Por não serem adultos em ponto pequeno, as crianças e os adolescentes são especialmente vulneráveis quando andam a pé. Tal deve-se às suas características – físicas, cognitivas, percetivas, comportamentais e emocionais – que são tão específicas e distintas das dos adultos.
– As crianças são mais baixas, o que reduz a sua capacidade de ver o espaço e o movimento dos diferentes utilizadores e impede, muitas vezes, que sejam vistas pelos condutores. Um carro parado em cima de uma passadeira, um autocarro em 2ª fila, um mupi, marco de correio ou árvore mal localizados podem esconder uma criança e torná-la «invisível» para quem se desloca de carro ou mota.
– As crianças andam mais devagar e demoram mais tempo a fazer determinados percursos, como por exemplo, a atravessar a rua. E de um momento para o outro, e sem ninguém esperar, largam a mão e voltam para trás ou correm para o meio da estrada (comportamento natural e previsível).
– As crianças distraem-se com facilidade e têm dificuldade em manter a sua atenção focada em determinado aspeto, mesmo durante curtos períodos de tempo.
– As crianças muito facilmente esquecem-se que estão perto da estrada e que existe risco de acidente, sobretudo se estiverem a brincar ou a conversar com os amigos (mesmo conhecendo as regras!).
Os conhecimentos, as capacidades e experiência das crianças e adolescentes não são os mesmos que os dos adultos, assim como, a sua capacidade de avaliar o risco. Por esta razão não conseguem reagir da mesma forma a situações tão complexas como as geradas pelo trânsito automóvel: múltiplos utilizadores, com velocidades diferentes, que se deslocam em sentidos diferentes, os sons, os sinais, os obstáculos no passeio. São inúmeros os estímulos e informações que a criança tem que «tratar e interpretar», o que se revela uma tarefa muito complicada, sobretudo para as mais novas.
As crianças exigem:
- a redução da velocidade dos veículos nas zonas onde vivem e perto dos estabelecimentos de ensino
- zonas sem carros
- passeios largos e desimpedidos, sem carros estacionados
- passadeiras bem sinalizadas
- transportes públicos que sirvam as suas necessidades
- percursos pedonais com espaços para brincar com os amigos e zonas para descansar e conversar
- um ambiente rodoviário onde se possam movimentar autonomamente e sem restrições
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