O meu filho só quer jogar ao telemóvel. O que faço? - Pumpkin.pt

O meu filho só quer jogar ao telemóvel. O que faço?

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As tecnologias parecem hipnotizar as crianças.

Nos últimos tempos muito se fala e escreve sobre a utilização das tecnologias pelas crianças, principalmente as mais jovens. Rita Brito, Educadora de Infância e Doutorada em tecnologias em educação pré-escolar, dá-nos dicas sobre como direccionar a utilização das tecnologias pelas crianças.

Esta utilização não é referida de ânimo leve, muito pelo contrário: as tecnologias são largamente criticadas pelos pais, pois referem que os filhos estão “viciados” nos jogos, querem estar dias e dias a jogar na consola, no tablet, no telemóvel…, não se interessando aparentemente por mais nada. Se os pais não lhes “arrancam” os dispositivos das mãos eles ficariam todo o dia a jogar.

É um facto que as tecnologias parecem hipnotizar as crianças, os pais dizem-lhes “já estás a jogar há muito tempo, já chega! Desliga!”, e  parece que elas nem ouvem.

Mas porque é que as crianças gostam tanto de tecnologias? O que será que as atrai tanto? Se pensarmos bem, as tecnologias estimulam as crianças, tanto a nível sonoro como visual e interagem com elas. Nos jogos elas conseguem aliar a sua personagem preferida de banda desenhada, a um jogo interativo e estimulante para a sua mente. Os jogos desafiam-nas e elas ficam entusiasmadas!

Visto as crianças gostarem assim tanto de tecnologias, será que podemos aproveitar esse enorme interesse em prol das suas aprendizagens? Pois o que se tem visto, por exemplo num estudo longitudinal recente, realizado com a especialista em Comunicação, Patrícia Dias, é que as crianças são utilizadores passivos de tecnologias, ou seja, apenas jogam. As tecnologias têm muito mais potencial do que isso e acabam por ser pouco aproveitadas, podendo até dizer-se que são desperdiçadas.

Deixo algumas ideias de atividades que as famílias podem realizar em conjunto.

Por exemplo, se as crianças gostarem de futebol, para além de instalarem aplicações deste âmbito nos dispositivos, os pais poderiam encorajar pesquisas relacionadas com os países de origem dos jogadores. A partir daqui poderá também explorar-se a moeda, o idioma, a gastronomia… Já viram a quantidade de capacidades que estão a ser desenvolvidas nestas atividades? A literacia digital, o pensamento crítico, a leitura e escrita, praticamente transversais a todas as atividades; o conhecimento geográfico dos países, a sua história, entre outras. Poderão também elaborar um cartaz alusivo aos países dos jogadores ou clubes preferidos.

Imagine que quer remodelar o quarto do seu filho. Dê-lhe um budget, peça-lhe para ele consultar websites de empresas de mobiliário, de modo a escolher peças de mobília, optando por várias opções, para depois escolherem juntos. Que competências são aqui desenvolvidas? A quatro competências já referidas acima, acrescentando a matemática, as questões estéticas e espaciais, criatividade, entre outras.

Se gostarem de culinária, em família, façam um menu: incentivem a criança a procurar receitas online e peçam-lhe a correspondente lista de compras. Podem até pedir-lhe uma estimativa de custos semanal ou para cada refeição, estimulando assim outras capacidades.

Se costuma dar o tablet ou smartphone ao seu filho na hora das refeições para ele estar mais calmo, utilize-os como pretexto para tema de conversa: quais são os filmes que estão no cinema? Que livro seria interessante adquirir?

Costuma instalar aplicações nos dispositivos digitais com o seu filho? Façam-no em conjunto, pergunte-lhe quais prefere e porquê. Ao ajudá-lo a pesquisar está a passar tempo com ele, onde irão refletir e explorar juntos o que encontram. Para além disso, aproveite para lhe dar conselhos sobre uma utilização segura da Internet.

Este tipo de atividades irá estimular a independência das crianças na utilização das tecnologias, fazendo com que no futuro sejam indivíduos curiosos e consigam aprender de modo autónomo, competências essas que serão muito relevantes. Não tenho dúvidas que quem souber utilizar bem as tecnologias a seu favor, ou seja, ser curioso, saber pesquisar, conseguir aprender autonomamente e aplicar esses conhecimentos na sua vida profissional, se destacará dos demais. O importante está em estimular esse tipo de comportamento, apresentando-lhes a tecnologia como uma ferramenta poderosa a nível de informação e aprendizagem.

O projeto hAPPy kids, desenvolvido por Rita Brito juntamente com Patrícia Dias, pretende conhecer a utilização de tecnologias, especialmente apps, de crianças até 8 anos, tendo como intuito a realização de um relatório com recomendações para pais. Gostaríamos de contar com a sua disponibilidade para este estudo, pedindo a sua contribuição na resposta ao inquérito online disponível em https://goo.gl/forms/YtqT2nEuyIGAUsaY2

Mais informações em https://happykidsunit.wixsite.com/happykids

Um comentário em “O meu filho só quer jogar ao telemóvel. O que faço?

  1. Manuela Silva Dezembro 7, 2018

    Gostei muito do seu post, vou acompanhar o seu blog/site.

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