Vacinação contra a COVID-19 de crianças dos 5 aos 11 anos: prós, contras e como vai acontecer - Pumpkin.pt

Vacinação contra a COVID-19 de crianças dos 5 aos 11 anos: prós, contras e como vai acontecer

Vacinação covid crianças 5 a 11 anos

Procuramos esclarecer todas as dúvidas referentes à vacinação das abobrinhas.

Foi divulgado há dias o parecer da Direção-Geral da Saúde (DGS) em relação à vacinação contra a COVID-19 de crianças dos 5 aos 11 anos. Baseado na posição da Comissão Técnica de Vacinação contra a COVID-19, o organismo oficial recomenda a vacinação nesta faixa etária, dando prioridade a crianças com comorbilidades.

É importante percebermos que recomendado não é sinónimo de obrigatório, mesmo este parecer partindo da fonte de autoridade máxima no que à saúde no nosso país diz respeito. A decisão final, baseada na sua interpretação e na opinião dos pediatras que acompanham as crianças, será sempre e apenas dos pais.

Também nós aqui na Equipa Pumpkin temos preocupações, dúvidas e angústias que procurámos resolver junto de médicos da nossa confiança, que aqui partilhamos convosco.

Fazêmo-lo não com a intenção de influenciar ou julgar qualquer tomada de decisão – no fundo, tudo aquilo que todos desejamos é a felicidade das nossas abobrinhas – mas sim na de vos providenciar informação credível para uma opção consciente, pensada e validada em argumentos científicos.

A decisão parece estar entre optar pelo baixo risco da vacinação, não sendo conhecidos todos os seus efeitos a médio e longo prazo, e o baixo risco de uma criança sofrer uma infeção severa, algo que não é possível determinar a priori, porque cada caso é um caso.

Recomendamos que contactem os especialistas em Medicina Geral e Familiar e Pediatras que acompanham os vossos filhos para um melhor esclarecimento relativo às suas situações particulares.

Quem está a favor da vacinação de crianças entre os 5 e os 11 anos?

Tal como aconteceu em Portugal, o parecer da Academia Americana de Pediatria (AAP), e do Advisory Committee on Immunization Pratices (ACIP) foi favorável à vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos, assim como o da Associação Espanhola de Pediatria.

Também a Sociedade Canadiana de Pediatria se apoia nas recomendações efetuadas pelo seu organismo nacional de imunização, sugerindo que seja disponibilizada a vacinação completa às crianças entre os 5 e os 11 anos de idade sem contra-indicações à vacina.

O vice-almirante Gouveia e Melo foi outra das personalidades a colocar-se a favor da vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos, sublinhando que “a vacina tem de ser considerada na proteção individual, da família e da comunidade”.

Benefícios da vacinação de crianças entre os 5 e os 11 anos

Os dados divulgados pela Comissão Técnica de Vacinação contra a COVID-19 mostram que o número de casos de COVID-19 em crianças tem vindo a aumentar.

São referidos 65.800 casos notificados, com 0,61% a ser hospitalizados e 0,06% a ter necessidade de apoio dos cuidados intensivos. Se, a nível geral, o impacto destes números é baixo, a nível individual cada morte conta de forma inestimável.

A intensidade dos sintomas na infância é, como vimos, geralmente ligeira, mas têm sido registadas formas graves de COVID-19 em crianças. É verdade que o risco de hospitalização é maior em crianças com doenças de risco; contudo, muitos dos internamentos ocorrem em crianças sem comorbilidades.

O comportamento do vírus é, ainda hoje, tido como imprevisível, podendo afetar de forma agressiva e inesperada uma criança tida como saudável.

Existem, por exemplo, registos claros de manifestações mais graves a longo prazo, como o síndrome multi-inflamatório sistémico, o chamado “long COVID” (sintomas persistentes após a infeção aguda), cuja prevalência não está ainda determinada.

Por outro lado, a nossa saúde não é apenas física: o bem-estar psicológico e emocional contribui em larga escala para uma definição mais real do que é ser e estar saudável. A vacinação vai permitir a estas crianças uma retoma progressiva à normalidade, permitindo-lhes acesso a convívios sociais e atividades extracurriculares até agora deixadas para trás.

Além da proteção individual (segundo o parecer técnico, a eficácia desta vacina contra a infeção COVID-19 é estimada em 90,7%), é relevante considerar o potencial impacto da vacinação no alcançar do objetivo da imunidade de grupo, e na diminuição da transmissão na população em geral, estimado entre 11% e 15%.

É de realçar que a monitorização e avaliação das consequências da administração da vacina continua a fazer-se, não sendo estática no tempo. Haverá logicamente mais dados de segurança à medida que um maior número de crianças for vacinado.

Ainda assim, pode ser já afirmado que os efeitos secundários até agora registados são exatamente os mesmos que os observados em adultos: dor no local da injeção, dor de cabeça, sensação de cansaço, dores musculares e febre. Nas crianças com menos de 12 anos, a frequência destes efeitos é ainda mais baixa, provavelmente devido à menor dose da vacina.

Quem está contra a vacinação de crianças entre os 5 e os 11 anos?

