O sol é uma das mais importantes fontes de vitamina D que existe. Porém, também pode causar vários danos na saúde das crianças.
Aprendemos com o Dr. Armando Fernandes – especialista em Pediatria do Desenvolvimento no Centro Pediátrico de Telheiras – a gerir diversão e saúde, de forma a manter uma exposição ao sol saudável para toda a família.
O sol: amigo ou vilão?
O sol apresenta uma grande gama de radiações, com muitos benefícios, para a nossa saúde e bem-estar. Mas em excesso, pode prejudicar a saúde da pele.
A radiação ultravioleta B permite que a pele produza vitamina D, o que é bom para o crescimento da criança.
Contudo, as radiações ultravioletas (B e A) também têm efeitos negativos, nomeadamente: queimaduras, reações fototóxicas, envelhecimento e cancro da pele.
A pele das crianças é mais sensível aos raios ultravioletas do que os adultos. Lembrem-se de que muitos cancros de pele têm origem em queimaduras intensas durante a infância. Por isso, todos os cuidados são poucos e as crianças só devem frequentar a praia a partir dos 6-12 meses.
Não esquecer que na praia, na piscina, na montanha, no jardim ou no campo o sol é todo igual, mas na praia há mais radiação refletida!
Regras para uma saudável exposição solar:
1. A exposição solar deve ser lenta e progressiva.
2. Até aos 6 meses de idade é proibida a exposição solar, porque a pele do bebé é demasiado sensível. Evitem, também, a exposição direta de crianças com menos de 3 anos.
3. Entre os 6 meses e os 36 meses, se possível, mantenham as crianças à sombra, protegendo-as com um bom creme/protetor/filtro solar (que filtre a radiação UVB e UVA).
Até aos 3 anos de idade deverá ser um “écran físico” ou “écran mineral”; após os 3 anos já poderá ser também um “écran físico e químico”. Qualquer deles deverá ser aplicado antes da criança sair de casa, i.e., 30-60 minutos antes da exposição, em quantidade suficiente do produto.
Não se esqueçam das zonas mais sensíveis (cara, orelhas, nariz, ombros, pescoço, dorso dos pés e lábios.)
Depois, o filtro solar deverá ser reaplicado a cada 2 horas, a seguir ao banho ou quando necessário (transpiração abundante, etc.).
O filtro solar também deve ser aplicado em dias nublados porque as radiações UVA e UVB atravessam as nuvens.
Estudos recentes sugerem que a aplicação de uma quantidade generosa de protetor solar é de longe o fator mais importante da sua eficácia, seguida pela uniformidade da aplicação e pelo espetro de absorção específica do agente usado.

4. Nesta idade, a criança deverá usar sempre uma t-shirt de algodão, pouco porosa, larga e opaca (que proteja o decote e os braços), calças compridas, chinelos ou sandálias e um boné/chapéu de abas largas, para proteger a face. A roupa deve ser mantida seca.
Depois dos três anos, no 1º dia só dispam a criança durante 5–10 minutos. Depois vistam-lhe uma “T-shirt” e ponham-na à sombra.
5. Só expor a criança ao sol de manhã até às 11 horas e à tarde depois das 17 horas (horas mais nocivas: entre as 12 e as 16horas). Como regra, a criança não deve ser exposta ao sol quando a sombra projetada for inferior ao seu tamanho (“regra da sombra”).
No dia seguinte já podem expô-las ao sol durante mais 5 ou 10 minutos, conforme a reação da pele no dia anterior. Continuem lenta e progressivamente a exposição ao sol.
7. Não lhes cortem o cabelo antes da época de praia, porque o cabelo comprido protege parcialmente a face, o pescoço e os ombros.

8. Também se aconselha o uso de óculos de sol de boa qualidade. Para as crianças os óculos de sol devem ser inquebráveis e resistentes, ter lentes antirreflexo e protegerem contra os UV até 400 nm (comprimento de onda).
9. Se o vosso filho está a tomar algum medicamento, não o exponham ao sol sem consentimento médico, pois certos medicamentos podem provocar reações fototóxicas. Pelo mesmo motivo, não devem ser usadas loções perfumadas, águas-de-colónia, etc. antes da exposição ao sol.
10. Se o vosso filho tem alguma doença foto-agravada (lúpus eritematoso sistémico, dermatomiosite, etc.) é imperativa a evicção solar.
11. Evitem absolutamente as lâmpadas de bronzeamento artificial (solários).
12. Após a exposição solar apliquem produtos para depois do sol que são calmantes e hidratam a pele.
13. Estes cuidados devem ser redobrados nas crianças de pele clara, olhos claros, sardentos, que queimam facilmente e têm dificuldade em ficar morenos e nos que têm muitos sinais.
Se surgir qualquer dúvida em relação a um sinal que apareceu ou modificou não hesitem em consultar o vosso pediatra ou dermatologista. Estejam atento à vossa pele e não ignorem um sinal que se modificou.
Notas:
1. Os protetores solares são necessários, mas não suficientes para uma proteção solar adequada. Por isso, tenham em atenção o comportamento adequado, as sombras, o vestuário e os protetores solares.
2. Poderá haver “mais risco” de queimadura solar numa caminhada à beira-mar (efeito da brisa, etc.), ao andar de barco e em dias de nevoeiro.
Em caso de dúvida, liguem para a SAÚDE 24 (808 24 24 00) ou contactem o vosso Pediatra.
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