Como ensinar os nossos filhos a lidar com o bullying?
É fundamental capacitar o vosso filho a defender-se e saber como lidar com bullying, reagindo quando confrontado. Os pais são, muitas vezes, os últimos a saber destas ocorrências, e a verdade é que não podemos estar sempre presente quando os nossos filhos precisam de proteção, sobretudo em situações que ocorrem maioritariamente dentro do recinto escolar.
Além destas dicas, reunimos algumas ferramentas que ajudam a combater o bullying: livros, filmes, jogos e iniciativas que vão inspirar as crianças.
Saibam também como lidar com o bullying pré-escolar. Sim, também existe!
Como lidar com bullying?
O Centro SEI partilhou uma série de estratégias que poderão ajudar o vosso filho a responder de forma eficaz sempre que os colegas ajam agressivamente contra ele ou contra outros.
Definam bullying
Usem a palavra bullying em casa, encoragem o vosso filho a usá-la para descrever o que o bullying verdadeiramente é. O bullying é uma coisa muito séria, um comportamento intencional que faz sofrer e que acontece repetidamente. E acima de tudo, esclareçam-no de que o bullying é algo que não é aceitável.
Não façam aos outros…
Relembrem o vosso filho de que, tal como não é aceitável que os outros gozem com ele, também não é aceitável que ele goze com os outros, mesmo sob o argumento de que “toda a gente o faz” ou de que isso o faça parecer “fixe” aos olhos dos amigos.
Digam-lhe para denunciar o bullying
Relembrem o vosso filho de que, perante uma situação de bullying, seja presencial ou on-line, ele tem sempre a possibilidade de escolher entre ser um observador passivo ou alguém que toma uma atitude.
O vosso filho tem a responsabilidade de denunciar os “bullies” aos adultos que podem ajudar. Digam-lhe que isto não significa ser “queixinhas”, mas sim uma atitude de compaixão e preocupação por outra criança.
Isto gerará uma onda de solidariedade: quanto mais ele cuidar de outros alunos, maior a probabilidade de eles o ajudarem a defender-se contra “bullies” também.
Garantam ao vosso filho que ele não vai arranjar problemas ao contar a sua experiência de bullying a um adulto de confiança. Isto é válido tanto para incidentes que ocorram com ele, como para outra criança. Ajudem o vosso filho a perceber com quem deve falar nas diferentes circunstâncias.
Façam role-play de formas a responder ao bullying
Ajudem o vosso filho a pensar em formas de reagir quando é gozado em diferentes circunstâncias. A quem contaria se alguém o andasse a empurrar no autocarro? O que é que ele diria a alguém que o insultou? Como é que deveria reagir se outros a alunos o excluíssem de um jogo?
Digam-lhe para:
- Ignorar o “bully”, sempre que possível;
- Afastar-se ou ir-se embora, se conseguir;
- Dizer ao “bully” para parar, em voz alta. Mesmo que se sinta nervoso, deve tentar falar e agir com confiança.
- Pedir ajuda a amigos e colegas;
- Tentar não se emocionar;
- Evitar responder também com bullying; a retaliação pode ser perigosa;
- Contar sempre a um adulto (professor, pais, auxiliar, etc) depois do sucedido.
Como lidar com o bullying, ou como entendê-lo
A Magda do Mum’s the Boss também nos deu algumas dicas para ajudarmos a criança a entender o bullying e a melhor lidar com ele.
Por vezes o ‘mau’ da fita é o melhor amigo [ou o melhor amigo desejado]
Esta situação é muito frequente – há miúdos que são populares e de quem os nossos filhos querem ser amigos. Mas, ao que parece, essa amizade parece estar a sair cara. Uns dias são amigos, no outro dia o Carlos diz ao nosso Manuel que não o quer no recreio com ele. E todas as semanas é o vira o disco e toca o mesmo. Sim, isso é bullying.
A insegurança
Costuma dizer-se que a vítima de bullying é uma criança insegura. Pode ser mas não em todos os casos. Muitas vezes é apenas uma criança que não tem grande ‘maldade’, como se costuma dizer, e que acredita na bondade dos outros.
É uma criança que foi apanhada desprevenida e que, porque não soube responder/não quis responder ou não sabe lidar com a situação, foi reenviando uma mensagem dela própria menos positiva e está com dificuldades em sair dali porque não sabe como fazê-lo – sobretudo porque na maior parte das vezes lhe foi dito que não se bate, não se responde e que temos de nos portar bem.