Todos os membros da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19, da Direção-Geral da Saúde, votaram a favor da vacinação das crianças dos 5 aos 11 anos, sublinhando ainda assim que seria “prudente aguardar por mais evidência científica antes de tomada uma decisão final de vacinação universal deste grupo etário”.

A questão tem levantado muitas divergências entre pediatras, cujas opiniões variam.

Cristina Camilo, pediatra intensivista no Hospital de Santa Maria e Presidente da Sociedade de Cuidados Intensivos Pediátricos, por exemplo, não recomenda a vacinação de crianças com menos de 12 anos, afirmando que “as crianças saudáveis não devem levar esta vacina, e nas crianças de risco tal deverá ser analisado caso a caso, entre o médico e familiares”.

Argumentos contra a vacinação

Estes dados apresentados no parecer da Comissão Técnica dizem respeito a um estudo efetuado com 1.517 crianças dentro desta faixa etária, ao qual foi posteriormente acrescentado mais 1.591 crianças. Estes números não são robustos o suficiente para detetar eventuais efeitos raros.

Não é possível determinar o grau de eficácia da vacina em relação à nova variante Omicron, sendo ainda “demasiado cedo” para o poder fazer.

Está provado que a vacina não protege da infeção, sendo que o risco de doença grave nas crianças saudáveis é muito baixo. No geral, as crianças são assintomáticas ou desenvolvem formas leves de infeção, não parecendo existir por isso beneficio individual na vacinação nestas idades.

Apesar de os receios relativamente à relação da vacina com infertilidade futura parecerem por ora infundados, é um facto que os dados disponibilizados até à data nesta faixa etária são ainda limitados, não permitindo ainda fazer-se declarações peremptórias quanto aos efeitos a longo prazo.

Perguntas e respostas rápidas sobre a vacinação contra a COVID-19 de crianças dos 5 aos 11 anos

Qual será a vacina administrada às crianças?

A vacina a utilizar será a Comirnaty® (vulgarmente conhecida como Pfizer), que tem parecer positivo da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para a formulação pediátrica. Nesta faixa etária, a dose administrada às crianças é um terço da dose do adulto.

Quais são as doenças graves que tornam prioritária a toma da vacina?

Cancro ativo, diabetes, obesidade e insuficiência renal crónica.

Quanto tempo demorará o processo de vacinação?

O processo arranca nos dias 18 e 19 de dezembro, ficando os centros de vacinação plenamente dedicados a esta faixa etária, começando pelas crianças com 11 e 10 anos e aquelas que têm doenças consideradas de risco para covid-19 grave.

Seguem-se os 9 aos 7 anos nos dias 6, 7, 8 e 9 de janeiro.

Os 6 e 7 anos serão vacinados no fim de semana de 15 e 16 de janeiro.

Nos dias 22 e 23 conclui-se a administração das primeiras doses com as crianças de 5 anos.

A partir do dia 5 de fevereiro começam a ser administradas as segundas doses, devendo o processo estar concluído a 13 de março.

Como posso fazer o autoagendamento?

Da mesma forma que decorreu para adultos. O autoagendamento para a vacinação de crianças entre os dez e os 11 anos está disponível na página da DGS.

Para fazer o autoagendamento devem selecionar o local e a data pretendidos para a vacinação. Vão receber um SMS enviado pelo número 2424 com a informação sobre a data, hora e local de vacinação, ao qual devem responder para confirmar o agendamento.

A vacinação das crianças vai exigir alterações significativas ao processo que já está em curso para os adultos?

Sim e não. Nos dias destinados à vacinação de crianças não serão administradas outras vacinas nos centros de vacinação, que se vão procurar adaptar aos mais novos e criar “um ambiente acolhedor, agradável e tranquilo”. No entanto, essa será a única diferença.

Quais são os impactos já conhecidos da vacina em crianças com doenças respiratórias?

Crianças que sofram de doença pulmonar crónica e doença respiratória crónica, como asma grave e a fibrose quística, estão, na verdade, consideradas entre as prioritárias na toma da vacina.

Será recomendada a procura médica caso a criança se queixe de uma dor no peito que alivia quando se debruça e aumenta quando se deita.

A vacina pode provocar complicações como a miocardite?

Fátima Pinto, diretora do Serviço de Cardiologia Pediátrica do hospital de Santa Marta, afirmou que as complicações que podem surgir após a toma da vacina, como amiocardite, são extremamente raras.

Sendo a miocardite uma das complicações mais identificada em quem teve COVID-19, a especialista referiu que “em cada 100 mil crianças que tenham COVID, podemos ter até 60 crianças com problema de miocardite. Mas em cada 100 mil vacinadas, poderemos vir a ter uma com este problema. Postas as coisas desta forma, é fácil perceber a eficácia e segurança da vacina”.

O que acontece se decidirmos não vacinar as nossas crianças? Vão estar sujeitas a restrições?

Graça Freitas declarou não estar previsto existirem quaisquer limitações a nível escolar, desportivo ou na entrada de eventos para as crianças não vacinadas.

A diretora-geral de saúde lembrou que nunca uma criança não vacinada contra o sarampo, por exemplo, foi “proibida de entrar onde quer que seja”.

Nota: Este artigo foi atualizado no dia 14 de dezembro de 2021 e será sujeito a atualizações sempre que novas informações ou parceres o justifiquem.

Fontes utilizadas

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