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Peso excessivo das mochilas escolares em Portugal

mochila para crianças

Nenhuma criança deve transportar na mochila mais do que 10% do seu peso corporal, o limite recomendado pela Organização Mundial de Saúde.

É uma realidade que preocupa pais de todo o mundo. Mas também educadores, especialistas e médicos de várias especialidades. Nós na Pumpkin também já demos algumas dicas sobre como escolher as mochilas escolares mais adequadas para as crianças e as nossas escolhas de mochilas escolares.

A história é contada pela DECO no seu site e impressiona pelos números. “Uma criança que pese 32,8 quilos e dentro da sacola transporte 11 quilos de material escolar leva às costas cerca de 34% do seu peso corporal. O máximo que a mochila deveria pesar seria pouco mais de três quilos. Imagine-se o sacrifício desta criança que leva para a escola, diariamente ou quase, um peso apenas ligeiramente inferior a duas paletes de leite (12 pacotes de um litro). Este foi o caso mais extremo com que nos deparámos”.

As crianças são os profissionais de amanhã. As crianças que transportam hoje mochilas escolares muito pesadas começam cedo a ter problemas de coluna, sendo alguns dos mais conhecidos, a hiperlordose lombar, a hipercifose torácica, a escoliose, as hérnias discais, entre outras ocorrências.

Quantos mais estudos precisam de ser feitos? Quantas mais evidências científicas serão necessárias? Quantos mais problemas de saúde as crianças têm de desenvolver? Quantas mais campanhas terão de ser implementadas? Quantos mais planos ficarão no papel?

A Campanha “Olhe pelas suas costas” reconhece a desmaterialização dos manuais escolares (lei 72/2017) como medida de promoção para reduzir o peso das mochilas escolares, mas alerta que ainda há trabalho a fazer nesta área, como indicado na petição pública entregue na Assembleia da República em 2017 e da qual resultou um conjunto de recomendações que a Assembleia apresentou ao Governo em outubro passado.

“As posturas inadequadas à secretária, bem como o excesso de carga na coluna, causam desequilíbrios musculares, mais graves na infância, uma vez que os músculos das crianças não estão preparados para suportar pesos excessivos. É fundamental reduzir a carga excessiva que as nossas crianças e jovens transportam diariamente”, explica Bruno Santiago, neurocirurgião e coordenador da campanha nacional “Olhe pelas suas costas”.

Bruna destaca que o Governo já tomou algumas medidas, mas ainda há muito a fazer pela saúde da coluna dos nossos filhos. “Congratulo o subscritor principal da petição, José Wallenstein, pela sua iniciativa e por não ter deixado cair este assunto.

Entre as mudanças possíveis estão a atribuição de um cacifo por criança, uma melhor organização do horário escolar, a divisão dos manuais em fascículos ou até a existência de uma sala fixa por turma, para evitar transporte desnecessário dos materiais, não esquecendo a promoção e valorização da disciplina de educação física”, explica o coordenador.

Dores de costas em crianças: 4 conselhos para as prevenir

Estudos recentes indicam que a prevalência de lombalgias ou dores lombares, embora mais baixa nas crianças (1-6%), dispara consideravelmente nos adolescentes (18-51%), aproximando-se da prevalência nos adultos. Nos últimos anos, a prevalência de lombalgia na população infantil tem apresentado um aumento significativo, crescendo de 2-11% para 27-51%, dependendo da idade e da população avaliada. Há também estudos que indicam que a prevalência ao longo da vida em indivíduos até aos 20 anos se situa aproximadamente em 70 a 80%.

“Sabemos que as crianças que desenvolvem lombalgia em idade precoce estão mais propensas a sofrer de lombalgia crónica mais tarde”, alerta o neurocirurgião Bruno Santiago, acrescentando que “é muito importante combater o sedentarismo instalado no dia a dia das crianças e jovens.”.

“O excesso de peso contribui também para as dores nas costas, devido ao aumento da carga que a coluna tem que suportar” refere o especialista. 

Apesar da obesidade infantil mostrar uma tendência decrescente em Portugal, os mais recentes dados do estudo Childhood Obesity Surveillance Initiative (COSI), da Organização Mundial da Saúde, revelam que 32% das crianças (7 anos) do sexo feminino apresentavam excesso de peso (incluindo obesidade), o mesmo acontecendo em 29% das crianças do sexo masculino, dados referentes a 2015-2017.

“Os hábitos de vida saudáveis devem ser incutidos desde a infância, através da educação para a saúde com o controlo da alimentação e promoção do exercício físico”, conclui o neurocirurgião.

As doenças especificas da coluna da criança e do adolescente, como a escoliose idiopática e espondilólise podem afetar até 5 pessoas em cada 100, sendo por isso necessário estar alerta e consultar um especialista se as dores nas costas  se prolongarem no tempo ou forem incapacitantes.

Para um regresso às aulas com uma coluna saudável, a campanha “Olhe pelas suas costas” partilha quatro recomendações a ter em conta:

1. Evitar sobrecarregar a mochila escolar

É o principal “inimigo” das crianças na escola: o peso das mochilas escolares não deve exceder 10% do peso corporal da criança. A mochila deve estar bem adaptada nos ombros e à região lombar e o seu tamanho tem de corresponder à idade da criança.

2. Adotar uma postura adequada na sala de aula e enquanto estuda

É na escola que crianças e jovens passam a maior parte do dia. Quando sentados, a postura deve ser: pés a tocar no chão, joelhos em ângulo de 90º e costas bem apoiadas contra o encosto da cadeira. Quando ao computador, é importante que os ecrãs estejam ao nível dos olhos. À medida que a criança cresce é necessário adequar a altura da cadeira. Os pais devem estar alerta também à postura que adotam a jogar videojogos.

3. Praticar exercício físico de forma regular

Combater o sedentarismo é essencial para a saúde da coluna, principalmente na infância. As recomendações internacionais apontam para a prática de 60 minutos diários de atividade física moderada e para a prática de atividade física intensa três vezes por semana, no caso das crianças e jovens entre os cinco e os 17 anos.

4. Controlar o peso

Existe uma ligação entre obesidade e lombalgia, daí que seja necessário controlar o peso. A obesidade e o excesso de peso limitam a qualidade de vida e são fatores de risco para problemas de coluna e outros problemas de saúde, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares ou problemas de natureza emocional.

Campanha Olhe pelas suas costas

A campanha “Olhe pelas suas costas”, lançada em 2009, é uma iniciativa que visa sensibilizar a população para a problemática das dores nas costas, alertar para as suas consequências na vida pessoal e profissional dos portugueses e educar sobre as formas de prevenção e tratamento existentes.

A iniciativa tem a chancela da Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral, da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia, da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia, da Associação Para o Estudo da Dor, da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e conta com o apoio da Medtronic.

Para mais informações, consulte o site e a Página de Facebook da Campanha Olhe pelas suas costas.

Tudo sobre o Regresso às Aulas 2022:

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