No entanto, a maior parte das vezes,de todas as crianças, a mais insegura é a que provoca. Na verdade, os estudos deste tema apresentam esse traço/característica. E se pensarmos… os estudos até têm razão.
É que quando se tem uma auto-estima equilibrada, não precisamos de rebaixar os outros para sermos os mais importantes ou os mais populares.
Não nos sentimos ameaçados porque, estando bem connosco, não temos absolutamente nada a provar… ora, é justamente quando nos sentimos ameaçados que atacamos. O bullying é um ataque.
Ignorando as bocas e as provocações – por vezes é o bastante
Não ligando, ou não dando troco, não há resposta. Não pode haver fogo onde não há fumo. Claro que é mais fácil dizer do que fazer, por isso é importante que possam treinar o Manuel: os ‘olhos que rebolam e os ares que sopram para o ar’ como sinal de quem está ali a apanhar uma valente seca.
Se não funcionar, continuem a treinar com o vosso filho coisas como “Oi? Estás a falar comigo? Ai estás? Agora não dá, talvez mais tarde” [e vá-se embora]. “A sério, precisas sempre de estar a vir aqui ao pé de mim para fazeres essas coisas? Não tens mais com que te entreteres? Uauuuuu! És o máximo, Carlos. Agora podes ir divertir aquele grupo ali, que eles também se querem rir um bocadinho. E amanhã podes trazer frases novas”.
O que é que isto tem de especial? Primeiro são respostas que os miúdos passam a ter na ponta da língua para se defenderem. E isso é ainda mais interessante para as crianças que NÃO têm a resposta na ponta da língua.
Por outro lado, não ofendem nem são malcriadas mas mostram que aquele comportamento é, no mínimo, desadequado.
Inspira, expira
Ensinem-no a respirar fundo e a acalmar-se. E já agora, façam isso vocês também! Quando estamos nervosos não pensamos. Para nos acalmar uma boa respiração ajuda.
Não o provoquem ao dizer que ele devia isto e devia aquilo
Ele gostava muito de saber/conseguir defender-se.
Mas o vosso Manuel não sabe, não tem a coragem para fazê-lo, ou outro motivo qualquer. Porque se conseguisse fazê-lo, é muito possível que este tema não vos interessasse tanto.
Então não aumentem o sentimento de culpa dele. Reconheçam a dificuldade dele. Quando ele sente que vocês sabem o que ele sente, então é a partir daí que ele tem hipótese de renascer. Por outro lado, porque se sente tido e achado vai sentir que tem retaguardar, é muito possível que comece a afirmar-se mais vezes.
Sondar o espaço
Vão à escola, estejam presente. Falem com a professora, com as auxiliares. A ideia não é fazerem de protetores. A ideia é mostrar que estão atentos e alerta. E porque não procurar saber quem é/são as crianças envolvidas e até identificar quem são os pais?
Desportos de auto-defesa
Há uma série de desportos de auto-defesa muito interessantes e que podem ter impacto na auto-estima e na afirmação dos nossos filhos. Levem-nos a experimentar sem necessariamente dizer que é por causa desta situação.
Espreitem a nossa seleção de escolas de artes marciais para crianças.
Escolham os amigos dos vossos filhos
Pelo menos sempre que possível. Leiam este post.
Mudem-no de escola
A ideia é sempre que a criança possa resolver esta situação e que, no final, a situação até tenha sido positiva, porque lhe deu aprendizagens boas. Mas isto é o melhor do mundo e das situações.
Se a situação for mesmo má, se os adultos envolvidos não são capazes de terminar com a situação, então eu equacionava mudar o meu filho de escola. São raras as situações que chegam a este limite mas é uma opção a tomar depois de se esgotarem todas as outras.
Vínculo e comunicação
Quanto melhor for a nossa relação com os nossos filhos, mais eles falam e mais nos escutam. Vamos manter a porta aberta e criar oportunidades para estarmos sempre mais perto. Saber como lidar com o bullying passa muito pelo amor.
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Como lidar com o bullying, denunciando
A Pumpkin falou com o comissário João Moura, da Polícia de Segurança Pública, para perceber se faz ou não sentido denunciar situações de bullying às autoridades, e quando.
