Lidar com os medos das crianças (e não só)
O medo é uma emoção primária e biológica, intimamente relacionada com o nosso processo evolutivo, e que pode desencadear uma verdadeira “dança hormonal”.
Alguns medos nascem connosco, como por exemplo o medo das alturas, enquanto outros são adquiridos através da educação ou da nossa cultura.
Para uma criança, o medo pode ser “bom”, quando a protege de perigos ou de “fazer asneiras”, travando impulsos que poderiam ter maus resultados:
– Debruçar-se sobre uma janela
– Brincar com tomadas
– Atravessar a rua sem olhar para os dois lados
Por outro lado, o medo pode ser “mau” e tornar-se” tóxico”, quando é desnecessário ou infundado. Ele torna-se prejudicial, porque impede a criança de desfrutar de situações que poderiam ser agradáveis ou de usar todo o seu potencial. São exemplos disso:
– O isolamento dos colegas, com receio de ser “gozada”
– O sentir-se ansiosa ao deitar, por causa do escuro
– Ter “uma branca” num teste, apesar de saber a matéria
– O medo de começar uma tarefa ou experimentar uma nova actividade, pelo medo de fracassar
O medo tóxico afecta não só a criança mas também aqueles que a rodeiam e é particularmente negativo para as famílias, porque contribui para um ambiente geral de insatisfação e frustração.
Ajudar a criança a criar algumas estratégias para lidar com os seus medos, deve fazer parte da solução… e porque não começar por lembrar que “Corajoso não é quem não tem medo mas sim aquele que sabe vencê-lo”?
Quando os pais e educadores apostam numa verdadeira educação para a confiança abrem uma janela de novas oportunidades. Como fazê-lo?
– Encorajando a criança a correr riscos (calculados), sem medo de falhar
– Valorizando os erros como oportunidades de aprendizagem e não como fontes de frustração
– Mantendo o foco no presente e mostrando que a preocupação não ajuda a diminuir a probabilidade do que possa acontecer
– Mantendo o foco no positivo e ensinando que “vemos aquilo que procuramos”
– Fazendo notar o que funciona bem e nos dá segurança, mesmo (sobretudo!) quando é preciso alertar para os perigos da sociedade
– Usando algum sentido de humor e mostrando que rir dos nossos próprios medos ajuda a criar distanciamento e ganhar perspectiva
– Sendo um bom modelo de coragem, confiança, serenidade e esperança perante o medo
Autores:
Nuno Francisco Maia (Psicólogo)
Alexandra Frias (Técnica Superior de Educação)
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