Bullying: saibam o que é e como prevenir! - Pumpkin.pt

Bullying: o que é e como podemos vencê-lo!

bullying

Tudo o que precisam de saber sobre Bullying para navegar esta desafiante realidade. Juntos podemos vencer a violência!

“As crianças são mesmo assim”, “não têm maldade”, “os que são gozados têm de aprender a defender-se”. Os conselhos para lidar com o bullying repetem-se de geração em geração. Todos os ouvimos quando eram mais novos e alguns, ainda que errados, continuam a ser repetidos. Mas está na hora de quebrar o ciclo do bullying!

A violência física e verbal na escola e em ambientes frequentados por crianças e jovens deve ser monitorizada, registada, discutida e, principalmente, prevenida. Cabe-nos a todos encontrar forma de combater o bullying e de promover ambientes saudáveis e seguros e, assim, prevenir danos físicos e mentais. Cabe a todos refletir sobre este flagelo e zelar por um futuro saudável para os mais novos.

Reunimos um guia completo com tudo o que precisa de saber sobre bullying – útil para pais, educadores e todos os que queiram contribuir para combater um fenómeno que existe “desde sempre”, mas que não precisa de durar para sempre!

O que é bullying?

Não existe uma definição universal. No entanto, podemos entendê-lo como atos de violência física ou emocional continuada e intencional, numa relação de poder desequilibrada. Existe uma percepção errada de superioridade que motiva o agressor – ou agressores – a humilhar, dominar e intimidar o outro.

bullying o que é

O bullying acontece em todos os contextos de interação entre seres humanos, o que inclui círculos como os familiares, laborais e, claro, a escola.

Normalmente, as agressões baseiam-se na intolerância à diferença de diversas formas:

  • raça;
  • religião;
  • orientação sexual;
  • comportamento;
  • habilidade;
  • aparência;
  • altura/peso;
  • classe social;
  • género;
  • deficiências físicas.

Existem diversos tipos de bullying, baseados nas atitudes e comportamentos do agressor: por norma, conseguimos identificar quatro, que não raras vezes coexistem e se complementam, de forma a diminuir a vítima na maior proporção possível.

Bullying Verbal

No bullying verbal, a principal arma do agressor é a palavra. Todos sabemos que aquilo que nos dizem ou que dizem sobre nós pode ter um impacto muito positivo ou negativo na nossa vida, e, no caso dos ataques verbais, a palavra é um ataque duríssimo à auto-estima de uma criança.

Insultos, ameaças, rumores e gozos continuados, que humilham a criança e a expõem ao ridículo perante os colegas, são formas de violência verbal.

Agressões Físico

Agressões físicas, como bater, empurrar, puxar os cabelos, agredir, roubar e/ou destruir os pertences de alguém, são ações de violência entre colegas muito graves.

A violência física costuma ser uma consequência da verbal e raramente é a primeira forma de agressão.

Bullying Relacional

Esta é uma das formas de violência menos visível e, por isso, pode prolongar-se por muito mais tempo. Passa sobretudo por fazer a vítima sentir-se excluída dos grupos em que, por norma, devia estar inserido.

Ser constantemente preterido ou afastado, além de difamado e tendo a sua reputação questionada, vai afetar a relação da vítima com os outros e consigo mesma.

Bullying na escola

As situações de bullying em contexto escolar aumentaram 37% em 2021/22, tendo a PSP registado 2.847 ocorrências criminais com as injúrias e ameaças a atingirem o valor mais elevado dos últimos nove anos letivos.

O bullying na escola é uma das suas formas mais comuns e pode afetar gravemente o bem-estar e o sucesso escolar das nossas abobrinhas. As agressões variam de ciclo para ciclo e dependem muito da idade dos alunos envolvidos.

Quais as diferenças entre o bullying na creche e o bullying no 3º ciclo e como está o Ministério da Educação a combatê-lo? Respondemos a tudo!

bullying na escola

Bullying Pré-escolar: Na Creche e jardim de infância

bullying pré-escolar existe, embora seja assustador pensar que crianças tão pequenas possam passar por, ou provocar, algo assim.

