Adolescência, o desafio de crescer: Como Mindfulness pode ajudar para adolescentes
A adolescência é um período chave da vida do ser humano em que ocorrem mudanças profundas, tanto ao nível do desenvolvimento físico como psicológico.
Estas mudanças, que vão acontecendo ao longo de todo o período da adolescência, trazem desafios com os quais, frequentemente, os adolescentes têm dificuldade em lidar. O adolescente já não tem a mesma visão do mundo, nem se relaciona com ele, como quando era criança. Altera-se a forma como comunica e como se comporta.
Existe uma maior predisposição para correr riscos, o que pode significar explorar o desconhecido, abrir horizontes, mas por outro lado, pode representar excessos e comportamentos de risco.
Adolescência: Poderosas transformações a nível do cérebro
Durante a adolescência, sucedem-se mudanças cruciais, para o desenvolvimento do cérebro, profundos processos de reorganização, a nível estrutural, e reconfiguração ao nível dos principais sistemas cerebrais.
Todas estas alterações permitem que o cérebro se torne mais eficiente, funcionando de forma mais rápida e mais sofisticada. Há uma melhoria das funções cognitivas, aumenta a capacidade de tomada de decisão e de resolução de problemas. A comunicação torna-se mais coordenada e integrada. O adolescente prepara-se para lidar com um contexto mais complexo, que lhe permite expandir os horizontes de vida, para além do seu mundo de criança.
Mas todas estas alterações não surgem de um dia para o outro. As várias áreas e sistemas do cérebro estão em constante desenvolvimento e integração, umas com as outras, de uma forma gradual, até cerca dos 22 aos 25 anos. Durante todo este período, os adolescentes estão a aprender a utilizar as novas competências e a adaptar-se à maior complexidade com que agora têm que lidar.
Todas estas mudanças preparam os adolescentes para sair da sua zona de conforto, rumo ao desconhecido, incerto e inseguro. Estão a adquirir autonomia e independência, que os prepara para a vida adulta. Por isso, não é de estranhar que muitas vezes se sintam confusos e desorientados, mostrando-se frequentemente incoerentes, temperamentais, impulsivos, ansiosos e precipitados.
O desenvolvimento de competências socioemocionais na adolescência
Para além de todas estas mudanças, os adolescentes têm mais responsabilidades. O percurso escolar e o futuro são, frequentemente, causa de grandes níveis de stress e ansiedade. Por todas estas razões, torna-se imprescindível o desenvolvimento de competências socioemocionais.
A capacidade de atenção e de concentração e a autorregulação emocional são a base para o desenvolvimento de outras competências, e são determinantes para o futuro sucesso e realização profissional, para a qualidade de vida e saúde, e para relacionamentos familiares e sociais felizes e gratificantes.
Aprender a estar no presente, a desenvolver autoconsciência pode fazer toda a diferença na forma como se vai desenrolar esta fase, nomeadamente em relação a aspetos específicos que caracterizam a adolescência:
– Experiências novas: o apelo pela novidade, por aquilo que é desconhecido, o que não é familiar, frequentemente, gera a tendência para o risco, para o perigo, para testar os limites. Mas quando têm a oportunidade de se conhecerem a si próprios, para saberem do que gostam, esta necessidade de experiências novas vai dar-lhes a oportunidade de explorar coisas novas, de descobrir novas formas de fazer as coisas, de descobrir talentos e desenvolver a criatividade, sentindo-se realizados e trazendo motivação e empenho ao que fazem.
– Intensidade emocional: na adolescência há uma grande sensibilidade às reações emocionais. É preciso aprenderem a identificar as emoções, para que consigam tomar consciência do que sentem, no exato momento em que estão a sentir, e saberem o que fazer com o que estão a sentir. Assim, quando surgem as tempestades emocionais aprendem a lidar melhor com elas, sem se perderem em estados de ansiedade, preocupação ou frustração.
– Conexão e grupo: os adolescentes têm tendência a se afastarem da família, aproximarem dos amigos da mesma idade e a identificarem-se com o grupo, onde procuraram suporte emocional. Nesta fase, desenvolverem autoconsciência, conhecerem-se a si próprios é fundamental, para saberem encontrar as suas próprias respostas, para terem a capacidade de realizar as suas próprias escolhas, para se respeitarem e conhecerem o seu valor. Assim, vão ser capazes de evitar escolhas que os prejudicam, e que poderiam fazer apenas para serem aceites, apenas para se sentirem integrados no grupo.
Aprenderem a estar presentes quando comunicam, aprenderem a ouvir, a desenvolver empatia permite estabelecer conexões fortes e autênticas, criando relacionamentos saudáveis que trazem um senso de pertença e de apoio social.
A adolescência é uma fase de mudança e desafios, mas também é uma fase de muitas oportunidades. Aprender a estar presente vai permitir vivê-la de uma forma mais plena.
Artigo de: Susana Rocha, Professora de Mindfulness | Blog “Aqui e Agora” de Educar Emoções – Centro de Mindfulness para a Educação
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