Para as crianças, conversar com adultos responsáveis e que podem intervir diretamente na situação de abuso é um alívio, ainda para mais porque a denúncia traz alterações concretas e melhora a sua qualidade de vida na escola.
1. O que devem fazer os pais/encarregados de educação se suspeitarem que as suas crianças estão a ser vítimas de bullying na escola? Devem entrar em contacto com o professor responsável pela turma e/ou a direção da escola ou podem denunciar diretamente à Escola Segura/PSP?
Sim, podem denunciar diretamente às equipas Escola Segura da PSP. O importante é não tornar o tema tabu, avisando as Entidades competentes.
Por uma questão de proximidade podem também e desde logo denunciar na escola mas essa informação pode e deve chegar à Polícia.
Aproveitamos para relembrar um importante alerta digital deixado nas nossas redes sociais, amplamente divulgado e que nunca será demais partilhar:
2. Em que situações devem os pais entrar imediatamente em contacto com a PSP/Escola Segura?
Em todas as situações em que uma criança/jovem se sinta ameaçada, coagida, manietada ou agredida (física ou psicologicamente). No fundo, sempre que sinta medo de estar na escola ou de ir para a escola, fruto de uma ação ou ações premeditadas e dolosas de um ou mais agressores.
3. O contacto com o PSP/Escola Segura pode ser feito unicamente pelos pais/EE da vítima de bullying ou qualquer membro da comunidade escolar – por exemplo, funcionários, professores, outros pais a título individual ou associações de pais – pode denunciar?
Todas as Entidades ligadas ao meio escolar podem contactar/denunciar. Aliás, é importante que haja uma cultura de segurança que envolva todos os atores no meio escolar para sinalizar, denunciar e resolver casos de bullying.
4. Após uma denúncia, como atua a Escola Segura? Qual é o processo que seguem os profissionais para validar a veracidade dos factos relatados?
Há uma presença física na escola, contacto com a vítima, com funcionários e professores, com os colegas e possíveis agressores e validação tendo por base todos os mecanismos de segurança da escola (vídeo vigilância, por exemplo, se houver).
5. Confirmada a situação de bullying, qual é o raio de ação concreto da Escola Segura? Isto é, como é que esta autoridade resolve o problema? O bullying é considerado um crime à escala legal, tendo implicações jurídicas?
Sim. As penas existem e podem ir dos 3 meses no caso de injúrias ou 25 anos no caso de homicídio qualificado. Tem de ser uma atuação com o pleno conhecimento do Conselho Diretivo da escola e não nos podemos esquecer da responsabilização criminal a partir dos 16 anos (menores emancipados).
Nos restantes caso a Lei Tutelas Educativa é um precioso auxiliar, mas é correto: as sanções existem por forma a penalizar os agressores. A escola tem autoridade para, numa primeira fase, agir sinalizando a situação e, posteriormente, solicitar a presença na PSP no recinto escolar.
6. Como podem os pais reportar situações de bullying à Escola Segura? Por telefone ou e-mail? Ou o mais adequado é dirigirem-se a uma esquadra para formalizar denúncia?
Todas as formas de denúncia são válidas mas a mais fácil tem sido a própria base de sucesso do programa Escola Segura da PSP, que celebra este ano 25 anos de vigência: a presença física e regular destas equipas junto às escolas.
A rede de contactos e proximidade é também estimulada pela PSP havendo um contacto verbal diários com pais, professores, funcionários e alunos o que facilita caso haja uma denúncia que se queira fazer.
7. A Escola Segura/PSP realiza ações de prevenção de bullying nas escolas? Quais?
Afirmativo. Por várias formas: ações de sensibilização nas salas de aula (para os mais novos temos inclusivamente os episódios animados “Eu Faço Como Diz o Falco”, nossa mascote) ou o mais recente “ID A Tua Marca na Net” que se baseia em peças de teatro com o apoio da Fundação Altice e alguns atores conhecidos do grande público.
Isto para além dos contactos individuais com as crianças e jovens que se vão fomentando, fruto dos laços que se criam com a nossa proximidade. Já temos casos de jovens adultos que ainda se lembram do nome e se tornaram amigos dos Polícias da Escola Segura que trabalhavam na área das suas escolas quando eram crianças, o que é fantástico.
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bullying não é brincadeira
É um problema muito sério que precisamos de combater, Bianca.
Saudações abobrinhas 🙂