Antes dos 3 anos de idade, as crianças não têm a capacidade cognitiva de sentir empatia. Assim, uma criança pode magoar emocionalmente ou fisicamente outra criança, mas na realidade ela não entende como se sente o seu colega.

Após os 3 anos, a situação muda: o cérebro tem a capacidade de compreender outro ponto de vista, sendo a idade em que a agressão premeditada e intencional poderia começar.

As razões pelas quais as crianças agridem nesta idade variam. As crianças podem estar a imitar um comportamento do pai, irmão ou amigo que possam ter observado antes. Outras crianças praticam bullying para chamar a atenção, seja de adultos ou colegas; outras intimidam por razões mais complexas e preocupantes. Por exemplo, quando uma criança agride pois sente-se bem ao ver sinais de medo ou sofrimento na vítima.

Saibam mais sobre o bullying pré-escolar e como lidar com ele.

Na Escola Básica

O bullying na escola básica é o mais comum e também o mais amplo e de difícil análise, dado que falamos de crianças entre os 6 e os 14 anos de idade, que têm, por isso, padrões de comportamento diferentes. As razões por detrás do bullying também mudam, à medida que os miúdos crescem.

Regra geral, os ataques acontecem por forma de:

  • empurrões e pontapés;
  • insultos;
  • apelidos maldosos;
  • situações de gozo em sala de aula (perante uma questão da vítima ao professor, por exemplo);
  • ameaças presenciais e por mensagem;
  • extorsão;
  • isolamento total (exclusão de trabalhos de grupo, etc.);
  • destruição de trabalhos, material escolar e pertences da vítima.

As crianças e os jovens, por estarem em fase de formação de carácter e crescimento, sentem muitas vezes uma forte necessidade de autoafirmação e nem todos estão habituados a conviver com as diferenças.

Conceitos como os da empatia, respeito pelo próximo, solidariedade e amizade estão, muitas vezes, ainda em construção. Assim, devem ser trabalhados pelas famílias em conjunto com as escolas.

Muitas vezes, os agressores são também eles vítimas de alguma situação, ou de si próprios, e utilizam o bullying como forma de se sentirem melhor. Por isso, é importante ajudar as vítimas, claro, mas perceber que também os bullys precisam de atenção e da solidariedade dos adultos. Não deixam de ser crianças.

No Ensino Secundário

Por serem mais velhos, os jovens do ensino secundário são também capazes de cometer os atos de bullying mais graves, alguns deles podendo até constituir-se crime. Entre as atitudes mais comuns entre os miúdos com mais de 15 anos estão:

  • criar boatos humilhantes;
  • captar e difundir imagens das agressões (inclusive pela internet, que configura um caso de cyberbullying);
  • partilha de imagens de cariz sexual (comum entre ex-namorados que se querem “vingar”);
  • todas as outras formas de ataque mencionadas no bloco “escola básica”.

A partir dos 16 anos, os jovens já podem ser legalmente responsabilizados pelas suas ações. O bullying na escola, num período tão turbulento como o da adolescência, e tendo os miúdos uma maior percepção da gravidade daquilo que lhes acontece, pode ter consequências catastróficas, levando as vítimas, que se sentem humilhadas, envergonhadas e sozinhas, ao desespero – e, em situações extremas, até mesmo ao suicídio.

Plataformas de prevenção e combate ao Bullying Escolar

 “Escola Sem Bullying. Escola Sem Violência”

O Plano “Escola Sem Bullying. Escola Sem Violência”, promovido pelo Ministério da Educação, surge como um auxiliar de apoio, com vista à utilização de diferentes abordagens de prevenção e intervenção face a este fenómeno, de modo a incentivar, reconhecer e divulgar práticas de referência. O Plano deve ser implementado partindo de um diagnóstico das necessidades; contribuir para a identificação de sinais de alerta e incluir um plano de ação em torno de estratégias e de atividades que sensibilizem para a diversidade de comportamentos agressivos.

