O parto normal, conhecido também por parto vaginal, é a forma tradicional de nascimento, mas não a mais comum.
Nos últimos anos, o medo da dor, bem como algumas decisões médicas nem sempre justificadas, têm tornado o parto por cesariana cada vez mais recorrrente, mas como funciona, afinal, o parto normal, quais as suas vantagens e desvantagens, e quando é que passa a ser recomendável optar por outras formas de dar à luz o bebé?
O que é o parto normal?
O parto normal espontâneo é o tipo de parto que ocorre normalmente no final da gravidez, entre as 37 e as 42 semanas, e no qual o bebé nasce pelo canal vaginal.
Fase da Dilatação
O parto normal começa com a fase da dilatação: de acordo com as declarações do ginecologista Nelson Sass à revista Bebé Abril, a mulher entra em trabalho de parto quando as contrações tornam-se regulares, totalizando três contrações a cada 10 minutos, em média. Essas contrações, que podem prolongar-se até 12 horas ou mais, e que duram cada uma até 50 segundos, forçam a dilatação do colo do útero. Nesta fase começa-se a cronometrar as contrações, pois assim que estas se tornarem regulares e intensas, está na hora de ir para a maternidade.
A velocidade de dilatação, que depende de múltiplas reações bioquímicas, varia. No início, na fase latente, ela é mais lenta, sendo normal demorar entre seis a oito horas para chegar a quatro ou cinco centímetros. Depois, na fase ativa, a dilatação passa a ser de cerca de 1 centímetro por hora, até o colo se desfazer e adquirir uma consistência gelatinosa.
Fase da Expulsão
Inicia então a fase da expulsão: com o canal de parto totalmente dilatado, as contrações tornam-se ainda mais fortes e frequentes. O bebé começa a avançar pelo canal para o nascimento, em 95% dos casos com a cabeça.
O trabalho voluntário da mulher começa quando o bebé já desceu através do canal de parto. Nesse momento, é necessário comprimir os músculos abdominais e fazer força para expelir o bebé, e o mais importante é que a força seja feita ao mesmo tempo do que as contrações uterinas.
Entre a dilatação completa e o nascimento, decorre um período de tempo de entre uma e duas horas no máximo.
Fase da Dequitação
A fase da dequitação, que é como quem diz a fase da expulsão da placenta, começa imediatamente após o nascimento do bebé, e dura entre 5 e 10 minutos – é um processo por norma rápido e sem qualquer intervenção médica.
Depois da expulsão do bebé, o útero continua a contrair-se e a placenta e as membranas, devido a este mecanismo, saem também pela vagina.
Após a expulsão, a equipa médica deve apenas verificar se não sobra nenhum resíduo da gestação na cavidade uterina e no canal de parto.
Cuidados a ter durante o parto normal:
Durante o parto, recorre-se a várias técnicas e cuidados médicos que ajudam o natural decorrer do parto e proporcionam à mulher um maior conforto e segurança, nomeadamente:
- Monitorização e estimulação das contrações e do ritmo cardíaco do bebé;
- Rutura do saco amniótico (caso esta não tenha acontecido naturalmente);
- Eventual utilização de analgesia epidural ou outros fármacos para diminuir a dor.
A fase ativa do parto normal pode durar, em média, entre 8 a 12 horas na primeira gestação. O tempo em trabalho de parto pode diminuir para entre 6 a 8 horas em gravidezes posteriores.
Em alguns casos, poderá ser necessário recorrer a outros procedimentos de forma a facilitar o nascimento, como a utilização de fórceps ou de ventosa, dois dispositivos que ajudam à expulsão do bebé, mas aos quais se deve recorrer apenas em último caso.
Vantagens do parto normal:
– É um procedimento menos agressivo, uma vez que o próprio corpo da mulher já está preparado para este tipo de parto; faz parte da natureza do ser humano;
– O útero volta ao seu tamanho normal (tamanho que tinha antes de engravidar) mais rapidamente;
– Existe uma menor probabilidade de se registarem problemas respiratórios nos bebés, uma vez que, ao passarem pelo canal vaginal, o tórax é comprimido, o que faz com que o líquido dos pulmões seja expelido mais facilmente;
– Compreende um menor risco quanto a infeções maternas e complicações para a mulher;
– O tempo de recuperação e de permanência hospitalar são, geralmente, menores;
– Na sua viagem pelo canal vaginal da mãe, o feto é coberto por bactérias e fungos presentes na microbiota (conjunto de microrganismos que se encontram associados a certos tecidos ou órgãos) da região. O contacto com esses microorganismos faz com que o bebé desenvolva o seu intestino;
– Depois de nascer, o bebé pode ser imediatamente colocado em cima da mãe, o que ajuda a acalmá-lo e fortalece os laços entre ambos.
