Otite em Bebé e Criança: qual o tipo mais frequente, causas e tratamento - Pumpkin.pt

Otite em Bebé e Criança: qual o tipo mais frequente, causas e tratamento

Otite em Bebé e Criança qual o tipo mais frequente, causas e tratamento

Saiba quais as causas e fatores de risco, sintomas, diagnóstico e tratamento.

As dores de ouvido provocadas pela otite podem afetar bebés e crianças, causando grande incómodo e podendo ter consequências na capacidade auditiva – são por isso uma grande preocupação para os pais.

Para um melhor esclarecimento sobre a otite em bebé e criança, partilhamos este artigo escrito com orientações de Dr.ª Joana Melo Pires e Dr. Eurico de Almeida, otorrinolaringologistas da Clínica ORL.

O que é uma otite? Qual o tipo mais frequente?

O termo otite refere-se a um estado inflamatório (de causa infecciosa ou outra) de qualquer uma das estruturas que compõem o ouvido.

A otite média com efusão (OME), também conhecida como otite serosa, é o tipo de otite mais frequente nos bebés e crianças.

A OME caracteriza-se pela presença de líquido no ouvido médio, sem sintomas de infeção aguda.

Cerca de 90% das crianças já apresentaram este tipo de infeção antes de entrarem para a escola primária e, em média, 50% têm-na no primeiro ano de vida, apesar de muitas delas serem assintomáticas.

Nos casos em que a OME não é assintomática, algumas crianças podem apresentar dificuldade auditiva, problemas de equilíbrio, baixo rendimento escolar e/ou atraso de linguagem.

Embora, na maioria dos casos, a OME se resolva espontaneamente, em 30% a 40% ela persiste por algum tempo e, em 5% a 10%, os episódios duram 1 ano ou mais até se resolverem definitivamente.

A otite média aguda (OMA) é diferente da otite média com efusão, já que na OMA existe um aparecimento súbito de sintomas e sinais com aparecimento de alterações inflamatórias do ouvido médio.

Causas e fatores de risco da Otite Média com Efusão nas crianças

A otite média com efusão (OME) pode ter diversas origens, sendo muitas vezes uma resposta pós-inflamatória a uma otite média aguda, infeção viral ou alterações no funcionamento da trompa de Eustáquio – canal que liga a parte posterior do nariz ao ouvido médio.

Vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento da OME nas crianças, nomeadamente:

  • Estação do ano: A incidência da OME é maior no inverno, devido ao aumento das infeções respiratórias;
  • Fatores genéticos: Crianças cujos pais tiveram OME e gémeos apresentam um maior risco;
  • Condições ambientais e sociais: Crianças que frequentam infantários sobrelotados, são expostas passivamente ao fumo do tabaco, não foram amamentadas ou vivem em condições socioeconómicas desfavoráveis têm maior predisposição para a doença;
  • Alterações craniofaciais: Alterações craniofaciais que provocam disfunção da trompa de Eustáquio, como fenda palatina ou síndrome de Down, aumentam o risco da otite serosa;
  • Imunodeficiências: Situações como hipogamaglobulinemia, défice de IgA, HIV, ou imunodeficiências induzidas por fármacos (quimioterapia e corticosteróides) tornam a criança mais suscetível à OME;
  • Outras condições associadas: Alergias, obstruções nasais (como hipertrofia adenoideia, rinosinusite, tumores nasais ou nasofaríngeos), disfunção ciliar, intubação nasal prolongada e possivelmente refluxo gastroesofágico podem contribuir para o desenvolvimento da doença.

A combinação desses fatores aumenta significativamente o risco de OME em crianças, sendo fundamental identificar as causas para um tratamento adequado.

Sintomas da Otite Média com Efusão nas Crianças

A otite média com efusão caracteriza-se pela presença de líquido no ouvido médio, o que reduz a mobilidade da membrana do tímpano e cria uma barreira à condução sonora. Como consequência, a criança pode apresentar perda auditiva, que, se persistente, pode levar a atraso no desenvolvimento da linguagem e dificuldades de aprendizagem na escola.

Além das dificuldades auditivas, a OME pode causar:

  • Alterações no equilíbrio, tornando a criança mais desajeitada ou instável ao caminhar.
  • Infeções auditivas recorrentes, aumentando a necessidade de acompanhamento médico.
  • Desconforto noturno e distúrbios do sono, devido à sensação de pressão no ouvido médio.

