Meningite: o que é e quais são as consequências? - Pumpkin.pt

Meningite: o que é e quais são as consequências?

meningite

Esta doença súbita pode ser potencialmente fatal.

A Campanha #WinforMeningite foca-se na importância da partilha de informação acerca de todos os tipos de doença meningocócica, de forma a garantir que os pais têm conhecimento sobre as medidas que podem tomar para proteger os seus filhos das consequências potencialmente devastadoras da doença. É deles esta informação que partilhamos, na certeza de que será muito útil para todas as famílias.

O que é?

Trata-se de uma doença súbita, potencialmente fatal. Normalmente, manifesta-se como meningite bacteriana, uma infeção da membrana que reveste o cérebro e a coluna vertebral ou bacteriemia, uma infeção da corrente sanguínea.

É causada pela bactéria Neisseria meningitidis (N. meningitidis) e progride de forma rápida, podendo levar à morte em 24-48 horas após o aparecimento dos primeiros sintomas. 1

Os seis grupos principais de bactérias responsáveis pela meningite em todo o mundo são: A, B, C, W -135, X e Y. 2,3 No continente americano e na Austrália, os tipos B e C são os mais comuns, enquanto o tipo A é a principal causa da doença em África e na Ásia.4

Na Europa, o tipo B é o principal responsável pela infeção, correspondendo a 85% dos casos em crianças. 5

Sinais e sintomas

Os sintomas iniciais da doença meningocócica não são específicos e percetíveis, pois assemelham-se aos da gripe, sendo difíceis de diagnosticar durante a primeira fase, até mesmo para os profissionais de saúde.

Nas primeiras 4-8 horas, as crianças podem ficar sonolentas, sem apetite, com febre, náuseas, vómitos, irritabilidade e dor nas pernas.6 Os sintomas clássicos como a rigidez da nuca, sensibilidade à luz, e erupções cutâneas verificam-se normalmente mais tarde, o que pode atrasar o tratamento. 6

Grupos de risco

Crianças e adolescentes são os mais vulneráveis à doença; as crianças, em particular, estão em maior risco. A meningite pode ser tratada com antibióticos, desde que o tratamento seja feito atempadamente.1

A maioria das crianças sobrevive à doença sem grandes efeitos adversos.9 Contudo, mesmo com o tratamento adequado, um em cada dez casos pode ser mortal e um em cada cinco sobreviventes pode vir a sofrer com sequelas físicas ou mentais durante toda a vida. 1,10

Consequências

A doença meningocócica é causa de morte e deficiência preveníveis nos países industrializados e em desenvolvimento. Anualmente, registam-se cerca de 1,2 milhões de casos em todo o mundo, vitimando mortalmente cerca de 65,700 pessoas. 11,12

Os efeitos a longo prazo podem igualmente afetar as necessidades financeiras do sobrevivente, as capacidades a nível educativo e a respetiva vida familiar. 13,14 De acordo com estudos britânicos, o custo de vida implicado numa criança com sequelas ronda os 2,24 milhões de euros. 13

Em Portugal

Em 2012 foram registados em Portugal 75 casos de doença meningocócia invasiva (DMI), dos quais cerca de 90% foram confirmados. A incidência de DMI na população foi de 0,71/100.000 habitantes. Durante este ano, as estirpes mais frequentemente isoladas foram as do tipo B (81,5%).15

Tal como no resto da Europa, em Portugal a incidência máxima de DMI foi observada em crianças menores de 1 ano de idade (17,3/100.000).16 De forma específica, constatou-se que a incidência de DMI devida ao tipo B ocorre de forma crescente desde o nascimento até ao pico máximo registado aos seis meses de idade, decrescendo continuamente a partir desse momento, de forma contrária à distribuição etária mais uniforme que ocorre com o serogrupo C.16

De acordo com os dados nacionais publicados em 2014, dos casos de DMI registados em crianças menores de um ano de idade devidos ao tipo B, 67,7% (147/217) ocorrem até aos seis meses e 37,8% (82/217) até aos quatro meses de idade. Este perfil observado em Portugal é coincidente com o observado em outros países.16

Vacinação

Sendo impossível prever futuras infeções, o meio de prevenção mais eficaz para controlar a doença é a vacinação. Embora ainda não haja tratamento que previna todas as formas de meningite, estão disponíveis vacinas para os cinco tipos: A, B, C, W-135 e Y. 17