Plataforma SISE

Foi já introduzida uma melhoria na Plataforma SISE (Sistema de Informação de Segurança Escolar), que passou pela introdução de um novo campo que permite aos diretores indicarem a existência de um caso de bullying e/ou ciberbullying.

Desta forma, contorna-se o facto de estes casos não serem considerados uma tipologia de crime. Haverá ainda um reforço na sensibilização, junto dos diretores, sobre a importância deste registo para monitorização do fenómeno e tomada de decisões a nível local, regional ou nacional.

Compromisso “Turma Sem Bullying. Turma Sem Violência”

Um ato simbólico que será assinado por todas as turmas de todas as escolas, com um conjunto de cláusulas que vão no sentido do respeito pelo outro e da não violência.

Será sugerido às Escolas que, no âmbito da sua autonomia, reconheçam as turmas que, assinando o compromisso, vierem a revelar uma boa conduta ao longo do ano, promotora da paz e segurança nas escolas.

Programa Escola Segura

O Programa Escola Segura é uma iniciativa conjunta das áreas governativas da Administração Interna e da Educação. Visa garantir a segurança no meio escolar e no meio envolvente, através da prevenção de comportamentos de risco e da redução de atos geradores de insegurança em meio escolar. É de âmbito nacional e inclui todos os estabelecimentos de educação e ensino não superior, públicos, privados e cooperativos.

As equipas da Escola Segura são constituídas por elementos da PSP e GNR, coadjuvadas nas suas funções pelo pessoal vigilante do Ministério da Educação. Mais informação sobre o Programa.

Cyberbullying

O cyberbullying é uma forma diferente de ataque, que considera para a sua definição a plataforma onde acontece e não tanto a forma. Por norma, envolve ameaças, assédio, exposição sexual e/ou humilhante, recorrendo-se ao uso da tecnologia – ou seja, a agressão é feita por detrás de um ecrã, através de mensagens de texto e das redes sociais. Saiba mais no artigo que preparámos sobre cyberbullying.

Sinais de bullying: estar atento é importante!

A vossa abobrinha parece andar mais tristonha e até já confessou que não tem vontade de ir para a escola? É importante estarem atentos aos pequenos sinais de bullying que as crianças nos vão dando quando estão a ser potenciais vítimas de bullying!

sinais de bullying

Deixamos aqui os indícios mais frequentes de que se podem ter tornado num alvo de violência física e/ou verbal:

Irritabilidade

O vosso filho é, por norma, uma criança calma, que reage bem a chamadas de atenção e que raramente se irrita, mas nos últimos tempos tem-se revelado mais agressivo, “por tudo e por nada”?

As crianças vítimas de bullying podem sofrer de alterações de humor constantes, estar mais zangadas e descontar na família, ou naqueles que lhes são mais próximos, as “respostas” que não conseguem dar a quem os ataca.

Tristeza

Ninguém é feliz quando se sente sozinho, atacado, inferior. Se a vossa abobrinha tiver perdido a alegria, sorrir menos, mostrar-se abatida ou não se entusiasmar com assuntos ou ideias que antes a deixavam extasiante, pode ser sinal de alerta.

Recusa em ir à escola

A abobrinha parece com medo de ir à escola, pede para ficar em casa, arranja desculpas constantes ou finge estar doente? Pode ser um sinal, principalmente se até há pouco tempo era uma criança que gostava de estudar e que nunca mostrava vontade de faltar às aulas.

A criança ter notas mais baixas do que as habituais também pode indicar algum problema, dentro ou fora da escola. A dificuldade em manter-se atento ou motivado é outro dos sinais de bullying a que precisam de estar atentos.

Outro alerta: se a abobrinha já vai sozinha para a escola e de repente pede aos pais que lhe façam companhia, provavelmente está com medo de alguma coisa. Resta descobrir de quê, ou de quem.

