A infertilidade masculina é uma realidade e, portanto, há que perceber a sua causa para, depois, optar pelo tratamento mais adequado.
Muitos dos casais que não conseguem engravidar acreditam que, na maioria das vezes são os homens a “causa do problema”, ou seja, que existe uma infertilidade masculina. Às vezes têm razão, mas nem sempre – também existe a infertilidade feminina. O certo é que, de acordo com os dados dados da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (SPMR), apesar de haver entre 30 a 40% do problema de fertilidade ser da mulher, cerca de 20 a 30% a infertilidade é masculina. Além disso, estima-se que em 30% dos casais inférteis tanto o homem como a mulher têm problemas de fertilidade.
Infertilidade masculina
De acordo com a entidade, “a maioria dos casos de infertilidade masculina deve-se à qualidade do sémen, ou seja, a problemas com os espermatozoides”, o que pode estar relacionado com “o número reduzido, a fraca mobilidade, problemas morfológicos que diminuem a sua capacidade de fecundação, ou até com a ausência de espermatozoides, a falta de produção ou obstrução nos testículos”.
Estas condições podem resultar de fatores genéticos, hormonais, infeções, lesões ou até intervenções cirúrgicas no aparelho genital masculino.
Quais as causas mais comuns?
A causa mais comum da infertilidade masculina prende-se com os espermatozoides, como as que enumeramos de seguida.
– Diminuição do número de espermatozoides (ou insuficiência de espermatozoides)
Segundo a SMSR, “em condições normais um homem produz mais de 100 milhões de espermatozoides em cada ejaculação. Embora seja necessário apenas um espermatozoide para fertilizar o óvulo (a célula feminina), a ‘viagem’ até atingir o óvulo é tão extraordinariamente difícil que a esmagadora maioria dos espermatozoides se perde ou morre no trajecto. Por isso, se um homem produz menos de 20 milhões de espermatozoides quando ejacula, a sua fertilidade é bastante mais reduzida”, ou seja, a probabilidade que daí advenha uma gravidez é muito pequena. A razão pela qual o homem tenha um diminuído número de espermatozoides não são de conhecimento público, mas podem estar relacionadas com fatores géneticos, hormonais e ambientais dos quais falamos mais adiante.
O diminuto número de espermatozoides tem o nome científico de oligospermia (ou oligozoospermia).
– Espermatozoides com mobilidade reduzida
Esta é outra das situações mais comuns nos homens com fertilidade reduzida. A baixa concentração de espermatozoides está muitas vezes ligada à sua baixa mobilidade, sendo esta mais importante do que uma menor quantidade de espermatozoides.
“No esperma normal, pelo menos 50% dos espermatozoides devem mover-se de forma adequada. Abaixo desse limite diz-se que o homem tem astenospermia ou astenozoospermia”, explica a Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução.
– Espermatozoides com configuração anormal
– Ausência de espermatozoides
Em alguns homens o líquido ejaculado não contém espermatozoides, fenómeno que se denomina de azoospermia. Como os testículos não produzem espermatozoides ou estão obstruídos, os canais que os conduzem para o exterior dos testículos não podem ejaculá-los.
Outros fatores a ter em conta aquando do diagnóstico de infertilidade masculina
Existem, no entanto, alguns fatores de risco que podem interferir na qualidade e desempenho dos “pequenos corredores”, como:
– Excesso de peso
O peso acima do considerado normal para a estatura do homem afeta a quantidade de espermatozoides e os níveis hormonais da testosterona.
– O consumo de bebidas alcoólicas, de tabaco ou drogas interfere no número e na mobilidade dos espermatozoides
Já em 2014, a Universidade de Sheffield, no Reino Unido, publicou um estudo no qual investigava o impacto do estilo de vida na qualidade do sémen e concluiu que o consumo de cannabis põe em risco a fertilidade, por afetar a morfologia e a quantidade de espermatozoides.
– A exposição a fontes de calor ou quadro febril prolongado
A exposição a fontes de calor ou ter tido um período febril muito prolongado pode aumentar a temperatura escrotal (do escroto) e, por conguinte, afetar a qualidade do sémen.
– O stress
– A exposição a metais e substâncias tóxicas
– O sedentarismo
– Ausência de ejaculação, devido a doenças da espinal medula
– Doenças como as da tiroide, insuficiência renal e diabetes
– Doenças do aparelho reprodutor
– Doenças sexualmente transmissíveis.
Diagnóstico de infertilidade masculina
O diagnóstico começa como uma avaliação que implica um exame físico completo e o registo do historial clínico e sexual dos dois elementos do casal, onde são registados os chamados comportamentos nocivos, tais como o tabagismo, o consumo de drogas ou o alcoolismo.
O primeiro exame masculino a ser feito é o espermograma, que avalia não só a concentração, como também a mobilidade, morfologia e resistência dos espermatozoides. Em algumas situações existe ainda a necessidade de se realizar um estudo hormonal ou genético. Quando não se encontram espermatozoides no sémen, o médico pode requerer uma biópsia testicular para verificar se existe, ou não, produção de espermatozoides.
Quais os tratamentos mais adequados?
Depois dos exames e da confirmação de diagnóstico é importante decidir qual o tratamento a seguir.
– Medicação
A farmacologia, seja através de medicação ou injeções, pode ser a resposta para corrigir desequilíbrios hormonais ou infeções.
– Cirurgia
Alguns homens têm poucos espermatozoides no sémen ejaculado, sendo necessário recorrer-se à cirurgia aos testículos para a recolha dos mesmos.
– Inseminação artificial
A Inseminação Artificial é o tratamento mais adequado para os casais que não se sabem qual a razão da infertilidade. Neste procedimentoaé induzida a ovulação na mulher e, posteriormente, injetados os espermatozoides “bons” do homem no útero da mulher para que estes façam o seu percurso até ao óvulo e fecundem.
– Fertilização in vitro
Na Fertilização in vitro os espermatozoides são colocados em contacto comos óvulos, em meio de cultura laboratorial, dando-se a junção das células por actuação dos seus mecanismos naturais.
No entanto, e como declara a Associação Portuguesa de Urologia, quando o homem é diagnosticado como estéril e sem qualquer hipótese de reprodução, o casal pode optar pela Fertilização in Vitro utilizando o esperma de um dador anónimo.
– Injecção intracitoplasmática (ICSI)
Na ICSI, um espermatozóide é injetado diretamente no interior do óvulo, sob visão microscópica. Estas técnicas têm resultados gratificantes, mas são complexas e dispendiosas, devendo ser um recurso seleccionado para situações bem definidas.
Quando procurar ajuda?
O casal deve consultar o médico se não consegue engravidar após um ano de atividade sexual desprotegida (ou seis meses, caso a mulher tenha idade igual ou superior a 35 anos), recomenda a Associação Portuguesa de Fertilidade (APF). Se tem outros fatores de risco ou foi submetido a uma cirurgia informe o seu médico assistente.
Veja ainda o nosso artigo com truques sobre Como engravidar.
Veja também:
- Como engravidar: os truques
- Espermograma: o que é e para que serve?
- Saiba como calcular o período fértil e a ovulação
- Infertilidade feminina: causas e tratamentos
- Infertilidade: conheça os tratamentos
- Fertilização in Vitro: Uma nova esperança!
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