A diabetes é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em transformar toda a glicose proveniente dos alimentos. Conheçam os sintomas e como identificar esta doença.
Vivemos momentos de esperança. Atualmente, é possível identificar a Diabetes Tipo 1 (DT1) antes do aparecimento dos sintomas.
Esta é a proposta da campanha “O Seu Filho Tem Um Dedo Que Adivinha”, promovida pela Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP). Esta iniciativa visa realizar o rastreio da DT1 em crianças e jovens, com idade entre os 3 e 17 anos.
Pedimos a Raquel Coelho, Pediatra e Coordenadora Médica do Departamento de Crianças e Jovens da APDP que nos ajudasse a esclarecer questões importantes, para que todos estejamos informados!
- O que é a Diabetes Tipo 1?
- O rastreio da diabetes tipo 1
- Sintomas da diabetes infantil
- Tratamento da diabetes
- O que é “O dedo que que adivinha”?
O que é a Diabetes Tipo 1?
A DT1 é uma doença autoimune, em que o sistema imunológico do próprio impede as células beta do pâncreas de produzirem insulina. A insulina é uma hormona fundamental para a vida e para a regulação da glicose no sangue. Se existir défice de insulina, os níveis de glicose no sangue aumentam, o que pode causar complicações graves.
A DT1 pode surgir em qualquer idade, mas é mais frequente nas crianças, adolescentes e jovens adultos. A causa não é totalmente conhecida, mas existe um componente genético e a interação de fatores ambientais. Cerca de 90% dos casos de DT1 surgem em pessoas sem história familiar desta doença.
Sintomas da diabetes infantil
Os sintomas mais sugestivos de diabetes são: urinar mais frequentemente e em maior quantidade; sede intensa e aumento da ingestão de líquidos; aumento da fome e da ingestão alimentar; perda de peso corporal e sensação de cansaço e de falta de força.
Também pode ocorrer irritabilidade ou infeções recorrentes e, quando o diagnóstico é mais tardio, sinais de desidratação, vómitos, dor de cabeça, dor abdominal, respiração rápida e alterações da consciência.
Os sintomas surgem quando já existe elevação da glicose no sangue e, na altura do diagnóstico, é frequente a existência de deficiência grave de insulina e a ocorrência de cetoacidose diabética, complicação potencialmente grave e que pode colocar a vida em risco.
Perante os sintomas característicos e a suspeita de diabetes, deve recorrer-se, imediatamente, a um serviço médico para determinar a glicemia e confirmar o diagnóstico. O médico irá proceder a outras avaliações importantes e urgentes e iniciar o tratamento com insulina.
Tratamento da diabetes
O tratamento da DT1 implica administração de insulina através de múltiplas injeções diárias com canetas de insulina ou através de uma bomba perfusora, que é um aparelho que administra insulina de forma contínua, através de uma cânula subcutânea que é substituída a cada dois ou três dias.
A abordagem terapêutica requer ainda a avaliação da glicemia várias vezes por dia ou o uso de um sistema de monitorização contínua da glicose, a contabilização dos hidratos de carbono ingeridos e o ajuste das doses de insulina à atividade física.
Naturalmente, esta gestão implica adaptações na rotina diária e múltiplas decisões terapêuticas ao longo das 24 horas, todos os dias da semana.
A gestão da diabetes é exigente e pode ter impacto negativo na saúde e na qualidade de vida, tanto das crianças e jovens, como das famílias e restantes cuidadores.
Para o sucesso da intervenção é primordial assegurar um acompanhamento multidisciplinar regular num centro especializado e educação terapêutica, para que a criança ou o jovem com diabetes, a sua família e os restantes cuidadores adquiram as competências necessárias para lidar com as diferentes situações que vão surgindo no dia a dia.
Reconhecida como um centro de referência mundial no tratamento da diabetes, a APDP dinamiza continuamente projetos educativos e recreativos, oportunidades privilegiadas de convívio e de partilha de experiências e de conhecimento entre as pessoas com diabetes, os seus cuidadores e os profissionais de saúde.

O rastreio da diabetes tipo 1
Atualmente, é possível identificar a DT1 antes do aparecimento dos sintomas, o que se associa a vários benefícios clínicos, como:
- redução da necessidade e duração de internamento
- redução do risco de descompensação metabólica grave na altura do diagnóstico clínico.
Perspetiva-se ainda que, num futuro próximo, as crianças identificadas com DT1 numa fase precoce venham a ter acesso a intervenções que visam atrasar ou mesmo evitar o aparecimento da DT1.
O que é “O dedo que que adivinha”?

A iniciativa “O dedo que adivinha” é uma campanha desenvolvida e promovida pela APDP, integrada num projeto de investigação europeu, que envolve 12 países.
Esta colaboração internacional reflete a importância e o impacto deste trabalho para mudar o paradigma do diagnóstico e do tratamento da diabetes tipo 1. Em Portugal, conta também com a colaboração e participação da Unidade Local de Saúde Matosinhos (ULSM). “O dedo que adivinha” visa a realização de um rastreio para identificar a DT1 antes do aparecimento dos sintomas, em crianças e adolescentes.
O rastreio é gratuito e faz-se através de uma simples picada no dedo, para colheita de uma pequena quantidade de sangue, realizada por profissionais de saúde.
Desde setembro de 2024, as equipas do projeto têm realizado o rastreio em escolas, coletividades desportivas e eventos infantojuvenis. A realização do teste pode também ser realizada nas instalações da APDP ou na ULSM. Para agendar, basta enviar um e-mail para: [email protected].
Podemos fazer a diferença! Um teste simples pode mudar o futuro.

Próximos Rastreios:
Locais de rastreio (sem marcação)
- 17 de maio, 9h00-13h00 | Salão do Pavilhão Desportivo do ACD Milharado (Rua Anselmo Manuel Carreira, 63, Milharado) – em parceria com Farmácia Afonso Medeiros e ACD Milharado
- 1 de junho, 14h00-18h00 | Feira da Ascensão, Parque Urbano da Romeira, Alenquer
- 7 e 8 de junho, 11h00-18h00| Feira do Livro, Parque Eduardo VII de Inglaterra, Lisboa
Locais de rastreio (com marcação)
LISBOA
- APDP (Rua Rodrigo da Fonseca, n.º 1 | Lisboa), em dias úteis, das 09h30 às 15h30.
Caso deseje marcar o rastreio na APDP, um dos pais/tutores legais da criança/jovem deve preencher o formulário de consentimento informado.
Após a submissão, aguarde o nosso contacto.
MATOSINHOS
- Hospital Pedro Hispano | Consulta Externa de Pediatria (Rua Dr. Eduardo Torres | Senhora da Hora, Matosinhos), em dias úteis, das 08h30 às 19h30.
Caso deseje marcar o rastreio no Hospital Pedro Hispano, um dos pais/tutores legais da criança/jovem deve preencher o formulário de consentimento informado.
Após a submissão, aguarde o contacto da APDP.
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