Grávidas infetadas com COVID-19 podem amamentar? E ter um acompanhante na hora do parto?
A Organização Mundial de Saúde divulgou algumas diretrizes que, baseadas no conhecimento científico adquirido antes e já durante o surto do novo coronavírus, pretendem orientar o Sistema Nacional de Saúde para as melhores práticas médicas possíveis, no momento do parto e do pós-parto.
A Direção Geral de Saúde portuguesa recomenda, neste momento, algumas práticas pouco consensuais, que têm originado polémica nas redes sociais e o protesto de muitas grávidas que, estando saudáveis, se veem perante a possibilidade de ficar sem apoio durante o parto, além de afastadas do bebé nos dias imediatamente após o nascimento.
A separação mãe-bebé é uma das contra-indicações dos procedimentos de parto normal e está assim definido pela OMS há mais de 30 anos. Qual é, então, o parecer da organização no que toca à Gravidez, Parto e Amamentação no meio de uma pandemia? Traduzimos o documento para que possam entendê-lo.
As mulheres grávidas pertencem aos grupos de risco?
A pesquisa científica está ainda a tentar perceber qual o impacto do COVID-19 em mulheres grávidas. A informação e os dados são limitados, mas neste momento não existem evidências de que os riscos de contágio e os efeitos da doença sejam maiores para as grávidas, em comparação com a população geral.
Ainda assim, tendo em conta as mudanças físicas e a fragilidade do seu sistema imunitário, sabemos que mulheres grávidas podem ser gravemente afetadas por algumas infeções respiratórias.
É por isso importante que estas mulheres se protejam contra o contágio e que, no caso de apresentarem qualquer sintoma (febre, tosse, ou dificuldades respiratórias) entrem imediatamente em contacto com o seu médico assistente.
Estou grávida. Como posso proteger-me do COVID-19?
As mulheres grávidas devem ter exatamente as mesmas precauções do que a restante população. Podem proteger-se:
– Lavando as mãos frequentemente, com álcool gel ou sabão e água, por pelo menos 20 segundos.
– Mantendo distância social de pelo menos um metro.
– Evitando tocar nos olhos, nariz e boca.
– Praticando higiene respiratória, ou seja, espirrar e tossir para o cotovelo ou para um lenço descartável.
Se tiverem febre, tosse ou dificuldades respiratórias, procurem ajuda médica imediatamente. Telefonem para a linha de Saúde 24 (808 24 24 24) ou diretamente para o vosso médico, e esperem indicações.
Mulheres grávidas e mulheres que deram à luz recentemente, incluíndo as infectadas pelo vírus, devem continuar a ter consultas de acompanhamento.
As grávidas podem ser testadas para o COVID-19?
As recomendações da OMS vão para que mulheres grávidas com sintomas tenham prioridade nos testes para o COVID-19. Se derem positivo, podem precisar de assistência médica especializada.
Uma grávida pode infectar o seu bebé com coronavírus no momento do parto?
A OMS não consegue ainda definir com certezas se uma mulher infectada com COVID-19 pode passar o vírus para o feto, ou para o bebé, durante a gravidez e/ou o parto. Até agora, o vírus não foi encontrado em amostras de liquído amniótico nem no leite materno.
Qual a assistência médica que deve ser oferecida durante a gravidez e o parto a mulheres com coronavírus?
Todas as mulheres grávidas, incluindo aquelas que podem estar ou têm já confirmação de que estão infectadas pelo COVID-19, têm o direito de receber os melhores cuidados de saúde antes, durante e depois do parto. Estas orientações incluem apoio pré-natal, apoio ao recém-nascido, apoio pós-natal e apoio psicológico.
Uma experiência segura e positiva de parto inclui:
– Ser tratada com respeito e dignidade;
– Ter a presença de um acompanhante da sua escolha durante o parto;
– Comunicação direta e clara da parte dos médicos;
– Estratégias apropriadas de alívio da dor, que incluem mobilidade no parto, quando possível, bem como a escolha de uma posição preferida para dar à luz.
Se existir suspeita ou a infecção tiver sido confirmada, os profissionais de saúde devem tomar as devidas precauções para reduzir o risco de contágio, incluindo o uso de fatos e máscaras.
As mulheres grávidas infectadas pelo, ou com suspeita de coronavírus, devem fazer parto por cesariana?
Não. A OMS aconselha a que o procedimento por cesariana seja aplicado apenas quando é medicamente justificado.
O parto deve ser individualizado e baseado nas preferências da grávida, aliadas às indicações obstétricas ou ao decorrer do trabalho de parto.
Pode uma mulher infectada tocar e abraçar o seu bebé?
Sim. Contacto pele a pele e amamentação exclusiva nas primeiras horas de vida ajudam o bebé a crescer. As mães devem ser apoiadas no sentido de:
– Abraçar, dar colo e fazer contacto pele a pele com o bebé;
– Dividir quarto com o bebé.
É recomendado que a mãe lave as mãos antes e depois de ter contacto com o recém-nascido, bem como manter todas as superfícies limpas.
Pode uma mulher infectada com COVID-19 amamentar?
Sim. Mulheres com coronavírus podem amamentar, se assim o desejarem.
Novamente, devem ter cuidado com a etiqueta respiratória durante a amamentação, utilizando uma máscara se possível, lavar as mãos antes e depois de tocar no bebé, e limpar e desinfectar regularmente as superfícies em que toca.
Tenho COVID-19 e sinto-me fraca para amamentar. O que posso fazer?
Se se sentirem demasiado indispostas para amamentar, seja por infecção do novo coronavírus ou por outras complicações, as mães devem ser apoiadas de forma a oferecerem alimento ao seu bebé de uma forma possível, disponível e aceitável para elas.
Entre as opções, estão:
– Utilizar leite extraído com bomba de amamentação;
– Utilizar o banco de leite materno.
Resumindo:
As principais recomendações para o apoio a grávidas em final de gestação, definidas pela Organização Mundial da Saúde, são:
- A grávida tem o direito a ter um acompanhante durante o parto, mesmo que infectadas com COVID-19;
- A grávida tem liberdade de movimento e de escolha na posição de parir;
- A grávida, mesmo infectada, não deve ser impedida de fazer contacto físico e/ou amamentar o seu bebé – podem fazê-lo lavando as mãos e utilizando máscara.
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