Porque é que os adolescentes parecem tão distantes dos pais? - Pumpkin.pt

Porque é que os adolescentes parecem tão distantes dos pais?

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Quando os filhos se tornam adolescentes, não é raro que a relação pais-filho pareça ficar um bocadinho abalada, como se, pais e filhos, por vezes, se sentissem quase que como desconhecidos.

Assim, aos pouquinhos, de falta de colo em falta de colo, o adolescente começa a sentir-se cada vez mais isolado e mais sozinho por entre as paredes da sua casa, e onde antes olhava e tinha o melhor do mundo, agora tem qualquer coisa de ambíguo, onde o seu lugar parece estar a tremer. E aqui qual é o papel dos pais?

O que fazer quando os nossos filhos começam a rejeitar-nos e a centrar o seu interesse em tudo, menos em manter uma relação próxima connosco? A Escola do Sentir responde-nos!


Quando nasce um bebé, os pais tornam-se o centro do mundo para esse bebé. À medida que o bebé vai crescendo, os pais, cada vez mais, sentem-se o mundo todo para aquela criança; afinal, o pai e a mãe é que sabem tudo e são os melhores do mundo.

Ali pelos 12 anos, – em alguns casos um bocadinho mais tarde, outros um bocadinho mais cedo – os pais são quase como que atirados para fora do trono dos filhos; como se, de repente, os pais já não fossem os melhores do mundo e tivessem deixado de saber tudo aquilo em que, outrora, eram os melhores.

Mas porque é que os pais deixam de ter encanto para os filhos quando estes se tornam adolescentes? Não, não é verdade que os pais deixam de ter encanto. Simplesmente, os filhos passam a ver mais encantos para além dos pais. E, aí, é altura de os pais se chegarem à frente e rivalizarem com os amigos, com as saídas à noite, com todo um conjunto de novos interesses dos filhos, que – agora, mais crescidos – se estão a abrir para todo um mundo novo.

O que nos preocupa não é que, por vezes, os adolescentes atirem os pais para longe si na ânsia de respirar um novo ar, um novo mundo – isso é normal e até, consoante o gradiente, desejável – preocupa-nos, sim, que à boleia do empurrão que os adolescentes fazem aos pais, alguns pais se demitam do papel de pais, assumindo uma postura de “se ele não quer estar comigo, ou conversar comigo, então não vou conversar mesmo”.

Ser pai de um adolescente, exige tolerância e muita sabedoria, para que, com sensibilidade, cada vez que um filho adolescente empurra um pai bem para longe, o pai se permita ir, mas não demasiado, – nunca por nunca ser, içando a âncora e deixando o filho adolescente à deriva -, para que, um pouco mais tarde, o possa puxar, de novo, para junto de si.

Acontece que, não raras vezes, os pais na ânsia de proteger a criança – agora, adolescente, mas sempre novo demais no coração dos pais – quebram-lhe a liberdade e colocam-lhe fortes barreiras à sua autonomia, ora, isto, para além de não puxar o adolescente para junto dos pais, impede-o de crescer!

Assim, se a mãe ou o pai, não dão espaço ao adolescente para poder explorar o mundo, na segurança do calor dos pais, ele, com toda a sua rebeldia, vitalidade e vontade de fazer acontecer, vai fazê-lo contra a vontade dos pais e isto vai, gradualmente, abrir um hiato na relação dos pais com o adolescente e assim, pouco a pouco, cada vez se vão distanciado mais. Às vezes, os pais nem sabem bem, no seu intimo, se estão a proteger a criança (agora, adolescente!), ou se estão a proteger o seu medo de que, aquele filho cresça demasiado rápido e se torne independente demasiado rápido. E, aí, dentro dos pais paira a questão, “o que será de nós sem este filho, presente a tempo inteiro até agora?”, porque, muitas vezes, há pais e mães, que têm nos filhos todo o amor do mundo.

É importante que os pais nunca percam de vista, que um ter um filho adolescente implica criar uma âncora suficientemente forte, mas com uma corda suficientemente longa, em si próprios que, permita à criança – lembrem-se, agora adolescente! – ir conquistando gradualmente a sua autonomia, a sua liberdade e a sua exploração do mundo, dos amigos, da sexualidade, .…

Nessa ancoragem, os pais devem ser capazes de respeitar o espaço do adolescente, devem ser capazes de conter a sua revolta, mas, atenção!, nuca permitindo uma hostilidade ou violência aberta e manifesta para com os pais, – sim, o adolescente pode ser, por vezes, insolente, pode, por vezes, estar revoltado, discordar de várias questões, mas, nunca por nunca ser, lhe podemos permitir que seja violento ou magoe deliberadamente os pais – assim, é preciso permitir-lhe sim, com mestria, que ele expresse tudo o que sente, sem que isso magoe o próximo.

Muitas vezes, aquilo que os pais nos transmitem, é que quando os filhos se tornam adolescentes é quase como e se perdesse o bem-estar e a harmonia familiar, dizem-nos: “ele não fala connosco”, “ele ignora-nos”, “ele não se importa com nada do que dizemos”. Ora, vamos desmistificar esta questão, sim, porque, espantem-se, mas, os adolescentes falam!!

Os adolescentes desejam partilhar o que vai dentro deles, mas, na grande maioria das vezes – e, se olharmos para nós adultos, isto não é assim tão raro também entre os adultos – não encontram ninguém à volta deles, em quem sejam capazes de confiar o turbilhão que vai dentro de si, isto é, alguém ao pé de quem possam de falar das suas dores e das suas conquistas, sem sentirem que serão julgados ou alvo de incompreensão. E, é por isso, que os adolescentes não falam!

Se, com os sentidos bem apurados, formos sentindo aquele adolescente, vamos puder criar momentos de cumplicidade e são esses momentos que o vão puxar bem para junto de nós, e fazê-lo conversar, pois, só com partilha e cumplicidade conseguimos ter adolescente junto dos pais. É essencial que os pais fiquem na retaguarda a dar vida e espaço ao filho e a deixa-lo expandir-se, na certeza de uma âncora, no mais intimo dos pais, que, no limite, o vai proteger e manter seguro.

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