As “lagartas do pinheiro” têm efeitos nocivos nos humanos, causando-lhes sinais e sintomas de reacção alérgica.
A processionária, mais conhecida como lagarta do pinheiro, é o principal insecto desfolhador dos pinheiros e cedros em Portugal. O seu nome advém do facto de que estas lagartas organizam longas procissões, nas quais, em grupos, se dirigem das árvores para o solo, onde irão crisalidar.
Nos últimos anos têm-se observado ataques de elevada intensidade desta praga, facto que se atribui principalmente às condições climáticas verificadas.
Em ambiente urbano, este insecto impõe uma vigilância constante e combate urgente e atempado, sobretudo em caso de ataques severos e sucessivos, dadas as consequências negativas que trazem à saúde pública: as lagartas libertam milhares de pêlos urticantes que se espalham pelo ar, podendo causar graves reacções alérgicas no Homem e animais e, em casos extremos, a morte.
Elaboradas pelo Centro Regional de Saúde Pública do Norte, com a colaboração da Enga. Maria de Lurdes Inácio (Estação Florestal Nacional), partilhamos as dicas de prevenção e acção de forma a evitar que esta praga se espalhe nas vossas escolas e/ou perto das vossas casas.
Prevenir é melhor do que remediar
Se suspeita que, na sua escola ou à volta da sua casa, os pinheiros tenham lagarta do pinheiro, poderá realizar as seguintes medidas preventivas.
Tratamento químico (em meados de Setembro e em Outubro)
– Insecticida microbiológico à base de Bacillus thuringiensis, com grande interesse de aplicação: provoca a infecção das lagartas que morrem devido à acção de toxinas bacterianas insecticidas (ou)
– Diflubenzurão – insecticida inibidor do crescimento, por impedir a síntese da quitina (substância que reveste o corpo dos insectos) durante o processo da muda, sendo o mais usado o Dimilin®; de notar que este produto é proibido em floresta certificada pelo FSC (Forest Stewardship Council) (ou)
– Mimic® (Tebufenozida) – mimetiza a hormona da muda dos insectos (ecdisona) provocando a muda prematura mortal das lagartas jovens numa fase em que o insecto não se encontra ainda fisiologicamente preparado para ela.
Tratamento mecânico (de Novembro a fins de Maio)
– Destruição mecânica do ninho – após a remoção, o ninho deve ser queimado ou deitado no lixo em saco bem fechado;
– Podem colocar-se cintas de papel ou plástico embebido nas duas faces com cola inodora à base de poli-isolbutadieno, à volta da árvore para que as lagartas ao descerem do tronco fiquem aí coladas; não é um método totalmente eficaz porque as primeiras lagartas ficam retidas mas as seguintes passam-lhes por cima e continuam as procissões;
– No solo, podem juntar-se com auxílio de um utensílio, com cuidado para que não se “levantem” os pêlos urticantes, e queimá-las de seguida; o operador deve estar completamente protegido (óculos, máscara e luvas);
– Deve cavar-se o solo, se se conseguir identificar os locais de enterramento, de modo a expor as pupas já formadas (ou até mesmo as lagartas que ainda não crisalidaram completamente).
Uso de armadilhas (de Junho a Setembro)
– Colocação nos pinheiros de armadilhas iscadas com feromonas sexuais, para a captura dos machos (será uma armadilha/hectare em espaço rural e 5 armadilhas/ha em espaço urbano). Estas armadilhas comercializam-se em Portugal e não são dispendiosas nem difíceis de utilizar.
Ao realizar qualquer dos tratamentos aconselhados, deverá:
– Usar luvas;
– Proteger o pescoço;
– Proteger os olhos, usando óculos apropriados;
– Usar máscara de protecção no nariz e boca;
– Seguir as normas de segurança de aplicação constantes nos rótulos de cada produto.
Nas escolas e outros locais onde estejam presentes crianças, impedir o seu acesso à zona das árvores atacadas, sobretudo na altura em que as lagartas descem da árvore.
Tratamento curativo
As “lagartas do pinheiro” têm efeitos nocivos nos humanos, causando-lhes sinais e sintomas de reacção alérgica.
Urticária/ irritações na pele: geralmente ardor, comichão e manchas avermelhadas na pele.
Irritações nos olhos: olhos avermelhados, inchados e com comichão.
Alterações no aparelho respiratório: dificuldade em respirar.
Em caso de aparecimento de sintomas de alergia, tenha calma! Saiba como proceder.
– O professor responsável deverá entrar em contacto com o Delegado de Saúde da sua área.
– O delegado de saúde deslocar-se-á à escola e procederá à avaliação dos casos, efectuando o encaminhamento adequado.
– Os sintomas geralmente são transitórios (menos de 24 horas).
– As peças de roupa terão de ser lavadas a altas temperaturas (maior ou igual a 60ºC) porque a proteína dos pêlos urticantes responsável pelas alergias – a taumatopoína – só é desnaturada a partir destas temperaturas. Ou seja, a temperatura de lavagem normalmente usada, os 30 – 40º C não serve: ao vestir a roupa assim lavada corre-se o risco de nova reacção alérgica.
A lagarta do pinheiro também afeta animais domésticos
A lagarta do pinheiro também afcta os animais domésticos, por isso se tiver um animal doméstico e notar alguma alteração (geralmente alteração na coloração da língua) recorra ao veterinário.
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