Outros sinais de bullying:

  • Material escolar estragado ou perdido sem que a abobrinha consiga dar uma justificação lógica,
  • Nódoas negras ou feridas também elas sem explicação;
  • Pesadelos ou choro durante o sono;
  • Dificuldades em gerir dinheiro (pode estar a ser roubado);
  • Está mais carente;
  • Recusa falar da escola.

Quais são os efeitos de bullying nas crianças?

efeitos de bullying

O impacto do bullying varia de criança para criança, mas uma coisa é certa: todos sofrem.

Os efeitos de bullying podem ser muito graves a médio/longo prazo e minam o desenvolvimento saudável e um crescimento equilibrado na infância. Os ataques continuados a crianças e jovens, mesmo depois de resolvidos, podem ter um impacto na sua saúde física e emocional, na sua capacidade de se relacionar com os outros, na confiança em si e nos pares, no seu rendimento escolar presente e futuro.

Efeitos de bulllying na saúde

No imediato, o bullying provoca vários efeitos físicos: dores corporais, marcas, feridas e/ou cortes no corpo, e, em casos extremos, atos deliberados de autoagressão, mutilação e tentativas de suicídio. Também a longo prazo os efeitos são vários e nefastos.

Um estudo norte americano, desenvolvido pelo National Center for Education Statistics e pelo Bureau of Justice Statistics, veio comprovar que existe uma diferença na estrutura do cérebro dos adolescentes que são constantemente alvo de bullying.

Estas alterações podem também propiciar um aumento do nível de ansiedade, a partir dos 20 anos, e “forçar” as vítimas a procurar apoio psicológico não só durante os períodos de violência mas também depois.

A maioria das crianças que sofreu bullying na escola:

  • apresenta sintomas de stress pós-traumático;
  • sofre de ansiedade generalizada e tendência à depressão;
  • corre maiores riscos de contrair doenças físicas (doenças metabólicas, cancro e problemas cardiovasculares);
  • corre maiores riscos de sofrer doenças psiquiátricas (lidam com transtornos de alimentação e recorrem ao uso abusivo de álcool e outras substâncias tóxicas).

De acordo com os investigadores do estudo “Long-term effects of bullying”, a prevenção do bullying no 2.º e 3.º ciclo pode reduzir as despesas de saúde em cerca de 1 milhão de dólares por cada vítima de bullying.

Efeitos de bullying nas relações emocionais e laborais

Crianças que sofrem bullying têm também muita dificuldade em confiar nos outros, daí viverem com frequência em isolamento social, com poucos ou nenhuns amigos. Têm muito medo de pessoas que não conhecem e sofrem de ansiedade perante a possibilidade de vivências sociais, em multidões ou em contextos de socialização com estranhos.

Um estado de tristeza frequente e a falta de vontade de sair ou de fazer programas que antes eram entusiasmantes é um dos principais efeitos de bullying a nível emocional, que pode evoluir para depressão. Um dos mais preocupantes efeitos de bullying é a perda de vontade de viver: o desespero perante a violência dos colegas pode levar algumas crianças e jovens a ter ideais suicidas.

Se a vossa criança já verbalizou pensamentos semelhantes entrem imediatamente em contacto com a APAV para Jovens. Os profissionais podem ajudar a melhor lidar com os efeitos de bullying e encontrar o caminho para a esperança e a alegria.

O bullying pode igualmente ter efeitos muito graves na auto-confiança de quem sofreu bullying na escola durante a infância e/ou a adolescência, o que, embora possa não parecer, traz consequências a nível laboral, nas relações amorosas e de amizade e nas conquistas a que as abobrinhas se possam ou não propor, futuramente. Os maus resultados escolares, temporários ou que se estendem a longo prazo, prejudicam a carreira e o bem-estar da criança.

Como lidar com o bullying?

