De “terríveis dois” a “maravilhosos dois”
O segundo aniversário assinala um marco significativo no desenvolvimento das crianças. Encontra aqui dicas para lidar com os comportamentos dos 2 anos “desafiantes” do seu pequenote.
Há quem lhes chame os “terríveis dois”. O segundo aniversário assinala um marco significativo no desenvolvimento das crianças. Elas não param! Nem as mudanças que ocorrem dentro delas! Há um aumento enorme da actividade cerebral nos primeiros anos de vida do ser humano, que assinalam a tomada de consciência crescente de que o “eu” é um ser diferente e que se distingue dos outros – pares e cuidadores. A criança expressa os seus gostos e desejos, aquilo que não gosta e que não quer, o que pensa e o que precisa. Assume-se progressivamente como um ser capaz de realizar diferentes coisas de forma autónoma e cuja linguagem constitui uma nova forma de se expressar.
Então, no seio de tantas boas notícias, porque são terríveis os dois? Porque neste fervilhar de crescimento e desenvolvimento impera a dificuldade em controlar impulsos e em esperar (quer seja pelo lanche, quer seja na fila para andar no escorrega). Nesta idade, as crianças tudo o que querem é no imediato. Já. Agora. Tendencialmente, são impacientes e impulsivas. Embora adoráveis, por vezes conseguem parecer “de outro mundo” (o que não lhes tira o mérito de serem seres extraordinariamente adoráveis), porque gritam, pulam, mordem, rebolam, batem, quando irritados.
Uma criança de dois anos é também um tubo de ensaio de fortes emoções, que emergem de novas sensações e experiências. A vergonha, o orgulho ou a culpa surgem pela primeira vez. E, assim, num dia, dentro do coração, da cabeça e do corpo de uma criança pequena, podem ver-se as quatro estações do ano.
O bebé diz o que quer através de sorrisos, choros e do palrar. Mas a capacidade para comunicar progride e os gestos surgem para dar uma ajuda. E, em seguida, a competência para usar palavras e frases começa a dar sinal.
Quando começam a andar, correr e saltar… Cuidado! Estão tão extasiados a explorar o mundo que se esquecem de comer, de ir à casa de banho e lutam contra o sono. O mundo é tão interessante. Há tanto para descobrir.
Mas há mais! Por volta desta idade, a criança pode revelar-se um pouco rígida. Inflexível mesmo. Porque tem de ser desta maneira. E só desta maneira pode ser.
Independentemente da personalidade da criança, deixar de ser bebé, para ser criança, implica transformações enormes. Tanta novidade a acontecer em simultâneo deixa qualquer um desorientado. Por isso, a criança conta com a preciosa ajuda dos seus cuidadores para a orientar nos labirintos do crescer. E o pedido de ajuda nem sempre vem sob a forma de palavra…
Para que os “terríveis dois” sejam os “maravilhosos dois”, olhe para os comportamentos “desafiantes” do seu pequenote como um pedido de ajuda… Ajuda para gerir tudo o que se passa no seu interior
Psicóloga clínica, área infanto-juvenil e familiar da Oficina de Psicologia
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