Elogios que fazem bem: como elogiar corretamente as crianças? - Pumpkin.pt

Elogios que fazem bem: como elogiar corretamente as crianças?

Sabiam que nem todos os elogios têm efeitos positivos? É importante saber como elogiar para promover o desenvolvimento saudável das crianças.

“Bom trabalho!”, “És tão bonita” ou “És mesmo inteligente” são frases que dizemos aos nossos filhos com o coração e todas as boas intenções. Mas a verdade é que estes elogios podem muitas vezes ter efeitos negativos na motivação e na auto estima das crianças.

Como podemos, então, elogiar as nossas crianças de forma construtiva? Com a ajuda da Inês Afonso Marques (Oficina de Psicologia)e daMagda Gomes Dias (Mum’s The Boss e da Escola de Parentalidade e Educação Positivas), reunimos algumas dicas que fazem toda a diferença. Espreitem abaixo e toca a melhorar esses elogios!

Que elogios têm efeitos negativos?

Não existem elogios certos e elogios errados, mas a verdade é que há vários estudos que revelam padrões no que toca aos elogios com efeitos negativos para a auto estima e motivação das crianças. Isto pode depender tanto da formulação do elogio como da própria situação à qual diz respeito e mesmo à personalidade da abobrinha que o recebe.

Mas, afinal, que elogios são estes que não funcionam como gostaríamos?

Por um lado, os elogios exagerados, que podem fazer com que uma criança com baixa auto estima sinta uma pressão para apresentar sempre um bom desempenho, tornando-se contraproducentes. São elogios como “És o mais inteligente da turma!” ou “Esse desenho está perfeito!”.

Por outro, elogios genéricos e constantes podem fazer com a criança crie uma dependência do elogio. Do mesmo modo, os elogios muito abrangentes, vazios ou pouco genuínos podem reprimir a motivação em vez de a estimular.

Tendo isto em conta, podemos reformular a forma como elogiamos as crianças (e até os adultos!) à nossa volta para que as nossas palavras tenham o efeito positivo e transformador que realmente desejamos. Vamos a isso?

Como fazer elogios construtivos?

Existem algumas indicações que nos podem ajudar construir elogios que fazem com que a criança elogiada se sinta motivada e verdadeiramente valorizada. São elas…

Ser claro e específico

É importante fazê-los saber que estamos atentos e valorizamos aquilo que eles fazem. Mais do que isso, é crucial transmitir-lhes o que é que, dentro do que fazem, é elogiável e deve ser repetido ou desenvolvido.

“És um ótimo ajudante.” é diferente de “Reparei que dobraste todas as meias, que estavam na cesta, e que as colocaste nas respetivas gavetas, sem ser necessário pedir a tua colaboração.”

A Oficina de Psicologia sugere:

  • Em vez de… És uma artista. Experimente… Adoro as cores vivas que escolheste para colorir o arco-íris. Fala-me um pouco do teu desenho.
  • Em vez de… És mesmo inteligente. Experimente mais vezes… Gosto de te ver a pensar. Admiro o esforço que fazes para perceber como as coisas funcionam.

Evitar avaliações

Elogiar aquilo que eles fazem bem traz sensações positivas, alimenta o ego e a segurança… menos quando não o faz. De forma continuada, os elogios podem deixá-los dependentes de um reforço externo, de uma avaliação positiva que lhes confirme sempre que fizeram bem – mas sabemos que isto nem sempre acontece.

Por isso, uma vez mais, é importante fazer com que os nossos elogios não sejam avaliações – o importante são os detalhes, o esforço e o processo, independentemente do resultado.

A Mum’s The Boss sugere:

  • Em vez de… Uau, este H esta mesmo bem desenhado. Experimentar… Vejo que te esforçaste porque está igual ao modelo.
  • Em vez de… Que bonita que estás hoje! Experimentar… Gosto muito quando vestes essa camisola vermelha.
  • Em vez de… Parabéns! Grande miuda! Experimentar… Foste capaz de dizer ao teu professor que achavas que ele tinha sido injusto mesmo estando com receio que ele te castigasse.

Ser genuíno

Se o elogio não for verdadeiro, eles podem, por um lado, perceber isso, e, por outro, criar expectativas irreais sobre o seu desempenho.

Os elogios exagerados (fora de proporções ou com advérbios como “incrivelmente” ou adjetivos como “perfeito”), que temos tendência para fazer, podem estimular crianças com elevada autoestima mas, pelo contrário, inibir crianças menos confiantes perante novos desafios, de acordo com um estudo da Ohio State University.

Por isso, é importante que os elogios que dirigimos às crianças tenham uma base de verdade, que venham do coração e que sejam pessoais.

O tópico anterior contribui para este: ao dizermos “Gosto muito do azul que escolheste para pintar o céu” em vez de “Uau, esse céu parece mesmo real!” estamos a enaltecer um detalhe específico e a mostrar à criança que estamos atentos.

Focar no processo

Dizer “Tiveste boa nota! És tão inteligente!” é muito diferente de dizer “Reparei em como te esforçaste para aquele teste. Bom trabalho, estou orgulhoso.”. Com a primeira frase, a criança pode internalizar que a inteligência é inata, e portanto que foi ela, e não o esforço que ela fez, responsável pela boa nota.

Ao fazer o segundo elogio, pelo contrário, estamos a valorizar o trabalho e o tempo que a abobrinha investiu no estudo para aquele teste, mostrando-lhe que se se continuar a esforçar conseguirá ultrapassar também outros desafios com sucesso. Devemos elogiar o processo, e não o resultado!

Isto abre também margem para fazer elogios com efeitos positivos mesmo perante resultados menos satisfatórios. “Tiveste má nota no teste desta vez, mas sei que tens capacidade para, com esforço, melhorar no próximo!”

A Oficina de Psicologia sugere:

  • Em vez de… Que bela vitória. Quantos golos marcaste? Experimente mais vezes… Como te sentiste durante o jogo? Pareceste-me tão orgulhoso com a forma como puseste em prática as dicas que o treinador de teu.
  • Em vez de… Parabéns pela tua nota no teste. Experimente mais vezes… Admiro a forma responsável como te preparas para um teste e este não foi exceção. Parabéns.”

Observar o efeito e re-adaptar

Nem todas as crianças reagem da mesma forma aos elogios. É importante perceber o que resulta com as nossas abobrinhas, pedir-lhes feedback e conversar sobre o que sentem.

Sentem que alguns elogios são exagerados? Sentem que os pais são verdadeiros quando as elogiam? Em que é que sentem que são melhores ou piores? Em que é que gostavam de melhorar?

Compreender a forma como as crianças processam os elogios que lhes fazemos e as áreas em que precisam de uma motivação extra é o primeiro passo para criar crianças otimistas e confiantes.

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