Do Zero: Conversa com Catarina e João Barreiros - Pumpkin.pt

Do Zero: Conversa com Catarina e João Barreiros

Por onde começar a tornar o nosso lar mais sustentável? Conversámos com a família por trás do projeto Do Zero, que tem muito para contar!

O nosso planeta é a maior herança que deixamos aos nossos filhos. Nestes artigos partilhamos inspirações para conhecer e proteger o nosso planeta. Desta vez, conversamos com a Catarina e o João Barreiros, que têm muito para contar sobre o seu projeto e sobre a missão de ajudar o planeta.

O Do Zero é um projeto que conta com um blog, uma loja de produtos amigos do ambiente e ramificações ambientalistas que sonham chegar mais longe, nas mais variadas áreas. O projeto teve como base a comunidade incrível construída pela @catarinafpb no Instagram, e rapidamente ganhou asas!

Estivemos à conversa com a Catarina e o João Barreiros, que nos receberam virtualmente em sua casa, e falámos sobre empreendedorismo, sustentabilidade, família no trabalho e muito mais.

Como nasceu o projeto Do Zero?

Catarina: O Do Zero, enquanto projeto, nasceu há relativamente pouco tempo, mais ou menos dois anos. Mas o caminho até ao projeto Do Zero foi um bocadinho mais longo. Diria que o ponto zero do projeto foi quando nos conhecemos ou, mais concretamente, quando eu conheci o João e ele levou-me a pensar em algumas questões relacionadas com a sustentabilidade.

Na altura ele irritava-se muito quando eu ía comprar roupa à Zara. Dizia “Isso não faz sentido nenhum, há pessoas que estão a ser prejudicadas por causa disso!”. Eu dava sempre aquela eterna desculpa “Mas ao menos têm um trabalho!” – que é a desculpa que mais odeio hoje em dia, talvez por ter sido a minha durante tantos anos. Levou-me à conferência da Bea Johnson…

Mas o projeto em si só começou quando eu tive uma gravidez de risco e tive de ficar em casa. Tinha muitas dúvidas e curiosidades sobre sustentabilidade. Gostava de pesquisar sobre o tema, na altura tinha um Instagram e ía partilhando algumas coisas. Mas durante a gravidez, como tinha de estar em repouso, tive mais tempo livre. Então comecei a dedicar-me a fundo a fazer investigação sobre estes temas, a ler e a compreender. E surgiu o projeto Do Zero! Primeiro como página de Instagram, depois criou-se o site Do Zero, depois um podcast e depois uma loja. Portanto começou tudo assim mais ou menos há 3 anos.

Que dificuldades e facilidades encontraram em criar um projeto destes em Portugal, literalmente “do zero”?

João: Na parte da loja, acho que as dificuldades são aquelas que todos os empreendedores têm em Portugal. Uma burocracia desmedida, impostos para cima e para baixo…

Catarina: Descobrimos impostos que não conhecíamos! Só a meio do caminho é que percebemos que tinhamos de pagar… (risos)

João: Há aqui imensos desafios – e eu tirei Gestão, portanto eu sabia da maior parte deles, mas ainda assim fui surpreendido com alguns. Isto demonstra a forma como Portugal vê o empreendedorismo: não vê, é esse o problema. Outros grandes dois desafios foram também o momento em que decidimos despedir-nos. A Catarina já há mais de dois anos, quando me diz “João, eu gostava de fazer isto a minha vida” e eu pensei “Ok, agora estou tramado!” (risos). Felizmente estava confortável no meu trabalho e disse “Ok, vamos arriscar!” A Catarina surpreendeu-se até a ela própria ao ver que isto catapultou de forma tão rápida e orgânica.

Isto demonstra a forma como Portugal vê o empreendedorismo: não vê, é esse o problema.

joão barreiros

Outro desafio foi em plena pandemia nós decidirmos abraçar os dois este projeto. Eu estive sempre nos bastidores mas muito pouco, e estava na hora. Eu trabalhava em consultoria, portanto já estava habituado a longas horas de trabalho, mas nada me preparou para isto. A pressão de termos de pagar salários, de termos de pagar impostos, etc, é duro e está a ser o maior desafio de tudo isto.

Catarina: Se calhar sou um bocadinho mais romântica do que o João, porque acho que o maior desafio é o de superar algumas mentalidades em relação ao empreendedorismo. Quanto à parte da sustentabilidade e de ganhar clientes, não sofremos das mesmas dores de crescimento que outras empresas sofrem. Nós temos, através do meu trabalho no Instagram, uma grande rede, uma “safety net” que nos permitiu saber que iríamos ter clientes. Se tanto, achámos que íamos ter menos clientes do que temos: nas primeiras compras que fiz para a loja comprei 3 unidades de cada produto porque achava que ía vender, sei lá, um produto por semana, que ía ser uma coisa muito tranquila que ía fazer nos meus tempos livres.

