A tosse é dos sintomas mais frequentes em Pediatria e também dos que mais preocupa os pais (e os avós).
São muitos os receios existentes, pelo que faz sentido tentar esclarecer que a maior parte desses medos não são muito fundamentados e que é possível conviver com a tosse de forma “amigável”.
Neste artigo, o Dr. Hugo Rodrigues, que desenvolveu o projeto Pediatria para Todos, explica-nos os 5 pontos principais que devemos saber sobre a tosse.
1. A tosse não é uma doença
A tosse é a forma mais eficaz que o organismo tem de limpar os pulmões e as vias respiratórias e é por isso que surge numa grande quantidade de infecções.
É apenas um sintoma e não uma doença em si, pelo que isoladamente não tem nenhuma gravidade particular. Claro que faz sentido tentar perceber qual é a sua causa, mas é muito importante reforçar a ideia de que tossir não faz mal aos pulmões. Pelo contrário, é até benéfico…
2. Só é considerada uma tosse arrastada se tiver mais de 3 semanas de duração, sem noção de melhoria
A maior parte das vezes a tosse surge no contexto de infecções víricas respiratórias e acaba por ter uma duração de cerca de 2-3 semanas.
Numa primeira fase é seca, passados uns dias passa a ser produtiva (com expectoração) e depois volta a ser seca, até desaparecer. Ao longo desse tempo todo vai-se notando uma melhoria progressiva e lenta do quadro, que se vai atenuando de forma contínua.
Sempre que a tosse dura mais de 3 semanas sem essa melhoria progressiva (este é um aspecto importantíssimo) implica que o quadro é “atípico” e, por esse motivo, requer uma observação médica e, eventualmente, a realização de uma radiografia pulmonar ou outros exames.
3. A tosse não precisa de ser tratada
Tal como referi acima a tosse é apenas um sintoma, pelo que não precisa de nenhum tipo de tratamento. Para além disso, como tem uma função de limpeza pulmonar, estar a tratar a tosse pode até agravar a infecção respiratória, pelo que não faz sentido dar medicação para ela desaparecer.
No entanto, faz sentido tentar perceber o que é que a está a causar, para ver se é possível ajudar de alguma forma, principalmente quando a tosse é tão frequente que se torna incomodativa (não deixa dormir, provoca vómitos…). Em grande parte das situações a causa está na região do nariz e nas secreções posteriores que produz.
Elas escorrem na parte de trás do nariz e garganta e, ao entrar para os pulmões, estimulam o reflexo da tosse para o organismo conseguir eliminá-las. Percebe-se perfeitamente que é protectora, pelo que a única coisa eu faz sentido é tentar diminuir a produção dessas secreções e lavar bem o nariz da criança com soro fisiológico ou um spray de água do mar.
4. As crianças com tosse não precisam de ficar em casa
Existe muito o receio de que a tosse fragilize os pulmões e que, por esse motivo, as crianças devem ficar mais “resguardadas” em casa.
Isso não é verdade, porque ficar em casa ou andar na rua é exactamente a mesma coisa. A única excepção é o ar frio e seco, que pode efectivamente estimular mais a tosse e parecer que agrava o quadro. No fundo, é apenas uma reacção temporária e não um verdadeiro agravamento, pelo que não é, de todo, necessário fechar as crianças em casa só por estarem a tossir.
Aliás, se assim fosse, muitas teriam que ficar enclausuradas durante todo o inverno, o que seria completamente impossível…
5. O frio não provoca tosse
Este é um tema muito “quente”, mas a verdade é mesmo esta: o frio e as correntes de ar não provocam gripes, pneumonias ou outro tipo de situações que se manifestam por tosse.
Tal como expliquei anteriormente, o ar frio e seco é um pouco mais irritante para as vias respiratórias e, no momento em que a pessoa o respira, pode provocar um pouco de tosse, mas nunca situações arrastadas ou com duração de dias.
Eu sei que esta é uma afirmação que vai contra a crença de muitas pessoas, mas do ponto de vista científico é mesmo assim…
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