A mesa torna-se invisível e a intimidade familiar é edificada.
Desde muito cedo, os povos escolhiam comer em conjunto com outros membros da família ou amigos, e a refeição era, portanto, vista como importante ocasião social. Promovam momentos felizes à mesa, em família, com as dicas de Carolina Fernandes, Nutricionista e Coordenadora de Produção da Bebé Gourmet.
Ainda atualmente, à volta da mesa, celebram-se negócios, festejam-se eventos importantes, os rituais de passagem, os triunfos, mas também o luto, as crises ou as desilusões.
A mesa torna-se invisível e a intimidade familiar é edificada.
É um momento de grande espessura comunicativa, onde se colhem alguns dos códigos que nos são mais intrínsecos.
É o momento por excelência que reflete práticas, onde há troca de afetos e de sentidos, onde se transmite confiança e segurança, onde damos exemplos a seguir, onde se identificam as prioridades do agregado familiar.
Na verdade, as refeições são muito mais do que comer. À mesa não nos alimentamos apenas ao mesmo tempo e dos mesmos alimentos. Alimentamo-nos uns dos outros. Não nos sentamos à mesa simplesmente para comer, mas para comer com…
E quando se trata de partilhar este momento com crianças, o momento que se quer glorioso pode ser um tanto ou quanto penoso, especialmente em grande grupo como acontece nos refeitórios escolares.
À parte do burburinho ensurdecedor composto de gargalhadas e choro, saltam à vista as brincadeiras com a comida e as rejeições por imitação. Conte com isso quando junta 2 ou mais destes adoráveis traquinas.
1. Torne cada refeição interessante
As crianças são curiosas mas entediam-se facilmente. É natural que se interessem mais por brincar do que por estarem sentadas a mastigar ervilhas. O segredo é tornar este momento interessante.
Mostre diferentes grãos, frutas e verduras, diga-lhes os nomes, os lugares de onde vêm. Conte sobre os nutrientes e para que servem. Misture cores e texturas. Deixe-o comer com as mãos se isso ajudar a ultrapassar a barreira do desinteresse pela refeição. E sim, vai sujar tudo à volta mas logo se limpa. Não transmita preocupação nem pressa.
Mostre livros sobre o funcionamento do corpo ou sobre alimentos. As crianças adoram saber como as coisas funcionam! Se puder, faça uma pequena horta com os mais novos. Quem já não ficou encantado com o primeiro broto de um pé de feijão plantado no algodão?
2. Modere as suas expetativas
E não espere que as crianças comam muito. Elas comem pouco porque pesam pouco. Existem apenas duas fases em que a renovação celular é tão intensa que justifica a “superalimentação”: na fase lactente e na puberdade.
É esperado que um bebé cheio de refegos se torne numa criança esguia.
3. Lembre-se que as crianças também aprendem à mesa
Educar exige esforço porque ninguém dá o que não tem. Para ensinar, é preciso ser primeiro aprendiz. É preciso levar em conta que o ambiente cria o momento. Procuramos companhia nas tecnologia e apoiamo-nos em quaisquer informações, tenham elas a base que tiverem.
O homem pré-histórico não tinha TV nem Internet e alimentou-se de forma correta assegurando a continuidade da humanidade. Uffa..! Felizmente.
À mesa, uma criança aprende muito, inclusive a lidar com as suas inseguranças. É o momento em que ganha segurança, se sente confortada, compreendida e a sua autonomia é encorajada.
Seja o exemplo, quer seja a professora ou a mãe, se estiver de perna trocada, a escrever ao telemóvel, com a televisão ligada e sem qualquer capacidade comunicativa (pelo menos com a criança) ou qualquer interesse pelo momento que se adivinha, então será certo que esta imagem se irá refletir nesta criança.
Na escola ou em casa, é necessário bom senso para educar! Mas, mais do que isso, é necessário tempo e disponibilidade: o tempo gasto na “hora certa” não é tempo perdido! É um tempo ganho em termos de bem-estar e desenvolvimento da criança… e, a prazo, em termos da sua própria liberdade e autonomia, enquanto adultos!
Aproveite-a bem e faça bom proveito!
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