E, de repente… já nos aconteceu enviar 90 encomendas num dia! É engraçado. Crescermos tão rapidamente fez com que tivessemos de nos adaptar muito rápido e cometer muitos erros. Continua a ser um desafio grande gerir este crescimento. Mas o maior desafio é mesmo mudar as mentalidades a nível do empreendedorismo. Digo isto porque temos uma política de pagar muito bem a quem trabalha connosco, mais do dobro da média. E fazemos isso porque achamos que os salários que existem em Portugal, nomeadamente de trabalho de armazém e etc, não são devidamente valorizados. (…) Nós somos responsáveis pelas pessoas que trabalham connosco e pelo bem estar delas. (…) Podíamos ter o dobro das pessoas a trabalhar connosco, mas escolhemos não ter.

Imaginavam, quando começaram, conseguir trabalhar neste projeto juntos? Era uma meta?

João: Sim, o nosso objetivo sempre foi termos uma empresa própria, sermos “os nossos próprios patrões” e trabalharmos juntos – essa era a realidade que nós queríamos. Foi mais rápido do que estávamos à espera, e ainda bem!

Catarina: Sim, mesmo antes de termos o projeto Do Zero enquanto veículo de comunicação tinhamos uma ideia, pouco depois de casarmos, de montar um negócio. Era difícil de pôr em prática, mas hoje em dia estamos a caminhar para ela. Esta ideia não é a loja Do Zero como ela existe hoje, mas sim um projeto que envolve áreas em Portugal que precisam muito de ajuda na questão da sustentabilidade.

A nossa ideia sempre foi caminhar para um mundo mais justo, e pensar em como é que a nossa família podia contribuir para esse mundo melhor. Acreditamos muito, os dois, no potencial dos negócios familiares e no investimento ético que eles têm associado.

Como conseguem trabalhar juntos, sendo um casal que está sempre junto, sem se chatearem?

(risos) Catarina: Nós chateamo-nos! João: Chateamo-nos muito!

Acho que no final do dia a coisa acalma sempre, até porque tenho uma visão de “eu não gosto de ir para a cama chateado”. A Catarina fica mais ou menos a remoer um bocadinho, mas acho que ela tenta (Catarina ri-se). No dia a dia é difícil e discutimos bastante, do género “João, porque é que ainda não pagaste isto?” “Catarina, agora não, amanhã.”. As discussões giram muito à volta disto, e acho que são coisas normais, não é? Estamos os dois juntos neste projeto há um mês ou dois, portanto é normal que ainda não esteja tudo alinhado e oleado. Acho que com o tempo isso vai tornar-se mais fácil.

Catarina: Nós conseguimos trabalhar juntos porque queremos trabalhar juntos. O principal motivo para funcionar é nós querermos que funcione, tanto a nível pessoal como profissional. Nós sabemos que, relação à parte, confiamos muito um no outro enquanto indivíduos intelectualmente pensantes. Se fossemos completamente não-emocionais e eu tivesse de pensar numa pessoa que achasse absolutamente inteligente, essa pessoa seria o João. Eu quereria trabalhar com o João independentemente de ele ser meu marido. Também sei que ele tem um respeito imenso por aquilo que eu faço a nível profissional.

Mesmo antes de namorarmos ou casarmos já nos víamos um ao outro como pessoas com grande valor para o mundo e que poderiam aplicar esse potencial no seu trabalho.

Catarina barreiros

Não é por acaso que nos conhecemos quando eu era professora de piano do João – ele reconhecia alguma autoridade em mim, (João: Pouca!), pouca, que ele não fazia nada do que eu mandava (risos) e acabávamos as aulas e ficávamos 2 horas à conversa. Antes de haver qualquer sentimento, já gostávamos de conversar e reconhecíamos valor nas opiniões um do outro. O problema agora é gerir a parte emocional, que faz com que as questões escalem. Confesso que sou eu a chata de serviço, o João é um bocado mais relaxado. (…)

Onde imaginam o vosso projeto daqui a 5 anos? Que metas gostariam de alcançar?

Catarina: Sem querer desvendar o que está para vir, nós queremos entrar num mercado que, continuando a ser o dos produtos sustentáveis, impacta mais. Impacta mais as pessoas, o bem estar, a economia e o ambiente. Portanto, vamos expandir um bocadinho a nossa oferta e a maneira como vamos chegar às pessoas – isto para a loja.

Para o meu projeto (o Instagram), quero continuar a poder trabalhar com a minha comunidade e fazê-la crescer, chegar a comunidades diferentes (a escolas, estar mais perto da academia)… Gostava de daqui a 5 anos ter um projeto académico terminado (um doutoramento!), gostávamos de ter mais filhos e de ter tempo para eles e gostávamos que a nossa equipa não estivesse sempre a correr.

