São muitas as (ex)-grávidas que, pela expectativa e exigência social, querem perder a barriga assim que recebem o bebé nos braços.
Uma gestação dura nove meses. São aproximadamente 300 dias de alterações corporais, adaptações a uma nova vida, crescimento partilhado. É natural, e da nossa natureza, que o corpo demore praticamente o mesmo tempo a recuperar-se no pós parto, e que nele fiquem para sempre marcas que nos lembram de que um dia a nossa barriga foi casa.
No entanto, as mensagens que nos chegam na maioria dos meios de comunicação são outras, e são destrutivas porque vendem promessas de um caminho fácil. “Perca a barriga rápido”, “menos 5 quilos numa semana” ou “como recuperar a forma amamentando” são fórmulas que preenchem um vazio.
Uma mulher que acabou de ser mãe não deve viver presa aos ideais estéticos de uma sociedade que impõe a beleza, ou aquilo que são os seus padrões ocidentalizados, como sendo mais importantes do que o bem-estar, a conexão e a descoberta.
Uma mulher que acabou de ser mãe não deve viver carregada pelo peso da sua imagem, nem pelo objetivo de perder em meia dúzia de dias os quilos que com a gravidez ganhou.
O mais importante, neste momento, deve ser cuidar. Do bebé, mas também da mãe, que vive alterações hormonais ainda fortes e que se está a adaptar a uma realidade que imaginou mas que desconhece. E esse cuidado é externo, mas também próprio.
Como cuidar da barriga no pós-parto
Se podemos dar um conselho, que seja esse: mimem-se. Hidratem a barriga com cremes reafirmantes, utilizem uma cinta pós-parto se isso vos devolver algum conforto – sabendo que a sua utilização não melhora o tónus muscular ou evita a flacidez da barriga, mas sim que pode melhorar visualmente a silhueta.
Vejam-se todos os dias ao espelho e lembrem-se que foi ali, naquele lugar feito da vossa carne e da vossa ternura, que o bebé que agora carregam ganhou força para viver neste mundo.
Essa é uma demonstração inacreditável do nosso poder. Devemos celebrar-nos sempre. Perceber que o nosso valor, enquanto mulheres e mães, não reside na aparência, mas naquilo que doamos. E querer mais, sentirmo-nos melhores, mas por nós – e não pelo que os outros julgam bonito ou acham certo.
Como respeitar a barriga no pós-parto
No entanto, é preciso perceber que, sendo possível procurar uma imagem com a qual nos identificamos mais, é fundamental respeitar o tempo e os processos do corpo feminino.
Temos que aceitar que “voltar ao normal” leva meses e não semanas, e que, por muito que gostássemos de acreditar no contrário, os humanos não produzem ou vivem milagres da transformação. Nem tudo aquilo que vemos na internet como verdadeiro o é de facto.
Existem ângulos favorecedores, estratégias pouco saudáveis, metabolismos mais rápidos – cada mãe é uma mãe, e comparar-nos de forma depreciativa não ajudará em nada a sentirmo-nos confortáveis.
Felizmente temos acompanhado nas redes sociais um movimento pela transparência, uma partilha mais honesta e uma normalização dos corpos como eles o são – magros ou gordos, feitos de pele, ossos, celulite, flacidez e estrias.
É importante que vejamos que não somos, ou fomos, as únicas a quem aconteceu: depois de um bebé, o corpo muda, muda sempre e para sempre.
E ainda que o bem-estar da abobrinha dependa de uma mãe feliz, equilibrada e saudável, esse bem-estar não deve ser apoiado numa barriga imaculada no pós-parto, e sim na liberdade de ser e escolher para os nossos filhos aquilo que acreditamos ser melhor.
Como recuperar a barriga no pós-parto
Existem, isso sim, exercícios que, feitos com autorização médica, podem contribuir para a recuperação da musculatura do pavimento pélvico, e que são fundamentais para combater a diástese e para fortalecer a zona abdominal.
Podem realizar este exercício em várias posições. Os especialistas recomendam que se comece deitada de barriga para cima, com as pernas dobradas e ao longo do corpo.
- Inspirem normalmente.
- Soltem o ar até o abdómen se contrair sozinho.
- Encolham a barriga o mais que puderem, tentando “encostar” o umbigo às costas.
- Mantenham a contração durante no mínimo dez, e no máximo vinte, segundos, nas primeiras tentativas – aumentem, prática após prática, o tempo sem respirar.
- Voltem à respiração normal.
Depois, quando já se sentirem confortáveis (a realização do exercício em apneia é mais exigente do que parece) evoluam a técnica para uma posição sentada com os pés apoiados no chão, em pé com a coluna inclinada e os braços apoiados nos joelhos, ou na posição de quatro apoios. A metodologia é sempre a mesma.
Repetir o exercício hipopressivo no pós-parto ajuda a diminuir a congestão pélvica e a recolocar os órgãos no seu lugar original. Já a alimentação é obviamente fundamental para uma saúde física e emocional equilibrada.
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