Crianças tristes comem demais? Estudos dizem que sim! - Pumpkin.pt

Crianças tristes comem demais? Estudos dizem que sim!

crianças tristes comem demais1(Pexels)

Se os adultos quando estão tristes, zangados ou mal-humorados comem demais, será que as crianças também o fazem?

Quando as pessoas estão tristes têm uma maior tendência a cometer erros alimentares, tais como comer mais doces ou fast food. A este fenómeno chama-se o “emotional eating” (apesar de não haver uma tradução exata, “alimentação emocional” é o mais próximo do que esta expressão quer dizer em português).

Várias foram as investigações realizadas que comprovaram que, uma vez perante estados emocionais negativos (tristeza, tédio ou raiva), os indivíduos têm maior probabilidade de comer um hambúrguer em vez de mirtilos, por exemplo. Além disso, estes sentimentos, quando relatados com frequência, também se traduzem em problemas de saúde, entre os quais se podem destacar a obesidade infantil e a depressão.

Mas e então, as crianças? Será que as crianças que estão tristes também comem demais?

Alguns estudos concluíram que os adolescentes e as crianças podem também sofrer deste problema. Sendo a obesidade  um problema que afeta, cada vez mais, as populações mais jovens, é importante compreender o que leva os miúdos a escolher a sua ementa.

Um estudo recentemente publicado no jornal Appetite abordou o “emotional eating” nas crianças de uma forma totalmente diferente de como havia sido feito até então: em vez de se basearem nos relatos, os cientistas decidiram medir as quantidades de comida ingeridas pelas crianças. Desta forma, teriam resultados que não podiam ser desmentidos ou cuja afirmação pudesse ser posta em causa. Contudo, tentaram compreender se também o humor positivo afetava o seu apetite e os alimentos que estas crianças escolhiam.

Para testar a sua teoria, a equipa de investigação, liderada por Shayla Holub, da Universidade de Texas, em Dallas, e por Cin Cin Tan, da Universidade de Michigan, em Ann Arbor, ambas nos EUA, contou com a participação de 91 crianças com idades compreendidas entre os 4 e os 9 anos.

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Para verificar a relação do humor com a comida, os investigadores colocaram os pequenos em frente à televisão a ver um de três excertos do filme “O Rei Leão” previamente preparados – um triste, um neutro (que não despertasse nem emoções “boas” nem “más”) e um feliz. Posteriormente, as crianças foram divididas em grupos e apenas viram um destes três trechos. Após a visualização, os cientistas ofereceram às crianças duas opções de snacks: chocolates ou bolachas.

O resultado principal não foi determinante, até porque as crianças agiram de acordo com o esperado: o grupo de crianças que viu o excerto triste (o designado “grupo triste”) comeu mais chocolate do que aqueles que foram presenteados com o clipe feliz (“grupo feliz”). Mas, analisando detalhadamente, as crianças felizes comeram mais chocolates do que as que viram a parte neutra do filme (“grupo neutro”). Já as bolachas, foram devoradas pelo “grupo neutro”, seguindo-se o “grupo feliz” e, por último, o “grupo triste”.

“Estes resultados sugerem que as crianças comem consoante as suas emoções (onde a tristeza e a felicidade têm um maior impacto), sendo o sentimento de tristeza mais determinante para a ingestão de maiores porções de comida”, explica uma das autoras do estudo.

Para determinar fatores de semelhança ou disparidade, os pesquisadores analisaram a massa corporal e o género de cada criança, mas não se encontraram diferenças. Todos responderam aos estímulos de forma semelhante.

Ainda assim, foi notório que a diferença de idades tem impacto na forma como se expressam através da comida – as crianças mais velhas do “grupo triste” comeram muitos mais chocolates do que as mais novas dos outros grupos.

A alteração da autorregulação

As crianças pequenas são muito boas na própria regulação de ingestão de alimentos“, afirma a investigadora Shayla Holub, exemplificando que “se alterar a densidade de energia do conteúdo da fórmula de um bebé, a sua resposta vai passar pela readaptação da ingestão de alimentos”.

Quando os pais preparam “lanches às crianças em idade pré-escolar, elas automaticamente irão ajustar o consumo das suas refeições, de maneira a que não estejam com muita fome nem demasiado cheios. Eles conhecem as suas próprias necessidades corporais”.

crianças tristes comem demais (Pexels)

O problema surge quando são impostas algumas regras sociais. “Se a quantidade que está no meu prato é o que eu devo comer, vou forçar-me a comer tudo” é um exemplo desses “mandamentos”, diz.

De acordo com a líder da equipa de investigação, também as práticas de alimentação restritivas podem ser problemáticas. “Dizer às crianças que não podem comer ‘aquilo’ faz disso um dos alimentos preferidos, e quando têm acesso a esses alimentos, comem-nos sem controlo.”

Ou seja, a forma como os pais agem e reagem pode ter um impacto significativo nas futuras escolhas alimentares da criança.

A importância destes estudos

Este tipo de investigações e conclusões são muito importantes para a sociedade. Sendo a obesidade um dos problemas de saúde infantil mais preocupantes da atualidade, é essencial perceber as razões que desperta nas crianças uma vontade incontrolável de consumir alimentos menos saudáveis e, simultaneamente, analisar e estudar o que podemos fazer para evitar que isso aconteça.

É entre os 3 e os 5 anos de idade que a forma como as crianças se autorregulam se modifica pelas normas sociais. Portanto, ensinar as crianças desde cedo a importância de comer de tudo um pouco em quantidades moderadas pode resultar numa diminuição de problemas resultantes de más escolhas alimentares.

 

 

 

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