É fundamental capacitar o vosso filho a defender-se e saber como lidar com bullying, reagindo quando confrontado. Os pais são, muitas vezes, os últimos a saber destas ocorrências, e a verdade é que não podemos estar sempre presente quando os nossos filhos precisam de proteção. Sobretudo em situações que ocorrem maioritariamente dentro do recinto escolar.

Informem-se, informem os vossos filhos e disponibilizem o apoio de que precisam para lidar com o bullying!

Vítima de bullying: como podemos ajudar?

vítima de bullying

Há crianças atacadas por terem boas e más notas. Outras por estarem acima do peso e por serem muito magras. Há crianças atacadas por usarem óculos, vestirem-se de forma diferente, pela cor de pele, por terem muitas ou poucas condições financeiras.

Qualquer criança ou jovem pode ser vítima de bullying – essa é uma verdade que importa sublinhar. Descubram aquilo que devem e não devem fazer para a amparar numa fase tão delicada.

No entanto, o bullying afeta sobretudo crianças mais novas, a frequentar o ensino básico.

Na sua grande maioria, os rapazes têm uma maior probabilidade de serem vítimas de bullying físico, verbal e/ou cyberbullying. Já as raparigas sofrem mais bullying de natureza social e relacional, ou seja, ataques verbais, exclusão das atividades e grupos, e boatos mal-intencionados. Em casos extremos podem também sofrer de agressão sexual.

Outro padrão é o da obesidade: de acordo com dados da Associação Portuguesa contra a Obesidade Infantil (APCOI) 65% das crianças com obesidade em Portugal sofrem de bullying na escola. A maioria dos pais e encarregados de educação de crianças com excesso de peso já lidaram com pelo menos um episódio de bullying escolar relacionado com o peso da criança. Insultos, alcunhas e comentários inapropriados estão entre os principais atos discriminatórios contra crianças com excesso de peso, com idades entre os 6 e os 14 anos. 

A pandemia da covid-19 parece ter agravado esta situação, uma vez que uma em cada cinco crianças com obesidade foi vítima pela primeira vez de um ataque de cyberbullying, nas redes sociais, relacionado com o seu peso, durante os meses de confinamento e de ensino à distância. 

O que não se deve dizer a uma vítima de bullying

Pedir-lhe que ignore a situação e seja “superior” é uma delas. Resumir tudo a “brincadeiras de crianças” também. Esta atitude de desvalorização não só não valida o sofrimento da criança como passa a ideia de que também para nós os seus medos não têm valor. É uma atitude que, a muito curto prazo, fará a abobrinha fechar-se na sua concha, não voltar a alertar para o problema (que, entretanto, se pode agravar), e que a fará sentir-se mais sozinha do que antes.

Sugerir ao vosso filho que “evite” os colegas maldosos também é uma sugestão pouco funcional, porque muito provavelmente a criança já tentará fugir dos agressores e sente-se consumida porque não o consegue fazer. Uma boa ideia passa por reforçar a necessidade de andar sempre acompanhado de um amigo ou colega de confiança – a ser atacado, pelo menos poderá defender-se e sentir-se protegido.

Incentivar à violência como resposta para a violência, ou frases como “tens que te defender/ser forte!” também não funcionam, por norma. A criança ficará a sentir-se culpada por não ter coragem ou força suficiente para fazer frente aos bullys, e pensará que os ataques são responsabilidade sua, que não é bom o suficiente para se “agigantar”.

