua incapacidade de se manifestarem. Por isso é que os tipos de vinculação estabelecidos com um recém-nascido são tão importantes.
A qualidade afetiva e as experiências do bebé influenciam de modo inquestionável o seu desenvolvimento físico e emocional, e moldam desde logo muitas das suas relações, formas de pensamento, capacidade de aprendizagem e comportamento ao longo da vida.
Ou seja, as expectativas que o bebé desenvolve em relação aos cuidadores (modo operativo interno), em situações emocionalmente significativas e tendo como base a repetição de respostas, vão definir em muito a forma como a criança se colocará no mundo perante si e os outros.
Os comportamentos de sinalização do bebé – como o choro, o sorriso, o olhar – vão orientar os cuidadores na sua relação com a abobrinha. Estes comportamentos, sendo diferentes de e para com cada pessoa, podem ajudar a perceber alguns desajustes de abordagem ou, em casos extremos, abusos ou perigos.
Por isso, promover uma vinculação segura entre os pais, os cuidadores principais (avós, tios, educadores) e o bebé é fundamental para o saudável desenvolvimento da saúde mental da criança, no presente e no futuro.
Não é segredo que crianças amadas são crianças mais felizes, mas como é que isto se verifica cientificamente?
Tipos de vinculação: vinculação segura
Na vinculação segura, o cuidador responde às necessidades da criança de modo carinhoso e seguro, reage sempre às manifestações da criança, oferecendo-lhe colo, consolo, comida, está disponível física e emocionalmente para a interação com o bebé, mima-o e é um porto seguro.
Nestas condições, a criança reage positivamente à presença e aproximação deste adulto, acalma-se com a sua presença e colo, e procura proximidade física com esta pessoa.
Ao crescer num ambiente amoroso, a criança desenvolve um modo operativo interno confiante: sente-se seguro no seu mundo, acredita e confia nos outros, e tem uma noção positiva do seu valor – sente-se digno de ser amado, respeitado.
Tipos de vinculação: vinculação insegura-evitante
Na vinculação insegura-evitante, o cuidador mostra tendência a ser indiferente ao bebé. Como está por hábito indisponível, não responde ou rejeita as chamadas de atenção da criança, o bebé passa a atual dentro dos mesmos moldes: não reage com tristeza à separação, não reage com alegria ao reencontro e passa progressivamente a rejeitar proximidade física com o adulto.
Ao crescer num ambiente com este tipo de vinculação predominante, a criança desenvolve um modo operativo interno inseguro e voltado para agradar o outro: sente-se rejeitado e por isso com a responsabilidade de se proteger desde muito cedo. Externamente, oculta as suas necessidades, comporta-se de acordo com as expectativas de terceiros e cuida dos demais, tudo para ser amado.
Tipos de vinculação: vinculação insegura-ambivalente
Na vinculação insegura-ambivalente, o cuidador tem tendência a ser imprevisível e inconstante, o que causa uma grande ansiedade ao bebé, que fica perturbado ou inquieto quando está, e quando não está, com o adulto.
Como não sabe o que esperar, ao crescer com uma vinculação insegura-ambivalente constante, a criança vai enfrentar a vida de forma desconfiado, nunca confiando a 100% em ninguém.
Tipos de vinculação: vinculação insegura-desorganizada
Na vinculação insegura-desorganizada, o cuidador é gravemente negligente ou, em situações extremas, abusivo. As suas respostas são por norma agressivas, agitadas, ansiosas.
A criança manifesta desde muito cedo uma personalidade também ela insegura e potencialmente agressiva: afasta-se do cuidador, esconde-se dos outros, manifesta muito medo e resistência a estar com o adulto.
Evidentemente, ao crescer num ambiente com vinculação insegura-desorganizada, o bebé vai tornar-se uma criança extremamente vulnerável, com sentimentos de culpa e de rejeição acentuados, não tendo noção do seu valor enquanto ser humano e desenvolvendo uma auto-estima muito baixa.
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