O que é o parto humanizado e como ter um?
O nome já o denuncia, mas o parto humanizado é, precisamente, o parto que tenta aproximar um momento animalesco – no sentido em que é uma consequência da nossa herança enquanto mamíferos – do nosso lado mais humano e racional. Como? Basicamente, fomentando o respeito pelas decisões da grávida numa das ocasiões mais importantes da sua vida.
O parto humanizado não é um tipo de parto, mas sim um cuidado que pode – e, dizemos nós, deve – acontecer durante o parto normal, o parto natural e até durante uma cesariana. Aquilo que define o parto humanizado é o respeito pelas decisões da grávida desde o momento em que se inicia o trabalho de parto e não a forma como o bebé nasce.
O princípio base do parto humanizado é o bem-estar da mãe. Por isso, a intenção é a de lhe proporcionar todas as condições para que ela se sinta confortável ao longo do processo. Respeitar as suas vontades – desde que não colocando em risco a sua saúde e a do bebé – é a forma mais óbvia de o fazer.
Respeitar a vontade da mãe
Ir à casa de banho, estar de pé, utilizar uma bola, comer ou beber água, por exemplo, são alguns dos pedidos mais comuns durante o parto que raramente são atendidos. Outros, menos comuns, também existem: a grávida pode sonhar com ter um parto na água ou querer evitar, a todo o custo, a utilização de ferramentas de auxílio como forceps.
Respeitar as preferências da grávida em relação à melhor forma de aliviar as dores das contrações é outro dos cuidados do parto humanizado, dando à mulher a opção de recorrer ou não à epidural e em que momento o quer fazer. A grávida pode optar, por exemplo, por massagens e/ou banhos quentes para a ajudar, mas preferir ter um parto natural, sem recurso a intervenções médicas.
Outros exemplos: foi já comprovado por estudos científicos que a tradicional posição – deitada com a barriga para cima – não facilita o parto nem as dores. Por isso, obrigar as grávidas a ficar nesta posição, se elas manifestarem vontade contrária, é considerado violência obstétrica, tal como realizar uma episiotomia sem permissão.
Também a companhia num momento tão marcante é fundamental: não permitir à grávida uma presença que lhe dará segurança (seja o companheiro, uma doula, a mãe ou uma amiga), além de impedir, como acontece muito, os pais de participar no nascimento dos filhos, é de uma agressão e falta de respeito gigantes. No parto humanizado, é garantido que a grávida terá sempre consigo alguém da sua confiança a apoiá-la.
Por fim, o parto humanizado garante também que o contacto pele a pele entre mãe e bebé acontece logo após o nascimento – a vinculação precoce é fundamental eestá favorecida no parto normal/natural, onde o modelo de cuidados é pouco interventivo e possibilita que a ocitocina, também conhecida por hormona do amor, se liberte naturalmente.
É desejável a mãe sentir e tocar o seu bebé e amamentá-lo na primeira hora de vida.
Como ter um parto humanizado?
O Plano de Parto é uma ferramenta valiosa. Este documento contém as suas preferências para o decorrer do trabalho de parto, parto e puerpério e pode ser feito independentemente do tipo de parto que se planeie (vaginal ou cesariana), pois é uma forma de personalizar a experiência e a tornar mais à medida da família.
É um direito da mulher em trabalho de parto ser ouvida e ser respeitada nas suas preferências, mas o desconhecimento deste facto acaba por dar espaço a um sentimento de alheamento e permissividade da mulher em relação ao seu parto. Ainda são poucas as mulheres que sabem o que é um plano de parto, e que o entregam aos seus prestadores de cuidados de saúde.
Outras não o fazem, referindo que têm confiança nos profissionais e que “o que tiver que acontecer, acontecerá”, na maior parte das vezes acabam por não se informar sobre o processo do nascimento e das opções e alternativas que estão ao seu alcance – e que, possivelmente, a deixariam muito mais confortável na sua experiência.
O simples exercício de construir o plano de parto serve para consciencializar a mulher das várias fases do trabalho de parto, assim como dos procedimentos mais comuns que são aplicados em cada fase.
É importante reforçar que em caso de emergência médica ou de perigo para a saúde da mãe e/ou do bebé, devem ser tomadas pela equipa médica as decisões mais adequadas, vão elas de encontro aos desejos iniciais da grávida ou não. O plano é apenas uma orientação que aproxima a grávida de um parto humanizado, mas há que perceber que existe sempre o fator imprevisibilidade.
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