Como devem atuar os pais e encarregados de educação nos casos de bullying

O Centro Sei – Centro de Desenvolvimento e Aprendizagem partilhou algumas estratégias para que os pais possam ajudar os filhos vítimas de bullying de forma imediata, contundente e equilibrada:

– Em primeiro lugar, reúnam os factos: falem com o vosso filho acerca do que se está a passar, quem está envolvido, onde e quando ocorreu. Quanto mais perguntas fizerem, mais informação conseguirão obter;

– Anotem os dados: tentem recriar uma linha do tempo com todos os acontecimentos;

– Antes de ir à escola, contem a história a alguém próximo ou da vossa família, assegurando-se de que estão a restringir-se aos factos e o mais objectivamente possível;

– Informem-se se a escola contempla alguma tipo de regra ou medidas específicas para denunciar uma situação de bullying;

– Falem primeiro com o professor titular, não vão logo para a direção. O professor é o vosso maior aliado. Perguntem-lhe se ele tem algum conhecimento desta situação, contem-lhe a história de bullying do vosso filho e reúnam-se com ele novamente no espaço de uma semana, para tentar avaliar se a situação persiste ou se, pelo contrário, já se encontra resolvida;

– Se o bullying continuar, então sim deverão, juntamente com o professor, falar com a direção da escola. Tentem averiguar de que forma a direção vai lidar com o assunto.

Apoio emocional é essencial

Depois, claro, existe o apoio emocional, fulcral para crianças que se sentem diminuidas, tristes e rejeitadas. O amor faz mesmo toda a diferença no mundo: façam o vosso filho sentir-se a criança mais amada do mundo, todos os dias.

Abraços, beijos, reforço de comportamentos positivos, um jantar no seu restaurante favorito, um passeio até ao parque – não fazendo milagres, são gestos que, concertados com uma ação conjunta com a escola e as autoridades, podem devolver à criança a confiança e alegria.

Em casos mais graves, o recurso à PSP/Escola Segura poderá ser eficaz. A Pumpkin falou com o comissário João Moura, da Polícia de Segurança Pública, para perceber se faz ou não sentido denunciar situações de bullying às autoridades, e quando. Assim, estas devem ser reportadas sempre que uma criança/jovem se sinta ameaçada, coagida, manietada ou agredida (física ou psicologicamente). No fundo, sempre que sinta medo de estar na escola ou de ir para a escola, fruto de uma ação ou ações premeditadas e dolosas de um ou mais agressores.

Como prevenir o bullying: 5 dicas para proteger as crianças

Preparar as crianças para a possibilidade de sofrerem bullying na escola ajuda a que, no concretizar da situação, estas se sintam mais fortes e estejam mais protegidas do impacto das palavras e atitudes dos colegas.

1. Conversar sobre bullying é primordial

A comunicação é e sempre foi um elo de confiança inquebrável. Para Tânia Paias, directora do PortalBullying e psicóloga na PsiCronos, falar abertamente sobre qualquer assunto com os nossos filhos é dar-lhes uma fortaleza.

Por vezes, enquanto pais, tentamos proteger os nossos filhos das emoções mais negativas, mas é importante que eles as compreendam e saibam com elas lidar, pois de uma forma ou de outra, estas surgirão.

Saber como o nosso filho vê o mundo, como os que o rodeiam o percepcionam, como funcionam em conjunto, como pensam no futuro, como projetam a sua vida, como falam dos outros, qual a sensibilidade para bens comuns, é também muito importante e deve constar do conhecimento que os pais possuem dos seus filhos, pois só assim estaremos em condições de os auxiliar nas suas necessidades e de combater o bullying.

Explicar claramente à criança o conceito de “bullying”permite que ela se aperceba rapidamente se está, ou algum amigo, exposto a uma situação de abuso emocional por parte de um colega ou de outra criança (por norma, mais velha).

Tentem frisar que o bullying é uma situação que não escolhe vítimas – pode acontecer a qualquer pessoa que seja “diferente” dos outros, ou do padrão que o bully tem como referência comum.

Mas o que é ser diferente, de facto? Devemos tentar encaixar-nos em algum padrão, para evitar ser colocado de parte ou gozado? O bully pode atacar outra criança por esta ser gorda ou por ser magra, por ter boas ou más notas, por ter caracóis ou usar óculos – portanto, não, não vale a pena tentar pertencer a nenhum grupo, os riscos existem sempre, e o sucesso imediato e futuro passa muito por sermos nós mesmos.

