Sempre o ouvimos dizer, mas a educação começa mesmo a ser construída em casa.
A primeira palavra que um bebé ouve abre-lhe o mundo da linguagem, preparando-o para um caminho de exploração e descobertas. Quando a formação escolar se inicia, muitos são os pais que pensam que o seu papel como educadores terminou, mas a verdade é que a educação de qualquer criança é uma responsabilidade partilhada por pais, outros cuidadores familiares, escola e professores.
Descobertas feitas num estudo desenvolvido pela PISA demonstram que o envolvimento dos pais na educação é fulcral para o sucesso das crianças ao longo do seu percurso académico – e também na vida.
Os resultados deste estudo acalmam também os medos daqueles pais que pensam não ter tempo ou conhecimentos suficientes para ajudar os seus filhos a alcançar sucesso escolar. O envolvimento parental que está associado a uma melhor performance escolar requer pouco tempo e nenhum conhecimento especializado – aquilo que conta é o interesse genuíno e um envolvimento activo.
O que podem então fazer os pais?
1. Nunca é demasiado cedo – ou demasiado tarde – para nos envolvermos na educação da criança
A grande maioria dos pais sabe, por instinto, que passar mais tempo com as suas crianças e envolver-se na sua educação lhes trará uma maior estabilidade na vida. Mas dado que essa maioria de pais tem também que gerir as responsabilidades no trabalho e em casa, a verdade é que parece nunca existir tempo suficiente.
Às vezes, os pais também se sentem relutantes em oferecer ajuda na resolução dos trabalhos de casa porque têm receio de terem esquecido aquilo que aprenderam na escola ou de não ter conhecimentos suficientes sobre alguma matéria específica. Alguns pais acreditam ainda que a responsabilidade de ensinar compete apenas à escola.
As crianças demonstram uma maior habilidade para ler e aprender quando os pais se envolvem na sua educação e quando os pais valorizam também eles a leitura. Assim sendo, a aprendizagem é mais efectiva quando é o resultado do esforço conjunto de escola, professores e comunidade.
Os especialistas apontaram que pais mais envolvidos ajudam os filhos a desenvolver a linguagem e a noção fonética, garantindo assim a aquisição de competências necessárias para planear, organizar e estar consciente do processo de aprendizagem.
As crianças nesta situação, apresentam, num geral, maior motivação para aprender, e têm um maior controlo da sua performance académica porque adaptam a atitude positiva dos pais para ultrapassar os desafios escolares. Estas são estudantes mais familiarizados com as tarefas exigidas na escola e com um maior gosto pela leitura.
Este envolvimento na educação da criança deve iniciar-se a partir do momento do nascimento, e ser contínuo desde então. Cantarolar canções de embalar ou murmurar palavras ternurentas são introduções válidas ao mundo da linguagem.
2. Pais que lêem, filhos com maior rendimento escolar – principalmente em Portugal
Independentemente da classe social da família e do ordenado auferido pelos pais, as crianças a quem os familiares lêem desenvolvem um maior gosto pela leitura do que aquelas a quem os pais nunca leram um livro ou leram-nos numa frequência irregular.
O estudo refere que esta relação se verifica com maior incidência em Portugal, e também na Alemanha, na Hungria e na Coreia.
A grande maioria dos pais não pensa num “complemento” importante à escola: o desenvolvimento de hábitos de leitura.
Durante o seu primeiro ano de escolaridade, por volta de um quarto das crianças, em média, não tem quem lhes leia regularmente. E à medida que lutam por aprender a ler as suas primeiras frases, apenas 40% dos jovens procura ler um livro ou vê os pais, também eles, a desfrutar da leitura. Dado que os pais são um exemplo a seguir para os filhos, é crucial que estes transmitam o valor da leitura da melhor forma possível: lendo.
3. Discutam política com as crianças
As crianças mais velhas também beneficiam do envolvimento dos pais. Conversar com adolescentes sobre temáticas sociais e políticas, ou sobre livros, filmes e programas de televisão, está relacionado a uma melhor performance escolar.
Em todos os países e economias, estudantes com contextos familiares semelhantes que discutem política com os pais alcançam melhores performances escolares do que aqueles que não têm esse tipo de conversa em casa. Em média, Na Nova Zelândia, no Panamá, no Qatar e em Portugal, os resultados podem variar em mais de 15 valores.
Ter conversas abertas sobre temáticas sociais ou culturais permite às crianças desenvolver opiniões informadas e ajuda-as a fomentar o pensamento crítico.
Os jovens podem também descobrir um maior prazer pela leitura quando têm pais que se interessam pelos livros que eles lêem ou que os incentivam à leitura. Este tipo de envolvimento familiar pode acontecer à refeição, por exemplo, e requer apenas um tempo que, à partida, já é passado em conjunto.
4. Envolvam-se na dinâmica escolar
Os pais também se podem envolver na educação das crianças participando nas actividades escolares, como as reuniões com os professores ou eventos organizados pelo espaço escolar.
A pesquisa demonstrou que este tipo de envolvimento está associado a um maior interesse dos alunos na escola. Isto acontece porque este tipo de actividades prova aos alunos que os seus pais valorizam a aprendizagem e educação.
5. Como incentivar a leitura, então?
Leiam. É simples. Se os pais – tanto a mãe como o pai – não gostarem de ler romances, por exemplo, mas preferirem ler jornais ou revistas, não há qualquer problema.
O que é importante é mostrar às crianças, de todas as idades, que ler é uma actividade interessante, divertida e que deve ser cultivada diariamente.
Os pais que não gostam de ler, ou que não têm tempo para o fazer, podem ainda assim encorajar as crianças a ler oferecendo-lhes livros, levando as crianças a uma biblioteca e conversando com elas sobre os livros que lêem, seja na escola ou em casa por iniciativa própria.
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