O que é bullying pré-escolar ou bullying infantil? - Pumpkin.pt

O que é bullying pré-escolar ou bullying infantil?

bullying pré-escolar

Sabem que há crianças que, com apenas 3 ou 4 anos, já revelam comportamentos agressivos para com os colegas na escola?

A Oficina de Psicologia explica-nos como lidar com bullying pré-escolar, ou seja, bullying infantil que acontece nas creches e infantários.

Este texto da Raquel Carvalho é uma adaptação do trabalho de Deborah Carpenter, autora do livro “The Everything Parent’s Guide to Dealing with Bullies”.


É provável que a maioria das crianças vá enfrentar situações de bullying em algum momento da sua vida. Mas um agressor (bully) numa classe pré-escolar de crianças de 3-4 anos?! Os bullies não têm que ser mais velhos?

Com o bullying escolar a aparecer nos media de forma consistente, a maioria dos pais estão cientes de que é um problema sério. Isso é encorajador, mas estamos a esquecer-nos da faixa etária mais nova e mais vulnerável: a criança em idade pré-escolar.

Sim, o bullying infantil é real! Saibam quais os sinais a que devem estar atentos e a como devem agir se descobrirem que a vossa criança sofre de bullying pré-escolar. Ou ainda o que fazer se for, na verdade, ela própria a agressora.

Existe bullying em idade pré-escolar?

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Podemos pensar que estas crianças são jovens demais para o tipo de tormento que associamos ao bullying. Mas, infelizmente, isso não é verdade! Segundo Henry D. Schlinger, diretor do programa de análise comportamental aplicada em Universidade Estadual da Califórnia, o bullying pré-escolar não é notado tão facilmente como em crianças mais velhas. É surpreendente para muitos pais, que encaram a situação como “crianças a ser crianças”.

Este tipo de atitude ignora as etapas de desenvolvimento que as crianças têm na pré-infância. Segundo Brenda Nixon (ex-educadora e autora do livro The Birth to Five Book), antes dos 3 anos de idade, as crianças não têm a capacidade cognitiva de sentir empatia. Assim, uma criança pode magoar emocionalmente ou fisicamente outra criança, mas na realidade ela não entende como se sente o seu colega.

Após os 3 anos, a situação muda: o cérebro tem a capacidade de compreender outro ponto de vista, sendo a idade em que a agressão premeditada e intencional poderá começar.

Segundo Schlinger, as razões pelas quais as crianças agridem nesta idade variam.

Vocês dão o exemplo: seja ela bom ou mau! As crianças podem estar a imitar um comportamento do pai, irmão ou amigo que possam ter observado antes.

Outras crianças praticam bullying para chamar a atenção, seja de adultos ou colegas; outras intimidam por razões mais complexas e preocupantes, por exemplo, quando uma criança agride por se sentir bem ao ver sinais de medo ou sofrimento na vítima.

Muitas vezes, os pais e até os professores têm uma postura passiva ignorando ou desvalorizando incidentes menores, o que não ajuda nem a vítima nem o agressor, pois a intervenção não acontece até se atingir um ponto de crise ou até alguém se magoar seriamente.

Bullying Infantil vs Briga de Crianças

O bullying é definido como um comportamento agressivo intencional, que geralmente envolve um desequilíbrio de poder e repetido ao longo do tempo. Pode ser verbal (humilhações, insultos), físico (empurrões, murros, pontapés) e/ou relacional (rumores, rejeição social, exclusão).

As crianças são ativas e impulsivas e têm lutas repentinas, brigas de amizade que ocasionalmente fogem do controlo. Os conflitos diários relacionados com as brincadeiras podem tornar as crianças mais fortes, pois aprendem através da experiência como se comprometer, negociar e perdoar.

O bullying, por outro lado, faz exatamente o oposto: mina sistematicamente a auto-estima física ou emocional, pode causar sentimentos de mágoa, medo e ansiedade.

Pode ter consequências também para os agressores, que podem vir a ter dificuldades em desenvolver amizades verdadeiras, o que pode levar a relacionamentos problemáticos em todas as fases das suas vidas.