Desvantagens do parto normal:
– Não existe um tempo específico para a duração do trabalho de parto. Algumas mulheres fazem a dilatação completa do colo do útero em muito pouco tempo e em poucas horas podem ter o seu bebé nos braços. Outras podem não dilatar tão rápido, o que acaba por tornar o processo do parto mais demorado;
– Mesmo com a epidural é possível que algumas mulheres sintam dor durante as diferentes fases do parto;
– A episiotomia, pequeno corte feito no períneo para facilitar a expulsão do bebé, pode causar algum desconforto e dor nos primeiros dias, o que pode atrasar a reiniciação das relações sexuais – o sexo pós-parto;
– Há a possibilidade de, após o parto, a mulher desenvolver incontinência ou outros problemas associados ao relaxamento do pavimento pélvico (como prolapsos, retocelos ou cistocelos).
O parto normal não é aconselhado…
No caso de doenças desenvolvidas durante a gravidez ou no momento do parto
Doenças como hipertensão e taquicardia, infeção por HIV ou outras infeções sexualmente transmissíveis podem ser fatores de impedimento para a realização de um parto normal por via vaginal.
Existem ainda doenças maternas, como cardiopatias (doenças graves de coração) ou outras doenças que podem ser a causa da opção pelo parto por cesariana, assim como o historial clínico de cirurgias anteriores como, por exemplo, miomectomias – cirurgia para retirar miomas – por via abdominal ou mais do que duas cesarianas anteriores.
Quando o bebé não está na posição cefálica (de cabeça para baixo)
Nas apresentações pélvicas (em que o bebé está de nádegas ou pés para o colo do útero) pode acontecer o chamado parto pélvico. Na situação transversa, ou se existir alguma alteração ao nível da placenta ou no útero, também pode ser contraindicado recorrer ao parto normal.
Se o bebé pesar mais de 4 quilos e meio também é recomendável optar-se por outro processo.
Caso se trate de uma gravidez gemelar com dois ou mais bebés
Ou se as posições de ambos forem incompatíveis com um parto por via vaginal, o parto normal pode também não ser a melhor opção.
Veja também:
- Parto: as diferentes formas de ver a magia acontecer!
- Epidural no trabalho de parto: informação para uma escolha consciente
- Prematuridade: saiba tudo sobre os bebés pré-termo
Ola Filipa
Parebens pelo artigo e pela forma descomplicada de abordar este tema. É tão importante retirar a carga de ansiedade associada ao parto pois ela influencia, e muito, a gravidez e parto.
Gostaria de lhe dar a conhecer o meu trabalho pois sou terapeuta certificada de Hypnobirthing (hipnoparto ou hipnonascimento) e trabalho com mães que querem ter um parto mais harmonioso com técnicas de Hypnobirthing.
É um método ainda pouco conhecido em Portugal mas que muda a vida de quem o adopta para o nascimento e, por isso, não perco uma oportunidade de o divulgar. Sou também a criadora do único curso online de Hypnobirthing em português e acompanho mães de todo o país.
Convido-a a conhecer o meu site http://www.hypnobirthing7.pt e ficaria muito grata se pudesse divulgar o Hypnobirthing junto de mais mães portuguesas e fico ao dispor se precisar de algum esclarecimento.
Obrigada e bom trabalho!
Maria Ribeiro
Olá, Maria,
Muito obrigada pelas gentis palavras. A melhor forma de partilhar eventos e serviços através da Pumpkin é utilizando o registo de parceiros (https://pumpkin.pt/parceiros/registar/). Após aprovação, é possível submeter os seus artigos, divulgando as iniciativas e os cursos. Ficamos à espera de receber as novidades da Hypnobirthing!