A criatividade é muito importante para o desenvolvimento da criança. Veja como a estimular em sala de aula ou estudo em casa.
Tal como qualquer outra disciplina, a criatividade é uma competência que pode e deve ser trabalhada tanto em casa, como na escola.
Criatividade na sala de aula
Num ciclo de conferências TED Talk**, sob o tema “As escolas matam a criatividade?”, os organizadores convidaram o autor Ken Robinson a falar sobre o tema.
Neste debate, o autor conhecido por ser um especialista em criatividade que defende a reestruturação da forma de ensinar, privilegiando a criatividade dos alunos, declarou que “a educação leva-nos a um futuro que não podemos compreender” e que uma das palavras-chave para resolver estes problemas do futuro passam, precisamente, pela criatividade.
Enquanto muitas pessoas acreditam que a criatividade é algo que nos é inato – ou seja, que ou nascemos com ela ou não a temos –, a verdade é que há neurocientistas e psicólogos que afirmam exatamente o oposto.
De acordo com alguns estudos levados a cabo por estes profissionais, a criatividade é uma competência que se adquire – pode ser ensinada e, por conseguinte, melhorada. Outra das conclusões destes estudos é que a criatividade tem maiores e melhores resultados quando trabalhada em equipa num ambiente social, sendo, portanto, a sala de aula o local ideal para um ensino inovador, do qual a criatividade faz parte.
Nem a própria ideia de desenvolver pensamentos criativos na criança é nova. Já Pablo Picasso dizia:
“Todas as crianças são artistas. O problema é como continuar a sê-lo quando crescemos.”
9 formas de estimular a criatividade na sala de aula
1. Defina algum tempo para escrever
Tanto os cientistas, como os artistas e os escritores andam com um caderno onde vão apontando as suas ideias e pensamentos à medida que vão surgindo.
Ao encorajar as crianças a escrever sobre as suas emoções e os seus pensamentos, está a proporcionar-lhe uma nova forma de se expressarem. Além disso, este exercício também ajuda as crianças a estruturar as suas ideias, dividindo-as em partes, e a comunicar com mais facilidade.
2. Façam um exercício de mindfulness todos os dias (5 minutos/dia)
Apesar de, no início, os alunos possam não compreender perfeitamente a conceção de mindfulness, irão compreender a importância da mesma no seu dia-a-dia, especialmente quando se tornarem em jovens adultos.
Segundo um estudo da Universidade de Harvard, a meditação regular não só diminui substancialmente o stress, como ajuda a desenvolver a capacidade de “desligar” em situações que envolvam algum tipo de conflito e uma maneira de pensar mais criativa e pensativa – o pensamento divergente.
3. Façam sessões de brainstorming
E que tal escolher a forma de aprendizagem colaborativa através de sessões de brainstorming?
Além de aprimorar o pensamento crítico, o brainstorming também incentiva as pessoas – neste caso, as crianças – a tomarem consciência de diferentes perspetivas e opiniões, sendo também incentivados a questionar as suas próprias ideias.
4. Use os princípios de jogos para incentivar à participação dos seus alunos
A aplicação de princípios de jogo a um projeto, com elementos como pontuação, prémios e regras, pode fazer aumentar os níveis de atenção e participação dos alunos.
Num estudo realizado pela Universidade do Estado de Michigan, nos EUA, os cientistas descobriram uma relação diretamente proporciomnal entre os estudantes que jogam videojogos e níveis mais elevados de criatividade.
Apesar de haver uma grande variedade de videojogos educativos, os princípios desses mesmos jogos podem ser aplicados a algumas tarefas resultantes de aprendizagem.
A designer de jogos Katie Salen explica:
“Quando se apercebe da forma como os jogos funcionam, pode perceber como pode fazer de uma sala de aula um projeto mais eficiente. A estrutura do funcionamento dos videojogos também pode [e deve] ser utilizada para aumentar a participação nas aulas ”.
5. Incentivar a tomada de risco
Quantas vezes não se deparou com ideias que pareciam muito arriscadas e que foram muito bem sucedidas? Às vezes é preciso arriscar para ter resultados. A própria história é uma prova viva disso – ninguém acreditava em Thomas Edison e ele acabou por conseguir inventar a lâmpada; também ninguém acreditava nos irmãos Wright e eles acabaram por criar o primeiro avião.
Quando se trata de desenvolver ideias inovadoras, o risco faz parte da equação. “Quem não arrisca, não petisca”, já diz o ditado popular português.Uma forma de facilitar esta aceitação do risco é estabelecer uma “zona de aprendizagem constante” dentro da sala de aula. Assim, os alunos estarão menos focados na ideia de estarem certos e mais interessados em criar novas ideias. Nesta zona deve consolidar a ideia de que tentar, errar e tentar de novo faz parte da aprendizagem da vida e do seu crescimento.
6. Saia da sala de aula com mais frequência
Está provado por várias investigações que permanecer num ambiente por um longo período de tempo pode atrapalhar o processo criativo.
Um estudo da Universidade do Kansas concluiu que as pessoas que faziam um retiro, durante alguns dias, num local rodeado por elementos da natureza, tinham um aumento de cerca de 50% na criatividade.
Visto a criatividade depender de uma estimulação dos sentidos, é importante equacionar a hipótese de ensinar os seus alunos a mergulharem em diferentes ambientes do que aqueles a que estão habituados quando existem tarefas que lhes exija o pensamento criativo.
7. Permitir que os alunos ensinem
Um estudo publicado no jornal académico de Memória e Cognição descobriu que os alunos que ensinavam outros tinham um melhor desempenho quando eram testados.
Além de se verificar um aumento nas suas notas, a tarefa de ensinarem os seus colegas obriga-os a avaliarem criativamente como vão explicar as coisas de uma maneira interessante, fazendo com que desenvolvam novas abordagens, estimulando assim a sua criatividade.
8. Utilize recursos visuais
“Pode transformar o mundo se o abordar com o objetivo de criar soluções para um novo mundo”, declaram os criadores do Design Thinking for Educators. Em vez de pedir aos seus alunos que apresentem uma tarefa como se fosse um ensaio, pode pedir-lhes que experimentem novos meios ou formas e a apresentem de uma maneira criativa.
9. Encoraje as perguntas
Com o complexo programa educativo, as perguntas das crianças podem acabar por ficar sem resposta e serem esquecidas. Parte da solução criativa de problemas é perceber o problema e perguntar “porque é que as coisas são assim?” E “isto pode ser feito de outra forma?”.
De forma a incentivar os seus alunos a fazerem perguntas, pode dar aos seus alunos uma parede inteira para que escrevam as suas perguntas à sua maneira. Isso pode dar-lhe uma noção dos temas comuns que as crianças gostariam de ver abordadas e propor aos pequenos que trabalhem em projetos de pesquisa que responderão a algumas dessas perguntas.
**As TED Talk são conferências que se pautam pela convergência de Tecnologia, Entretenimento e Design, no qual se debatem temas importantes e fraturantes da sociedade – desde a ciência ao mercado de trabalho, até problemas mundais. Estas conferências acontecem anualmente e convidam várias personalidades conhecidas na área sobre a qual vão falar e onde partilham as suas ideias e lançam o debate.
Este artigo foi útil para si?