É por isso importante transmitir aos seus filhos outro valor: o da auto-confiança.

como prevenir bullying

2. Criar crianças confiantes

As abobrinhas precisam de acreditar que o seu valor não é definido pelo seu aspecto físico, e muito menos pela opinião de quem não gosta delas, e sim pelo que de bom e de mau fazem no dia a dia.

Nunca deixem de lembrar aos vossos filhos as qualidades que mais admira neles: digam-lhes que notam o quão esforçado eles são, que admiram a sua capacidade de ser amável para com todos, que acham bonita a forma como ele se preocupa com os outros e é bom amigo. Elogiem-no por já saber contar até 100 em inglês, e simplesmente transmitam confiança e admiração, para que, de forma natural, ele se sinta mais confiante também.

Crianças que são fortes psicologicamente e que crescem num ninho de amor podem ficar impressionadas com a maldade de algumas palavras, mas estão também mais protegidas delas. Por isso, fazê-las gostarem de si mesmas é a melhor resposta à pergunta “como prevenir bullying?”, porque as torna à prova de mentiras e violências.

Ao mesmo tempo, crianças que são mais confiantes e que o transmitem através da sua linguagem corporal – olham os outros nos olhos, não são tímidas e estão à vontade em todas as situações – estão à partida menos expostos à possibilidade de serem confrontados pelos colegas.

E se o forem, também saberão reagir de outra forma, com menos medo, e capazes de responder às adversidades com uma cara zangada ou um “deixa-me em paz” convicto e firme.

3. Encorajar pedidos de ajuda

Nada há de errado em pedir ajuda. Mostrem ao vosso filho a vossa abertura e interesse, para que ele se sinta confortável em admitir os problemas que têm e a procurar os conselhos ou a intervenção de outras pessoas – seja a dos pais, a de professores ou a de outros colegas.

Se ele o fizer no dia a dia, com dúvidas nos trabalhos de casa ou quaisquer outros problemas com que lide, será mais fácil fazê-lo também numa situação de bullying.

Ao pedir ajuda a criança engrandece-se, porque sente que não está sozinha. É importante reforçar-lhes que não devem ter vergonha de ser vítimas de bullying nem de pedir ajuda, porque não são eles quem estão a errar. Mesmo antes de o bullying acontecer.

porque quando melhoramos a nossa comunicação com as abobrinhas, criamos pontes para que elas regressem a nós quando necessitam.

4. Comunicar com a escola

A escola é um veículo importante na prevenção de bullying. Proponham aos professores do vosso filho, ou à direção do agrupamento escolar, a realização de alguns workshops com especialistas, de forma a proporcionar aos alunos ferramentas de defesa mais estruturadas.

O acesso à informação pode também ser um gatilho para uma mudança justificada, ou, em último caso, funcionar como um alerta para os bullys, que percebendo o interesse e envolvimento da escola, podem retrair-se de comportamentos mais agressivos.

Ao mesmo tempo, e como adultos, mostrem ser encarregados de educação presentes e interessados, incentivem o envolvimento de outros pais que conheçam, e criem uma rede de amizade entre “crescidos” que force positivamente as relações próximas entre as crianças.

E não hesitem em falar, se o vosso filho for vítima de bullying. Exijam uma posição da escola. Um bom ambiente escolar requere trabalho comum entre todos os pólos de educação, pais e professores, e uma comunicação direta e imediata pode impedir que o bullying se estenda no tempo ou acabe a acontecer também com outras crianças.

5. Independência, hobbies e resolução de problemas

O segredo é só um, no final de tudo: ajudar a criança a reunir em si próprio as ferramentas para não se deixar afetar pelos demais. Para o conseguirem, é fundamental conhecer bem a criança, a sua personalidade e gostos, mas isso não será difícil, afinal ninguém melhor do que os pais para saber ler os filhos. ?

Incentivem as crianças a envolver-se em hobbies que os distraíam e, ao mesmo tempo, os façam sentir-se bem consigo mesmos e com os objetivos que vão atingindo.