Nós temos muito trabalho, somos só 4, e gostávamos de conseguir que toda a gente tivesse espaço para a sua vida pessoal, sem pressões. Nós somos os 4 muito parecidos: gostamos muito daquilo que fazemos e damo-nos muito bem, então acabam por existir poucos limites. Por exemplo, se calhar às 11 da noite lembro-me de uma coisa e mando ao Hugo, e ele responde logo “Que fixe, vou pôr no Trello para fazermos!”. Eu digo “Não, não, Hugo, esquece, pega amanhã!”.

Gostava de daqui a 5 anos já ter aprendido o suficiente para conseguir arranjar estratégias em que alivie o máximo possível a minha equipa e a mim própria.

catarina barreiros

A minha saúde mental e a do João acabam por ser bastante fragilizadas com tanto trabalho e com este estar sempre ligados à empresa. Gostava que daqui a 5 anos estivesse tudo mais automatizado e que tivessemos todos mais paz de espírito! O meu sonho é trabalhar poucas horas por dia de maneira muito eficiente. Este trabalho é uma missão para nós, mas não deixa de nos tirar tempo para outras coisas que também são importantes: a família também é uma missão para nós, por exemplo.

Como gerem a pressão social para serem ambientalistas perfeitos, uma vez que são influencers deste meio em Portugal?

João: Acho, em primeiro lugar, que os “ambientalistas perfeitos” não existem. Acho que são conceitos que não deviam fazer parte do léxico. As pessoas têm as suas próprias limitações e os seus próprios desafios, que muitas vezes vão ter que coincidir com os desafios do mundo. E têm que caminhar por aí, não é ser ou deixar de ser ambientalista: é ser humano ou deixar de ser humano, porque ou vamos ter Terra ou não vamos ter Terra. Não há aqui um meio termo, ser perfeito ou imperfeito não interessa – interessa que sejamos.

Para mim, o grande problema deste movimento a que se tem assistido nos últimos tempos em Portugal e no mundo, (falo de coisas muito concretas, como o movimento da Greta Thunberg, etc)… acho que é preciso ter imenso cuidado com isso. Nós não podemos atribuir culpas a toda a gente e achar que os nossos gestos individuais, por melhores que sejam, vamos chegar a algum lado. Isso nunca vai acontecer. O que nós temos de fazer é exigir que governos e empresas se tornem mais responsáveis. E a partir do momento em que exigirmos isso, as empresas vão tornar-se responsáveis, porque ou o fazem ou deixam de ter consumidores.

O nosso principal voto não é aquele em que vamos de 4 em 4 anos eleger o parlamento ou o Presidente da República.
O meu principal voto é todos os dias, quando eu consumo, quando eu compro.

joão barreiros

Catarina: O movimento ambiental em Portugal tem 50 ou 60 anos. Existem investigadores ligados à sustentabilidade há quase tantos anos quanto existem universidades. Isto não é um tema que descobrimos agora; é um tema que movimentos como o da Greta trouxeram às bocas do mundo. Por isso, acho que devemos estar sempre agradecidos a esses movimentos, quer concordemos com eles ou não – têm um papel muito importante. Agora, a pressão social que alguns movimentos (não todos) criam é a da perfeição e do ataque quando as coisas não são feitas como as pessoas acham que devem ser feitas.

Aquilo que temos vindo a aprender é que não há um caminho único para a sustentabilidade. Há várias opiniões sobre como devemos chegar a esse fim. Há pessoas que acham que as barragens podem ser consideradas um bom recurso renovável e há pessoas que não concordam com isto, por exemplo, e há argumentos para ambos os lados. É o como que está a ser debatido.

A pressão social que se cria nas pessoas é em primeiro lugar para a perfeição, que não existe! Não existe uma resposta certa nem uma vida igual a outra. Em segundo lugar, para respostas binárias, que também não existem. Ou seja, as pessoas pensam “Então se o avião é o transporte que mais polui, porque é que não se proíbe a aviação?”. E isto seria uma pergunta legítima! Mas temos de pesar todo o resto da balança: o que é que isso ía fazer à economia, às pessoas, aos países que dependem do turismo… A verdade é que estes são temas muito complexos, e devíamos apostar cada vez mais na educação para as pessoas perceberem efetivamente qual é o seu papel e qual é o espectro de argumentação que existe à volta deste tema.

É preciso haver regulamentação internacional, é preciso haver muito mais fiscalização, incentivos para as empresas para a descarbonização, é preciso haver ação política movida pela representatividade do povo e não por corrupção ou dinheiro… e, portanto, é aí que vai estar sempre a maior expressão da sustentabilidade, na ação política, de saúde e empresarial. Nós, indivíduos e consumidores, somos também cidadãos, e o nosso papel é o de fazer o melhor da forma mais consciente possível.