Uma maneira de saber a diferença entre conflito normativo e o bullying é olhar para a intenção.

Acidentalmente uma criança pode fazer mal a outra durante uma disputa – “Isso é meu!”, “Não, eu vi primeiro!” – relativa a uma pá na caixa de areia. Por outro lado, um bully poderia agarrar a pá e dizer à outra criança que lhe atira areia à cara se ela tentar ter a pá de volta. Um possível indício de agressor? Se ele estiver a sorrir durante a disputa, talvez sim.

No caso de dois meninos estarem a discutir por causa de um livro e os dois meninos estarem chateados, isso é um conflito “normal”. Se uma criança bate na cabeça de outra com um livro e sorri enquanto o coleguinha chora, isso é bullying pré-escolar, segundo Coloroso. Nem todos os agressores agem desta maneira, mas a maioria das crianças que o fazem são agressores.

Outro indício a ter em conta é a forma do comportamento.

Um agressor não quer que os adultos o apanhem em flagrante, então ele irá fazer bullying discretamente, sabendo que o que está a fazer não é correto. Além disso, um agressor atua como um líder e recruta outros colegas para se juntarem a ele.

Atentem no seguinte exemplo: “Quando Dayna tinha três anos tentou juntar-se a outro grupo de meninas correndo em volta do escorrega do recreio e elas deliberadamente fugiam dela. Para espanto da mãe, Dayna continuou a correr atrás das colegas, que a ridicularizaram e lhe disseram que ela não tinha permissão para descer o escorrega, chegando a atirar pedaços de madeira para o mesmo quando ela tentou escorregar”.

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Passo um: descobrir o que está a acontecer

Se suspeitarem de algo, perguntem ao vosso filho questões objetivas, como “alguém te magoou?” ou “podes dizer-me exatamente o que ele fez?”.

As crianças nesta idade conseguem saber que o que está a acontecer as faz sentir mal, mas podem não saber como falar sobre o assunto. Mas lembrem-se: independentemente do que o vosso filho vos contar, mantenham a calma e tranquilizem a criança.

Quanto maior for apoio que lhe derem, mais detalhes terão sobre o que aconteceu, como ele se sente acerca disso, e quão grave é a situação. A mensagem que querem enviar-lhe é “eu amo-te e estou aqui para ti, juntos vamos encontrar uma solução.”

Passo dois: ajudar a descobrir como responder

Não é expectável que crianças tão novas lidem com bullies por conta própria. Por isso, representem/encenem a situação com elas. É uma maneira de as ajudar a aumentar a confiança e aprender a defender-se. Ensinem-lhe as seguintes estratégias:

  • Fica de pé e age de forma corajosa. Às vezes, agir como se o agressor não te incomodasse pode pará-lo. Diz ao agressor “Para com isso!” em voz alta e vira costas.
  • Ignora o agressor. Alguns especialistas acreditam que, se não lhe derem atenção, ele vai acabar por parar.
  • Fica sempre com os teus amigos. Os agressores tentam isolar algumas crianças para que possam intimidá-las.
  • Conta a um adulto. A melhor forma de permanecer seguro é contar a um adulto o que está a acontecer.

Passo três: agir sozinho

Se o vosso filho frequentar a creche, jardim de infância ou infantário, marquem uma reunião com a educadora. Ela pode não ter consciência da situação, e isso não é necessariamente um sinal de mau profissionalismo, apenas de um bom agressor. Mas se não conseguirem ajuda, não desistam.

Façam pressão até que uma solução seja encontrada (mesmo que isso signifique mudar o agressor ou o vosso filho para uma sala diferente ou, em casos extremos, uma escola diferente). Se o bullying está a acontecer num parque infantil e conhecem bem os pais, podem tentar falar com eles, dizendo: “Os nossos filhos não se estão a entender muito bem. Já reparou?”.

Não se surpreendam se parecer que não se estão a preocupar com o assunto. Muitas vezes, os pais estão em negação ou não veem o comportamento dos filhos como problemático. Às vezes, a melhor solução pode ser evitar aquela criança ou encontrar um novo parque infantil.

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