É normal que as crianças, quando envolvidas em algo que as motiva, não concedam tanto poder ao que lhes faz mal, ou saibam interpretar de forma diferente as tentativas de “agressão”, física ou verbal, que eventualmente possam sofrer. Quando estamos felizes, a maldade dos outros não nos toca (tanto).

Ao mesmo tempo, ensinem-lhes algumas estratégias simples de “reacção”, ou de não reacção, dependendo de como o vemos, para que se possam defender caso alguém os ataque. Técnicas de respiração, por exemplo, são uma boa aposta. Parece cliché, mas contar até 10 ajuda mesmo. E não incentivem a que “batam também” ou “insultem de volta” caso lhes batam ou insultem – responder com violência.

E quando o bully é o nosso filho?

É o literal reverso da moeda. Afinal, como lidar com a ideia de que a nossa abobrinha, que educámos com tanto carinho e valores, que em casa é obediente e carinhoso, é capaz de fazer, deliberadamente, mal a outras crianças?

A aceitação é parte importante da resolução do problema. Ao negar o óbvio ou ao desvalorizar a situação não estamos, como é fácil de pensar, a defender a nossa criança. Estamos, sim, a mascarar uma verdade que pode trazer consequências graves para o desenvolvimento de outras crianças, mas também para o crescimento saudável e equilibrado da nossa.

É importante perceber que os bullys são também eles vítimas, muitas vezes de si próprios e às vezes dos contextos em que estão inseridos. Uma criança que se sente feliz, com uma auto-estima forte e confiante das suas capacidades, não tem a necessidade de se elevar subjugando os colegas.

Isto não quer dizer que os pais estejam a fazer um mau trabalho, e é importante que não se sintam culpados, caso recebam alguma denúncia ou percebam algum sinal.

Estes são alguns sinais de que o vosso filho pode ser um bully:

  • Desafia constantemente as figuras de autoridade, seja em casa ou na escola;
  • Intimida/subjuga com regularidade os irmãos ou crianças mais novas com quem convive;
  • É uma criança facilmente irritável e explosiva;
  • Não respeita as regras;
  • Tem dificuldade em lidar da forma correta com desafios ou problemas;
  • Mente de forma descontrolada;
  • Mostra-se carente;
  • Recusa falar da escola.

Se forem chamados à escola, ou se descobrirem autonomamente que o vosso filho/educando tem comportamentos violentos com os colegas devem agir de imediato. O primeiro passo é reforçar o amor que lhe têm, explicar-lhe que não precisa de inferiorizar os outros para que lhe reconheçam valor. Também devem conversar com os pais da vítima para que possam resolver o conflito da melhor forma, ensinando a criança a assumir a responsabilidade e incentivando-o a corrigir comportamentos menos positivos.

A pressão que a escola por vezes coloca, a vontade de se mostrar bom o suficiente para as expectativas da família, ou querer desesperadamente ser admirado pelos outros, podem ser algumas das razões por detrás deste comportamento mais violento. Também vale reforçar que as crianças, tal como os adultos, são pessoas, com problemas, qualidades e defeitos, mas cuja capacidade de regulação de emoções e conflitos ainda é insuficiente, quando comparada por exemplo com a nossa. Assim, é importante assumirmos o controlo e a responsabilidade pela gestão do conflito e prevenir ativamente comportamentos violentos.

Ferramentas para ajudar a combater o bullying: livros, jogos e muito mais!

Descobrir como lidar com o bullying nem sempre é fácil. Mas uma das formas mais pedagógicas e interessantes é a de utilizar ferramentas de cultura e aprendizagem que vão ajudar as crianças a melhor entender e aceitar os ataques que sofreram.

Muitos livros, filmes, jogos e iniciativas podem ter um carácter preventivo e de conscientização, já que mostram às abobrinhas o impacto que podem ter os efeitos do bullying. Exploram também as fundações erradas em que se baseia esta violência.

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