Conheçam o atual plano de vacinação e as alterações feitas a partir de 2020.
O atual Programa Nacional de Vacinação contempla a vacina contra o meningococo B, a vacina contra o vírus do papiloma humano para os rapazes e a vacina contra o rotavírus para grupos de risco.
Este plano entrou em vigor a partir de 1 de Outubro de 2020 e pedimos ao pediatra Hugo Rodrigues que partilhasse connosco pormenores sobre cada uma destas novas vacinas.
Não esquecendo que as vacinas foram dos maiores avanços que a Medicina conheceu nos últimos anos e que, por esse motivo, é sempre importante reforçar a sua importância e também desmistificar algumas ideias erradas, deixamos também disponível o episódio do podcast Momento a S.Ó.S, que o rosto do blog Pediatria para Todos gravou com Tânia Ribas de Oliveira.
Podem ouvir aqui:
O que é o Programa Nacional de Vacinação?
Segundo o próprio Serviço Nacional de Saúde, o Programa Nacional de Vacinação é um programa universal gratuito e acessível a todas as pessoas residentes em Portugal. Foi implementado em 1965 e mantém desde o início os seus princípios básicos:
- universalidade, destinando-se a todas as pessoas que em Portugal tenham indicação para vacinação
- gratuitidade, para o utilizador
- acessibilidade
- equidade
- aproveitamento de todas as oportunidades de vacinação
Quais as últimas vacinas a entrar no Programa Nacional de Vacinação?
Meningococo B
Na verdade, não se trata realmente de uma vacina nova, uma vez que já existe há alguns anos no mercado. No entanto, a sua indicação na Europa mudou recentemente, fruto da variação que tem ocorrido neste tipo de infecções. Por esse motivo, vale a pena conhecer um pouco melhor do que se está a falar.
O que é o Meningococo?
O Meningococo é uma bactéria que só afecta o ser humano. Existem diversos tipos conhecidos, mas só seis provocam doença, os tipos A, B, C, W, X e Y.
Trata-se de um microrganismo altamente agressivo, que pode provocar doenças extremamente graves, tais como meningites, sépsis (infecções generalizadas), pneumonias ou outras. Transmite-se através dos adolescentes e adultos jovens, que o podem transportar na sua garganta durante dias ou semanas, passando-o para as outras pessoas através de goticulas respiratórias.
Meningococo A
De momento não é um verdadeiro problema em Portugal. Existe principalmente em países em vias de desenvolvimento, particularmente em África.
Meningococo B
A vacina passa a estar disponível de forma gratuita para todas as crianças nascidas a partir de 1 de Janeiro de 2019.
Meningococo C
Até há poucos anos atrás era o Meningococo mais frequente em Portugal. No entanto, a sua frequência diminuiu significativamente desde a introdução da vacina no Programa Nacional de Vacinação, que é administrada aos 12 meses de idade. Actualmente, os casos de infecção provocada por esta estirpe são apenas residuais no nosso país, mas é fundamental manter a cobertura vacinal para que se mantenha assim.
Meningococo Y
Em Portugal, é o segundo Meningococo mais frequente, atrás do B. Em média, temos tido cerca de 5-7 casos por ano, de forma mais ou menos estável. No entanto, esta estirpe tem aumentado em quase todos os países europeus, sendo que em Espanha já duplicaram os casos nos últimos dois anos. Tem uma mortalidade em torno dos 7% é uma probabilidade de deixar sequelas de cerca de 20%. Devido à tendência crescente na Europa, é uma estirpe que implica um cuidado particular.
Meningococo W
Em relação a estas 4 estirpes é, sem dúvida, a que mais preocupa de momento. Isto, porque surgiu uma forma altamente agressiva desta bactéria, que tem aumentado em todos os países Europeus, incluindo Portugal. Está agressividade traduz-se numa mortalidade extremamente elevada (em torno dos 30%), associada ainda a uma probabilidade de deixar sequelas de cerca de 20%.
Em Portugal o Meningococo W era responsável apenas por 1-2 casos por ano, mas em 2018 esse número aumentou para 5 e, até ao fim de Outubro de 2019, foram notificados já 8 casos. Está tendência está de acordo com o que se verifica nos outros países europeus e, associada à sua gravidade, coloca uma preocupação acrescida.
Em jeito de conclusão, torna-se fundamental reforçar a indicação da Sociedade Portuguesa de Pediatria, que recomenda a vacinação de todas as crianças e adolescentes contra estas 4 estirpes de Meningococo, sempre que possível.
Vírus do papiloma humano
Esta vacina já estava incluída no plano para todas as raparigas, mas passa a contemplar também os rapazes aos 10 anos de idade.
Rotavírus
Não será disponibilizada de forma universal, mas sim apenas para grupos de risco, que estão ainda a ser definidos.
Conheçam o Programa Nacional de Vacinação completo, por idade:
A informação sobre o Programa Nacional de Vacinação foi disponibilizada pelo Serviço Nacional de Saúde. É extremamente importante para a segurança individual e pública que vacinem as vossas abobrinhas!
À nascença:
A 1ª dose da vacina contra a hepatite B (VHB) é recebida à nascença.
Aos 2 meses de idade:
- vacina hexavalente DTPaHibVIPVHB
- 1ª dose contra a difteria, tétano e tosse convulsa (DTPa)
- 1ª dose contra doença invasiva por Haemophilus influenzae tipo b (Hib)
- 1ª dose contra a poliomielite (VIP)
- 2ª dose da vacina contra a hepatite B (VHB)
- 1ª dose da vacina conjugada contra infeções por Streptococcus pneumoniae de 13 serotipos (Pn13)
Aos 4 meses de idade:
- 2ª dose de DTPa, Hib e VIP (vacina pentavalente DTPaHibVIP)
- 2ª dose de Pn13
Aos 6 meses de idade:
- 3ª dose de DTPa, Hib, VIP e VHB (vacina hexavalente DTPaHibVIPVHB)
Aos 12 meses de idade:
- 3ª dose da Pn13
- vacina contra a doença invasiva por Neisseria meningitidis C – MenC (dose única)
- 1ª dose da vacina contra o sarampo, parotidite epidémica e rubéola (VASPR)
Aos 18 meses de idade:
- vacina pentavalente DTPaHibVIP
- 1º reforço de DTPa (4ª dose) e de VIP (4ª dose)
- único reforço de Hib (4ª dose)
Aos 5 anos de idade:
- 2ª reforço (5ª dose) de DTPa e de VIP – vacina tetravalente DTPaVIP.
- 2ª dose de VASPR.
Aos 10 anos de idade:
- reforço da vacina contra o tétano e difteria (Td)
- 2 doses da vacina contra infeções pelo vírus do Papiloma humano de 9 genótipos (HPV9).
Durante toda a vida:
- reforços das vacinas contra o tétano e difteria (Td) em doses reduzidas, aos 10, 25, 45 e 65 anos de idade e, posteriormente, de 10 em 10 anos.
Os adultos não vacinados contra o tétano devem iniciar esta vacina em qualquer idade.
As grávidas não protegidas contra o tétano devem ser vacinadas. Além de se protegerem, evitam o tétano nos seus filhos à nascença.
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