Associação SOS Racismo: mais do que contra o racismo, precisamos de ser antirracistas! - Pumpkin.pt

Associação SOS Racismo: mais do que contra o racismo, precisamos de ser antirracistas!

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Já todos ouvimos falar da SOS Racismo, e reconhecemos a sua relevância e missão. No entanto, sabem quais os projetos desenvolvidos pela associação e como ajudar a combater este problema social?

Mais do que nunca, sentimos a necessidade de nos unirmos, apoiar iniciativas com as quais alinhamos os nossos valores, dar espaço para que todas as vozes cheguem a quem precisa de as ouvir.

Por isso, a Pumpkin vai dar a conhecer o trabalho incrível que tantas associações fazem no nosso País, e dizer-vos como podem contribuir, às vezes sem qualquer custo, para alimentar os sonhos de todos. Estas são as Causas que Apoiamos!

Causas que Apoiamos: SOS Racismo

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Qual é a importância e a missão da associação SOS Racismo?

O Movimento SOS Racismo luta, há 31 anos, por uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos e todas tenham os mesmos direitos, independentemente da sua origem, cor de pele, etnia, religião, orientação social ou classe social. Lutamos com outros coletivos e organizações para pressionar a mudanças legislativas, políticas e de ação afirmativa para essa mudança de paradigma.

Debatemos nas Escolas e no espaço público para desconstruir preconceitos e colocar o racismo na ordem do dia.

Como é que começou a vossa história? 

O SOS Racismo é criado após o assassinato dum dirigente político por um grupo de neo-nazis em Outubro de 1989.

Com o crescimento de movimentos neo-nazis, nomeadamente nas claques de futebol, com o discurso da Europa fortaleza e controlo de imigração na então CEE, um conjunto de ativistas achou que era urgente a criação duma associação anti-racista em Portugal. A associação é criada a 10 de Dezembro de 1990 e oficializada em 1993.

Quais são as vossas principais áreas de intervenção? Que projetos estão a desenvolver neste momento?

A principal área de intervenção do SOS Racismo é a denúncia e pressão política para as mudanças legislativas que combatam as desigualdades no acesso a bens e serviços das pessoas racializadas.

É essencial perceber que o racismo estrutural prejudica a vida das pessoas racializadas em diferentes níveis (acesso à educação, habitação, emprego e estruturas de decisão). Dar-lhes visibilidade é permitir que ocupem o lugar a que têm direito.

Quantas pessoas racializadas temos nas administrações de empresas, na academia e no ensino? No parlamento ou nas Autarquias? Para além das denúncias públicas e dos debates em ambiente escolar, temos dois importantes acontecimentos anuais.

Em junho, nas festas da cidade de Lisboa, o SOS Racismo organiza a Festa da Diversidade, onde, ocupando um lugar central da cidade, é possível reunir diferentes associações de imigrantes numa mostra cultural, gastronómica, com debates, eventos musicais das diferentes comunidades.

No Porto, sempre no mês de outubro, organizamos a MICAR-Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista, onde, segundo um tema agregador, mostramos cinema temático, não comercial e de acesso gratuito com debates no final de cada filme.

Durante a edição da Micar temos a Micarzinha, destinada às crianças em idade escolar com o objetivo de desconstruir preconceitos usando o cinema como mote.

Periodicamente o SOS Racismo publica obras de interesse na temática do racismo. A última publicação foi o Dicionário da Invisibilidade onde podemos ver cerca de 3000 entradas de ativistas, políticos, artistas, cientistas que não constam nos dicionários e enciclopédias “tradicionais”. Pessoas, cujo sistema colonialista e Eurocêntrico votou ao silêncio e à invisibilidade.

O podcast Viemos para Ficar engaja-se nas lutas do presente, perspectivando, projectando e propondo um outro mundo possível.

Trabalham diretamente com crianças, quer a nível preventivo – por exemplo, nas escolas – quer ativo, oferecendo diretamente apoio a famílias racializadas que tenham sofrido abusos?

Os debates nas Escolas são uma das principais atividades da associação. Tendo em conta que trabalhamos exclusivamente com voluntários/as ativistas, o apoio, que habitualmente tem de ser também jurídico, não fazemos porque não dispomos de meios humanos para o fazer.

Pontualmente é possível fazê-lo, mas o habitual é oferecermos aconselhamento e acompanhamento dos casos.

E daqui a 20 anos? Acreditam que o antirracismo, como luta para combater a violência, a desigualdade, a pobreza, a lacuna de oportunidades e a exclusão social, terá já alcançado muitos dos seus objetivos? É nas gerações futuras que reside parte da solução na quebra destas amarras estruturais?

Tendo em conta os 31 anos da associação e o trabalho já desenvolvido, achamos que estamos longe do objetivo. Parece-nos evidente que é através da educação, formação e informação que ganhamos consciência da real dimensão do racismo e das suas repercussões nas sociedades.

O racismo está ligado às estruturas de poder criadas pelo capitalismo, neo-liberalismo, pela manutenção do privilégio branco. São esses sistemas que permitem que as desigualdades, como as conhecemos, se mantenham. Será necessária muita vontade política para mudar. Evidentemente que há esperança nas novas gerações, de outra forma o SOS Racismo não persistiria ao fim de tantos anos.

Como sobrevive uma associação? Onde encontram investimentos, apoios, parceiros e a equipa certa? Implica muita burocracia?

O SOS Racismo vive exclusivamente das quotas dos seus sócios, de donativos e da venda das suas publicações e de algum merchandising.

Sempre que possível, submetemos projetos a financiamento, o que nos permite trabalhar com as comunidades duma forma mais próxima continuada.

Muito trabalho é feito em parceria com outras associações que têm exatamente as mesmas dificuldades, mas o trabalho em rede permite chegar a mais pessoas e trabalhar todos os âmbitos da discriminação (origem, etnia, gênero, orientação sexual, emergência climática, habitação, etc).

Qual a importância das associações no tecido humano e económico de uma sociedade?

A maioria das ONGs fazem o trabalho que o Estado não faz.

O trabalho preventivo e emergencial para combater as desigualdades e a exclusão social é garantido através das iniciativas de tantas associações e movimentos da sociedade civil. O princípio da solidariedade é também um garante do apoio a comunidades habitualmente excluídas.

A pandemia de COVID-19 colocou-vos novos desafios? Como os têm ultrapassado?

Para além de ter posto a nu as desigualdades, o Covid-19 diminuiu a capacidade de muitas associações de trabalhar no terreno, de reunir e de se manifestar.

Claro que tivemos de nos adaptar e, através das novas ferramentas informáticas, passamos a criar iniciativas online (webinars, podcasts, entrevistas, manifestos conjuntos e reuniões de trabalho).

Muitas destas ferramentas trouxeram, para além dos desafios, novas oportunidades. É possível manter as iniciativas no digital e no presencial e julgamos que é uma mais valia.

Como é que os portugueses podem contribuir para esta causa, fazendo-a de todos nós?

Para além da contribuição direta através de donativos, cada um/a de nós pode, primeiro, fazer um trabalho de desconstrução pessoal.

Todos/as nós discriminamos porque fomos educados numa sociedade racista e normalizamos discursos e hábitos. Temos de aprender a mudar esse discurso.

Devemos também ser pró-ativos na denúncia de casos de racismo e xenofobia. As denúncias são anónimas e devem ser feitas no site da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial.

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