A depressão em crianças e jovens é uma realidade. Saibam mais sobre esta doença e fiquem a conhecer as linhas de apoio portuguesas.
Falar-se em depressão na infância e adolescência é algo relativamente recente, uma vez que a depressão infantil, apenas nas últimas décadas têm sido objeto de maior atenção por parte dos profissionais de saúde.
A Oficina de Psicologia ensina-o a identificar se o seu filho está triste, irritado ou deprimido. No final do artigo, divulgamos algumas linhas de apoio em Portugal.
O que é a depressão infantil?
Durante muitos anos, e possivelmente, ainda nos dias de hoje, pode assumir-se que a depressão foi “negligenciada” quando associada a crianças e jovens.
Tal facto, pode ser explicado, por um lado, porque os primeiros estudos relativos às perturbações depressivas incidiram especialmente na população adulta. Por outro lado, porque na infância e adolescência, os sintomas manifestam-se de forma ligeiramente diferente.
Ainda que a depressão (independentemente da idade), se refira a uma patologia caraterizada pela presença de uma alteração do humor e perda de interesse, existe um conjunto de sintomas que nas crianças, parece manifestar-se de forma “camuflada”, o que por vezes pode dificultar o diagnóstico inicial.
É comum, na prática clínica, por exemplo, os pais chegarem à consulta com a criança apresentando como principal queixa, as birras, o choro frequente e os comportamentos pouco ajustados à sua idade, e quando vamos a avaliar, percebemos que aqueles comportamentos traduzem uma depressão.
Causas da depressão infantil
E quais as razões que podem levar uma criança ou adolescente a deprimirem? São muito variadas as razões que nos levam a identificar se uma criança ou um adolescente, poderá estar deprimida (o).
Em alguns casos, pode estar relacionado com sentimentos de rejeição ou abandono, noutros, por estarem expostos a críticas constantes (na escola, em casa, em contextos onde interagem diariamente); por situações relacionadas com o bullying; perda de algum familiar significativo; má integração escolar e ainda por pais ou outros cuidadores estarem deprimidos.
A depressão tende a expressa-se de forma diferente ao longo do desenvolvimento.
Alguns dos sintomas manifestados na infância e adolescência, são diferentes daqueles que se observam em adultos, isto porque, as crianças tendem a apresentar maior dificuldade em comunicar de forma verbal aquilo que estão a sentir ou a pensar, o que em alguns casos, se traduz em comportamentos mais externalizantes.
Como podemos identificar se a criança ou adolescente está deprimida(o)?
Primeiramente, é importante esclarecer que existe um conjunto de sintomas que podem variar e manifestar-se de modo diferente, em função da etapa de desenvolvimento onde a criança ou adolescente se encontra.
Assim, de uma forma breve poderemos assinalar alguns indicadores, que poderão ser fundamentais para o diagnóstico de depressão e adolescência.
Nas crianças mais pequenas (até por volta dos 5 anos), é comum observar-se:
- Alterações de humor (maior irritabilidade e frustração);
- Problemas no sono (presença de pesadelos recorrentes);
- Queixas somáticas (dores de barriga, náuseas, dores de cabeça);
- Choro intenso (aparentemente pode parecer não existir até uma razão para o choro naquele momento);
- Atraso no desenvolvimento
- Retraimento social e em alguns momentos ansiedade de separação
- Problemas ao nível da alimentação – recusa em comer, falta de apetite.
Indicadores de depressão nas crianças em idade escolar:
Em crianças que se encontram em idade escolar, especialmente entre os 6 e os 14 anos, alguns dos indicadores que a criança poderá estar deprimida são essencialmente:
- Humor disfórico;
- Maior isolamento e afastamento do grupo de pares;
- Sentimentos de culpa;
- Dificuldades na alimentação e sono (hipersónia ou insónia);
- Irritabilidade, maior hostilidade e desobediência;
- Agitação ou Inibição Psicomotora;
- Menor persistência nas tarefas individuais e (ou) em grupo, tanto em contexto escolar, como em casa, denotando-se uma recusa na execução de tarefas que anteriormente eram desempenhas com bom grado;
Indicadores de depressão na adolescência:
Na adolescência mais tardia (14-18), as manifestações são essencialmente iguais àquelas acima descritas (ao nível do humor, isolamento, dificuldades ao nível do sono, etc.), mas pode ainda ser habitual, o adolescente deprimido apresentar:
- Dificuldades ao nível do desempenho escolar;
- Ausência de prazer nos vários contextos de interação (escola, desporto, grupos de jovens);
- Presença de comportamentos de auto mutilação e ideação suicida.
Apoio à depressão infantil: Oficina de Psicologia
Sabia que a Oficina de Psicologia tem uma equipa especializada na saúde mental das crianças e jovens pronta para vos receber, esclarecer todas as vossas questões e realizar um apoio adequado e ajustado às vossas necessidades, caso seja necessário?
Atualmente, sabe-se que quadros de depressão em idade precoce, podem comprometer gravemente a vida das crianças e adolescentes, causando um sofrimento que é muitas vezes vivenciado de forma solitária.
Estudos recentes, indicam ainda que a depressão infantil, aumenta o risco de desenvolver-se quadros depressivos na idade adulta, pelo que se torna cada vez mais importante identificarmos comportamentos que possam indicar a presença de uma depressão, para que precocemente se consiga intervir de uma forma eficaz, proporcionando-se um desenvolvimento saudável.
Este artigo foi escrito por Cecília Santos, Psicóloga Clínica – Oficina de Psicologia.
Linhas de Apoio em Portugal
Estas são linhas telefónicas de apoio a jovens e adultos em situações de necessidade de apoio emocional, crise pessoal e suicídio. Se precisarem, ou conhecerem alguém que precise, liguem – os vossos problemas são importantes e estes profissionais estão disponíveis para vos ajudar.
- Centro SOS-Voz Amiga: 21 354 45 45, 91 280 26 69 ou 96 352 46 60. Disponível diariamente, das 16h às 24h. Ajuda na solidão, ansiedade, depressão e risco de suicídio. Website: www.sosvozamiga.org.
- SOS Estudante: 96 955 45 45 ou 808 200 204. Disponível das 20h à 1h, chamada local. Apoio emocional e prevenção do suicídio.
- Telefone da amizade: 228 323 535. Apoio em situações de crise pessoal e suicídio. Disponível das 16h às 23h.
- Escutar – Voz de Apoio – Gaia: 225 506 070
- Vozes Amigas de Esperança: 222 080 707. Disponível das 20h às 23h.
- S.O.S. Adolescente: 800 202 484.
- Conversa Amiga: 808 237 327 (chamada local). Apoio, orientação e formação. Disponível todos os dias das 15h às 22h.
- Linha SOS Palavra Amiga: 232 42 42 82. Disponível todos os dias, das 21h à 1h.
- Linha Telefone amigo : 239 72 10 10. Disponível todos os dias, das 17h à 1h.
- Linha Telefone Amizade: 800 205 535. Disponível de segunda a quinta, das 16h à 1h; Sexta e Sábado, das 19h às 21h.
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