Um estudo americano conclui que os jovens que usam mais as redes sociais sentem-se mais solitários.
Redes sociais e crianças. O debate é longo. A Life Academy traz-nos um texto que nos ajuda a entender melhor os perigos a que estão expostos os nossos filhos e como devemos orientá-los para uma utilização mais controlada da rede.
Um estudo publicado no Jornal Americano de Medicina Preventiva (Março, 2017) sugere que quanto mais tempo o jovem usa as redes sociais digitais, mais provável é que se sinta socialmente isolado. A investigação desenvolvida pela Universidade de Pittsburgh, com base em dados recolhidos no Children’s Hospital de Pittsburgh, aponta que, para além do tempo dedicado à presença online, a frequência e intensidade do uso de redes sociais foi associada a um aumento do isolamento social.
Esta conclusão vem contrariar a crença instalada de que as redes sociais ajudam a reduzir o isolamento social entre os jovens, sobretudo nos casos em que a pessoa não se sente ligada aos outros e tem dificuldades num verdadeiro envolvimento. Quando o jovem não tem um sentimento de pertença social, nem consegue gerar relações verdadeiramente envolvidas ou manifesta relacionamentos pouco satisfatórios, o uso das redes sociais não ajuda a reduzir o isolamento social percecionado.
Podemos questionar: mas o que terá vindo primeiro? O jovem vive com dificuldades relacionais e dedica-se, para compensar, às redes sociais. Ou por dedicar mais tempo à presença nas redes sociais, dispõe de menos tempo no contacto real direto? Podemos imaginar, que sim, o jovem que inicialmente se sente socialmente isolado se volte em alternativa para as redes sociais. Mas se o isolamento social veio em primeiro lugar, este não parece ser aliviado por passar tempo online, mesmo em supostas situações “sociais” como grupos no Facebook, Instagram, Snapchat ou mesmo jogos online com chat.
O autor principal desta investigação, Brian A. Primack, MD, Ph.D., professor de medicina e pediatria, refere que esta é uma questão importante para estudar, porque os problemas de saúde mental e isolamento social atingem níveis elevados entre os jovens. Sabemos ainda que o isolamento social está associado a um risco aumentado de mortalidade.
“Somos inerentemente criaturas sociais, mas a vida moderna tende a compartimentar-nos em vez de nos unir. Embora possa parecer que as redes sociais apresentam oportunidades para preencher esse vazio social, acho que este estudo sugere que pode não ser a solução que as pessoas esperavam”.
Os participantes, jovens adultos dos 19 aos 32 anos, que usavam as redes sociais mais de 2 horas por dia tinham o dobro das probabilidades de isolamento social percebido do que os jovens que passavam menos de meia hora em redes sociais por dia. O fator tempo parece determinante por não existir, durante aquele tempo, o desenvolvimento de qualquer tipo de relação real, como estar em família, conversar com amigos ou jogar um jogo.
Se equacionarmos que os jovens estão em contextos formativos estruturados cerca de 7 a 8 horas por dia, mais 2 horas “ligados” às redes sociais, pouco tempo resta para estabelecer relações verdadeiramente satisfatórias, sobretudo se pensarmos que crianças e jovens estão ainda a treinar as suas formas de ser e de se relacionar.
Outro aspeto que foi determinante para este estudo prende-se com a frequência na procura das redes sociais: os participantes que visitaram várias plataformas de redes sociais 58 ou mais vezes por semana chegavam a triplicar as probabilidades de isolamento social percebido do que aqueles que visitaram menos de nove vezes por semana.
Na procura da construção de si, o olhar para os outros e ver como fazem é determinante no desenvolvimento do jovem, porém isto acontecia maioritariamente em contextos reais e relacionais. As alterações impostas pelas tecnologias como a televisão, computadores e internet acessível em qualquer lugar, faz com que seja mais difícil relacionarmo-nos em qualquer lugar. Já reparou qual o panorama nos restaurantes ou ainda nos transportes públicos? E em nossa casa?
Os autores apresentam várias teorias sobre como o aumento do uso de redes sociais pode alimentar sentimentos de isolamento social:
– O uso de redes sociais substitui-se às experiências sociais mais autênticas porque quanto mais tempo uma pessoa gasta on-line, menos tempo há para as interações do mundo real;
– Certas características das redes sociais facilitam sentimentos de exclusão, por exemplo quando o jovem vê fotografias dos amigos a divertirem-se num evento para o qual não ele não foi convidado;
– O jovem fica exposto a representações altamente idealizadas da vida dos outros, o que pode provocar sentimentos de inveja e a crença distorcida de que os outros levam vidas mais felizes e mais bem-sucedidas.
Claro que se trata de um estudo em larga escala que aponta tendências gerais e que estas podem ou não aplicar-se a cada indivíduo. Para algumas pessoas, o uso de certas plataformas de maneiras específicas pode trazer conforto e conexão social através dos relacionamentos nas redes social. No entanto, os resultados do estudo lembram que, em geral, o uso das redes sociais tende a ser associado com o aumento do isolamento social e não a sua diminuição.
Quais as plataformas de rede social mais populares? Facebook, YouTube, Twitter, Google Plus, Instagram, Snapchat, Pinterest e LinkedIn.
Limiar de alerta tempo > 30 minutos diários
Limiar de alerta frequência procura > 9 vezes por semana
Seja responsável, fico atento ao bom uso das tecnologia de forma geral, e às redes sociais de forma específica. Na criança, é o adulto que tem que controlar o uso.
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