Em crianças que já apresentam fatores de risco e dificuldades no desenvolvimento, a identificação e o tratamento precoce da OME são ainda mais cruciais. Este grupo inclui, por exemplo:

  • Crianças com surdez permanente prévia.
  • Casos suspeitos ou confirmados de atraso ou alteração da linguagem.
  • Crianças com diminuição significativa da acuidade visual ou cegueira.
  • Pacientes com transtorno do espectro autista (TEA).
  • Crianças com síndromes genéticas, como a síndrome de Down.
  • Crianças com alterações craniofaciais, incluindo fenda palatina, que podem comprometer o funcionamento da trompa de Eustáquio.

Dado o impacto da OME no desenvolvimento infantil, é fundamental um diagnóstico precoce por um especialista em Otorrinolaringologia, seguido de um acompanhamento médico contínuo, para evitar complicações e minimizar as suas sequelas.

Como saber se o bebé / criança está com uma otite?

Em alguns casos, os sintomas podem ser subtis e difíceis de identificar pelos pais, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento. Por isso, é fundamental estar atento a sinais como distração excessiva, dificuldades na fala e problemas escolares que possam sugerir uma otite média com efusão.

O diagnóstico da OME é feito em consulta, pelo otorrinolaringologista pediátrico, através da observação dos ouvidos com auxílio de microscópio e, por vezes, com recurso à otoscopia pneumática. 

É fundamental a avaliação auditiva com apoio da Audiometria e, se necessário, o timpanograma, principalmente se a otite já se iniciou há mais de 3 meses.

Em crianças pequenas, ou aquelas que não respondam ao audiograma, poderá ser necessário efetuar o exame dos Potenciais Evocados Auditivos.

Tratamento da otite média em bebés e crianças

O tratamento da otite média com efusão depende da gravidade do quadro, da persistência dos sintomas e do impacto na qualidade de vida da criança.

1. Acompanhamento e espera vigilante

Na maioria dos casos, o líquido no ouvido médio desaparece espontaneamente ao longo de semanas ou meses sem necessidade de tratamento. O médico pode optar por uma abordagem de “wait and see”, realizando avaliações periódicas a cada 3 a 6 meses.

No entanto, é essencial um acompanhamento mais rigoroso quando:

  • O líquido persiste por mais de 3 meses.
  • Há sinais de perda auditiva significativa, atraso ou alterações na linguagem, fraco rendimento escolar ou problemas de equilíbrio.

2. Medidas preventivas

Algumas estratégias podem ajudar a reduzir o risco de OME, especialmente em crianças propensas a infecções respiratórias:

  • Amamentação nos primeiros meses de vida;
  • Evitar exposição ao fumo do tabaco, que pode aumentar a inflamação nas vias aéreas e ouvido médio;
  • Reduzir o uso da chupeta, pois pode afetar a função da trompa de Eustáquio;
  • Evitar infantários sobrelotados, onde o risco de infeções respiratórias é maior;
  • Higienização das mãos para prevenir infeções;
  • Administração da vacina pneumocócica, que pode reduzir infecções respiratórias associadas à OME;
  • Evitar alergénios conhecidos, especialmente em crianças com predisposição alérgica.

3. Uso de medicamentos

Algumas considerações dos médicos da Clínica ORL sobre o uso de medicamentos no tratamento da OME:

  • Corticoides nasais, anti-histamínicos e descongestionantes não têm demonstrado eficácia no tratamento da OME isoladamente;
  • Corticoides orais podem proporcionar uma melhora temporária, mas não são recomendados como tratamento de longo prazo;
  • Apesar de serem frequentemente administrados por alguns médicos, os antibióticos geralmente demonstram poucos benefícios para a resolução deste tipo de patologia;
  • Em casos de rinite alérgica ou hipertrofia adenoideia associada, o uso de anti-histamínicos e corticoides tópicos nasais pode ajudar a melhorar a função da trompa de Eustáquio e reduzir a persistência do líquido.

4. Tratamento Cirúrgico

Além dos tratamentos médicos, existem opções cirúrgicas eficazes. A mais comum é a miringotomia, que consiste em perfurar a membrana do tímpano e aspirar o líquido presente no ouvido médio.

Quando a OME tende a repetir-se demasiadas vezes, pode ser necessário um tratamento cirúrgico mais avançado, que inclui:

  1. Remoção do líquido por aspiração;
  2. Colocação de um tubo de ventilação na membrana do tímpano (tubo de Grommet);
  3. Remoção das adenoides, caso estas tenham um tamanho suficientemente grande para causar distúrbios respiratórios nasais.


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