É bastante comum que, nos primeiros anos de vida, uma elevada proporção de crianças sofra de sintomas respiratórios, muitas vezes incorretamente rotuladas como “asma”.
O que é, afinal, a asma infantil e como podemos ter a certeza de que as nossas abobrinhas sofrem com ela? O primeiro passo, é, claro, consultar um médico alergologista, que fará um diagnóstico profissional e adequado ao caso de cada criança.
Com a colaboração da Profª Doutora Mariana Couto e do Portal Saúde e Bem-Estar explicamos o que é a asma infantil, quais as causas e sintomas mais comuns, e quais os tratamentos adequados para esta condição.
O que é a asma infantil?
A asma é uma doença dos brônquios que pelo estreitamento ou inflamação das vias respiratórias resulta em dificuldades respiratórias.
Para conseguirmos definir um caso de asma infantil, com o diagnóstico geralmente aceite pela comunidade médica, está a necessidade de ocorrência de episódios repetidos de pieira e/ou tosse persistente.
A pieira caracteriza-se por um som agudo, semelhante a um assobio, que acontece quando a criança respira.
Ou seja, se a criança apresentar por ano 3 ou mais episódios de tosse, acompanhada de pieira e/ou dificuldade respiratória, melhorando com medicação broncodilatadora, é provável que tenha asma infantil.
As alergias são o principal fator que leva à evolução da asma infantil para um formato de asma crónica e persistente. Cerca de 80% das crianças com mais de 5 anos que continua a sofrer de sintomas de asma apresenta alergias aos ácaros ou alergias ao pólen, por exemplo.
A asma alérgica possui também uma componente genética considerável. A criança possui uma probabilidade acrescida (entre 25 a 50%) de padecer de asma se um dos progenitores for asmático.
Nos países desenvolvidos como o nosso a mortalidade por asma infantil é muitíssimo baixa. Isso não quer dizer que não existam casos graves, que precisem mesmo de internamento hospitalar.
É importante perceber que as principais complicações da asma resultam de um controlo inadequado da doença, devido a falta de diagnóstico ou devido a tratamento inapropriado.
Quais são os sintomas da asma infantil?
Nas crianças pequenas, uma crise de asma habitualmente é precedida por uma infeção respiratória das vias aéreas superiores (nariz), com sintomas de rinofaringite aguda:
- tosse ligeira,
- espirros,
- febre baixa.
Em poucas horas/dias, começam a surgir os sinais e sintomas de dificuldade respiratória, tosse persistente, e pieira.
A dificuldade respiratória manifesta-se por um aumento da frequência, uma respiração mais rápida e ofegante, e mais superficial; com a evolução, a criança pode precisar de usar os músculos intercostais para auxiliar à respiração e é quando se começam a notar as zonas entre as costelas e acima do esterno mais aprofundadas.
Com o evoluir da doença, os episódios de asma infantil começam a ocorrer de forma mais frequente e sem infeção prévia a desencadeá-las.
Começam a ser mais frequentes as situações de pieira noturna e é típico a criança tossir de noite sem qualquer motivo aparente.
Como obter um diagnóstico de asma infantil?
O diagnóstico de asma infantil é clínico e raramente necessita de exames para o comprovar. Nas crianças maiores, a espirometria é útil para classificar a gravidade da asma e a eficácia da terapêutica.
Mas como já falamos, a presença de alergia é o principal fator determinante para que a asma infantil se prolongue para o resto da vida. Isso significa, que se a criança com asma infantil apresenta positividade nos testes de alergia, é muito mais provável que vá manter a sua asma ativa do que a criança que tem testes negativos.
Nesse sentido, é importante a certo ponto perceber se a criança sofre de alergias, e para isso proceder a um estudo alergológico. É importante ressalvar que este estudo não serve para o diagnóstico de asma infantil, mas sim para perceber qual o prognóstico, ou seja, como será a sua evolução.
É fundamental uma avaliação por um alergologista a certa altura. Mas como saber qual é essa altura? Em que idade se podem fazer os testes, é uma pergunta frequente que ouvimos dos pais. É importante frisar que os testes de alergia são positivos em qualquer idade, desde que a criança já expresse alergia.
No entanto, a maior parte dos casos de asma antes dos 3 anos de idade não são alérgicos, mas sim induzidas por vírus e por esse motivo habitualmente antes dessa idade pode não ser necessário fazer estudo alergológico.
Qual o tratamento da asma infantil?
A asma infantil não tem cura. Porém, é muito importante controlar e tratar eficazmente, com base em 3 pilares: controlo de exposições ambientais nocivas (tabaco, poluição, odores fortes), medicação e educação.
O tratamento medicamentoso anti-asmático é atualmente muito eficaz, com várias opções disponíveis no mercado, e de grande segurança.
Utiliza-se sobretudo a formulação em inaladores (“bombas”) de dois tipos:
- terapêutica de manutenção (à base de anti-inflamatórios), para prevenir a ocorrência de sintomas;
- terapêutica de alívio (à base de broncodilatadores), para as situações de “crise asmática”.
Para a asma alérgica devem considerar-se também as vacinas para alergias como opção de modificar o curso da doença e ter eficácia sustentada a longo prazo sem necessidade de medicamentos.
A criança com asma infantil pode praticar desporto?
O principal objetivo dos médicos quando tratam uma criança com asma é poder proporcionar-lhe uma vida normal, sem limitações, igual à de qualquer outra criança da mesma idade.
E isso inclui naturalmente a possibilidade de praticar desporto, sendo importante ressalvar que o exercício físico é com muita frequência um dos estímulos que induz sintomas de falha respiratória na criança asmática.
Como regra, se a criança tem um desporto que de facto gosta, a sua prática deverá ser encorajada, pois desde que adequadamente controlada, poderá fazer qualquer exercício ao mesmo nível do não-asmático.
No entanto, se o pedido de aconselhamento coincidir com o iniciar da sua vida desportiva, deve-se encorajar a prática de certos desportos que por serem mais bem tolerados proporcionarem melhor oportunidade de participação com sucesso, como é o caso da natação ou desportos de equipa.
Os desportos mais críticos para os asmáticos são as disciplinas de longa distância, com treinos contínuos e ao ar-livre ou frio, como o ciclismo e os desportos de Inverno, sendo a corrida de atletismo considerada a disciplina de maior risco.
Ainda assim, nada é impossível, e a prova é que existem numerosos atletas de elite, incluindo atletas olímpicos, que são asmáticos desde a infância, como Rosa Mota no atletismo.
Este artigo foi redigido em parceria com o saudebemestar.pt. Para mais informações sobre a asma infantil, leiam o artigo completo da autoria da Profª Doutora Mariana Couto aqui.
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