Existe de facto uma grande pressão, e se calhar se eu estiver no supermercado, me apetecer um pacote de bolachas e alguém vir-me vai pensar “Ah, vi a Catarina a comprar um pacote de bolachas!”. Se não me seguir há muito tempo vai ficar escandalizado; se me seguir há muito tempo sabe perfeitamente que eu sou a primeira a dizer que às vezes um pacote de bolachas é necessário.

Qual sentem que é a maior dificuldade das famílias portuguesas em adotar um estilo de vida mais sustentável?

João: Acho que a informação existe – a maior dificuldade é o acesso. Existe ainda uma dicotomia entre o interior e o litoral, e as pessoas do interior não têm o mesmo acesso que nós temos. Para produtos sustentáveis, que vêm substituir produtos que são maus para o ambiente, não existe muito acesso. O objetivo de criarmos uma loja online e não um espaço físico foi precisamente para dar acesso a toda a gente, e a verdade é que a maior parte das nossas encomendas não são de Lisboa, são para fora e muitas delas para o interior. Portanto, a informação existe, as pessoas conhecem.

Catarina: Por acaso não concordo. Sei que estás a falar da visão da loja, e aí sim, concordo. Mas acho que aquilo que falta às pessoas é, em primeiro lugar sair da pressão social de que temos de ser perfeitos, porque se a pessoa achar isso não vai sequer dar o primeiro passo. As pessoas têm de perceber que tudo aquilo que elas fizerem já é uma ajuda. Existe consciencialização, mas não estou tão certa de que exista informação. Existem muitas dúvidas, falta de crenças nas certificações, falta de conhecimento sobre o que significam… Pode haver alguma dificuldade de acesso a produtos sustentáveis no interior, mas o principal driver das mudança das alterações climáticas é a alimentação. Ao pé da nossa mudança de hábitos alimentares, um champô sólido significa zero – nem apareceria no gráfico.

Acho que aquilo que falta às pessoas é, em primeiro lugar sair da pressão social de que temos de ser perfeitos, porque se a pessoa achar isso não vai sequer dar o primeiro passo.
As pessoas têm de perceber que tudo aquilo que elas fizerem já é uma ajuda.

catarina barreiros

E aqui há uma questão de informação. Embora no interior haja uma maior tradição agrícola, o problema é como produzir essa comida, em que tipo de agricultura (é preciso formação), que quantidades produzir, para onde enviar… Mas para isto é preciso também uma mudança de mentalidade. (…) Acho que falta informação concreta para agir, que vai muito além da escova de bambu. E acho que, honestamente, passa tudo pela educação.

Por onde começar a introduzir a sustentabilidade no lar?

Catarina e João: Alimentação!

Catarina: Reduzir o desperdício alimentar poupa dinheiro, poupa o ambiente, poupa dores de cabeça, espaço no frigorífico…

João: E passarmos a ter aquela alimentação que tínhamos há 50 anos, uma alimentação mediterrânica de base vegetal. Nós estamos habituados a ela quase geneticamente, diria, portanto… voltar a estas origens deveria ser o primeiro passo!

Têm alguma mensagem para as famílias Pumpkin?

Catarina: Pensar que tudo aquilo que nós fazemos tem um impacto no mundo, e perceber de que maneira é que nós queremos alinhar-nos com a justiça no mundo.

Sempre que tiverem alguma questão, nós não somos perfeitos a responder à velocidade da luz, mas respondemos e temos todo o gosto em contar com mais ambientalistas imperfeitos. Toda a gente é sempre bem vinda na nossa comunidade Do Zero, porque não há julgamento, não interessa se nem sequer fazem a reciclagem ou se comem carne todos os dias. Nós queremos ajudar se vocês quiserem fazer alguma coisa diferente. Há pessoas no nível ninja da sustentabilidade e há pessoas que ainda estão no Super Mario, a apanhar as moedinhas – cada um tem o seu ritmo! 🙂


Obrigada, Catarina e João, pela simpatia, pela boa disposição e pelo muito que nos ensinaram. Deste momento brotaram questões importantes que decerto servirão de guias para melhores hábitos e escolhas!

Poderão ver a conversa completa no nosso Instagram brevemente. Fiquem atentos! 😉

Para acompanharem os projetos DO ZERO, visitem o site e a loja, explorem o blog e juntem-se à comunidade no Instagram. Para além de dicas úteis, vão encontrar por lá workshops, receitas, recomendações e muito mais. Aproveitem também para deitar um ouvido ao podcast Do Zero, onde a Catarina fala abertamente sobre os mais variados temas relacionados com a sustentabilidade e uma vida com menos desperdício.

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