Otite Média Aguda na criança - Pumpkin.pt

Otite Média Aguda na criança

O que é uma otite? Porque é que é tão comum nas crianças? Quais os sintomas? E o tratamento? Aprenda tudo com a pediatra Márcia Ferreira da Knok Healthcare.

O termo otite refere-se a um estado inflamatório (de causa infecciosa ou outra) de qualquer uma das estruturas que compõem o ouvido. Neste texto, contudo, vou falar especificamente de Otite Média Aguda (OMA), a qual se define como infecção aguda do ouvido médio (estrutura do ouvido que se localiza logo após a membrana timpânica). Esta infecção pode ser vírica ou bacteriana.

A OMA é uma condição muito frequente e típica da pediatria, tanto que a grande maioria das crianças, quando atinge os três anos, já teve pelo menos uma OMA diagnosticada. Ela é também a principal causa de prescrição antibiótica na idade pediátrica.

Como e porque é que as crianças têm tantas otites?

O ouvido médio está separado do ouvido externo por uma membrana – o tímpano – que, para o seu normal funcionamento, tem de se encontrar à mesma pressão do meio ambiente. Isso é assegurado pela trompa de Eustáquio, que liga o ouvido médio à zona da garganta por detrás do nariz. Este tubo serve também para facilitar a drenagem de muco ou líquido que se forme no ouvido médio.

As trompas de Eustáquio na criança têm duas particularidades: primeira, são mais curtas e horizontais (o que facilita o acesso de vírus e bactérias ao ouvido médio) e, segunda, estão frequentemente obstruídas por estados de congestão nasal (constipações, alergias, etc.). Esta obstrução predispõe ao acumular de líquido no ouvido médio, o qual mais facilmente infecta e causa a otite. Também a presença das adenóides, maiores nestes primeiros anos de vida, pode ser causa de obstrução.

Para além desta predisposição anatómica da criança, existem outros factores que se associam a um aumento de risco de otite:

  • Exposição ao fumo de tabaco;

  • Aleitamento por biberão;

  • Frequência de creche em idades precoces (por aumento do número de infecções respiratórias);

  • Sexo masculino;

  • História familiar de otites;

  • Inverno (por aumento do número de infecções respiratórias).

 

Quais os sinais e sintomas?

A história típica de OMA é a de uma criança que já anda «constipada» há uns dias, com nariz entupido, ranho e tosse, e que subitamente inicia queixas de dor de ouvidos.

Os principais sinais e sintomas são:

  • Otalgia (dor de ouvido) – devida ao aumento da pressão causada pelo líquido acumulado dentro do ouvido médio. Na criança mais pequena essa queixa pode traduzir-se «apenas» por estar mais chorosa do que o habitual e por irritabilidade;

  • Recusa em se deitar e em se alimentar – porque a posição deitada, a mastigação e a sucção causam alteração da pressão no ouvido com consequente dor;

  • Otorreia (drenagem de pus pelo canal auditivo externo) – quando a pressão no ouvido médio é suficientemente alta, a membrana timpânica pode perfurar. Nessa situação é habitual a criança deixar de se queixar de dor uma vez que a pressão no ouvido normaliza;

  • Perda auditiva parcial e temporária – o líquido acumulado altera a transmissão dos sons;

  • Sensação de ouvido «entupido»;

  • Febre;

  • Tonturas;

  • Sintomas de infecção respiratória alta (obstrução nasal, escorrência nasal, tosse…) – que, como já referi, em geral precedem o aparecimento da otite.

 

O diagnóstico

Perante a suspeita de que o seu filho possa ter uma OMA, este deverá ser observado pelo médico. O diagnóstico assenta, entre outras coisas, na visualização do tímpano através de um otoscópio.

 

Reflexões sobre o tratamento

Como referido anteriormente, as OMA tanto podem ser víricas como bacterianas.

Além disso (e independentemente disso) verifica-se que, na criança previamente saudável, num número considerável de casos a OMA resolve-se por si só em dois ou três dias, sem necessidade de qualquer tratamento específico, nomeadamente sem necessidade de antibiótico.

Em situações seleccionadas, existe a possibilidade (recomendação) de o médico optar por uma abordagem do tipo «esperar para ver». Neste caso, o médico dá apenas tratamento para alívio da dor (paracetamol ou ibuprofeno) e depois a criança é reavaliada passadas cerca de 48 horas, para decisão da real necessidade de dar antibiótico.

Desta forma poupa-se a criança de tomas desnecessárias de antibióticos que, para além de não terem qualquer benefício no caso da otite vírica, também se associam a efeitos indesejáveis a curto e a longo prazo.

No entanto, salienta-se que para este tipo de actuação «esperar para ver» tem de estar sempre assegurado o correcto seguimento/acompanhamento da situação clínica da criança.

 

Por outro lado, existem situações em que o tratamento com antibiótico está indicado logo desde o início. São os casos de crianças muito pequenas (idade inferior a seis meses), com otite bilateral, com supuração (drenagem purulenta pelo ouvido), com otites de repetição, com doença severa, com doença crónica ou genética, com malformações da orofaringe, etc.

Ou seja, a decisão deverá apenas ser tomada após avaliação/opinião médica.

 

Existe a possibilidade de complicações nas Otites Médias Agudas?

Como em qualquer doença: sim. No entanto a probabilidade é baixa, principalmente numa criança sem qualquer doença de base.

Existem até estudos recentes que demonstraram que a opção de tratamento expectante (sem antibióticos de início) não se associou a aumento de complicações.

A complicação mais frequente da OMA é a ruptura da membrana do tímpano, com consequente exteriorização de líquido purulento. Esta é, também, a complicação menos grave, sendo que a membrana timpânica geralmente se restabelece em poucos dias após a resolução da infecção.

Uma complicação mais grave, e também mais rara, é o avanço da infecção do ouvido para o osso (mastoidite) ou meninges (meningite). O aparecimento de uma orelha «descolada» (parece que fica mais afastada do crânio) ou de rubor/tumefacção atrás da orelha, em qualquer fase da doença ou mesmo após o início de tratamento, deve ser motivo para procurar observação médica imediata.

 

Pediatra Márcia Ferreira

Knok Healthcare

 

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