A Dr.ª Mónica Braz fala sobre a importância da vacinação contra a Meningite: A vacinação é a forma mais segura e eficaz de prevenção contra doenças infeciosas. Em países com poucos recursos, as infeções continuam a ser a principal causa de morte, muitas vezes, provocadas por doenças evitáveis através da vacinação. O programa nacional de vacinação, que é gratuito e universal para todas a crianças que vivem em Portugal, é um caso exemplar de boas práticas em saúde e de progresso civilizacional. Nas últimas décadas, a inclusão de vacinas tão relevantes, como as contra a meningite bacteriana, foi determinante para diminuir o número de mortes e de sequelas nas crianças. Eu sou mãe e vacino os meus filhos, para proteger os meus e os seus também.

A vacina contra o meningococo C está disponível em Portugal desde 2002 no mercado livre e incluída no Programa Nacional de Vacinação (PNV) desde 2006, o que levou à quase ausência de casos de doença por este serogrupo nos últimos anos.18

Por outro lado, a vacina contra o meningococo B está disponível em Portugal desde 2013 no mercado livre. A partir de 2017 esta vacina passará a estar incluída no PNV para crianças e adolescentes pertencentes aos grupos de risco. Estes grupos restritos foram definidos como menores de 18 anos que apresentem pelo menos uma das seguintes condições: asplenia anatómica ou funcional e hipoesplenismo; défice congénito de complemento; terapêutica com inibidores do complemento (Eculizumab).19

 

Referências:

1 World Health Organization. (2012). Meningococcal Meningitis Factsheet N°141. Available at: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs141/en/. Accessed February 2016.
2 World Health Organization (WHO). (2011). Meningococcal vaccines position paper. Weekly Epidemiological Record No. 47 (86), pp.521-540. Available at: http://www.who.int/wer/2011/wer8647.pdf. Accessed February 2016.
3 Dbaibo G, Khinkarly R, and Hedari C. (2014). Meningococcal serogroups A, C, W-135, and Y tetanus toxoid conjugate vaccine: a new conjugate vaccine against invasive meningococcal disease. IDR, p.85.
4 Prevention, C. (2016). Meningitis | Lab Manual | Epidemiology | CDC. Cdc.gov. Available at: http://www.cdc.gov/meningitis/lab-manual/chpt02-epi.html Accessed February 2016.
5 European Centre for Disease Prevention and Control. (2011). Surveillance of invasive bacterial diseases in Europe. Available at: http://ecdc.europa.eu/en/publications/Publications/invasive-bacterial-diseases-surveillance-2011.pdf. Accessed February 2016.
6 Thomson MJ, et al. (2006). Clinical recognition of meningococcal disease in children and adolescents. Lancet; 367, pp.397–403.
7 Jafri RZ, et al. (2013). Global epidemiology of invasive meningococcal disease. Population Health Metrics; 11: 17. Available at: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3848799/. Accessed February 2016.
8 Centers for Disease Control and Prevention (CDC). (2013). Prevention and Control of Meningococcal Disease; Recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR); 62(2), pp.1-13. Available at: http://www.cdc.gov/mmwr/pdf/rr/rr6202.pdf. Accessed February 2016.
9 Viner RM, et al. Outcomes of invasive meningococcal serogroup B disease in children and adolescents (MOSAIC): a case-control study. Lancet Neurol 2012; 11: 774–83 Published Online August 3, 2012 http://dx.doi.org/10.1016/ S1474-4422(12)70180-1
10 Rosenstein NE, et al. (2001). Meningococcal disease. N Engl J Med, 344, pp.1378-88.
11 Naghavi M, et al. (2013). Global, regional, and national age-sex specific all-cause and cause-specific mortality for 240 causes of death, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study. The Lancet, 385, pp.117-171.
12 Van de Beek D. (2012). Progress and challenges in bacterial meningitis. The Lancet, 380(9854), pp.1623-1624.
13 Wright C, Wordsworth R, Glennie L. (2013). Counting the Cost of Meningococcal Disease – Scenarios of Severe Meningitis and Septicemia. Pediatr Drugs 15, pp.49–58.
14 Al-Janabi H, et al. (2015). Measuring Health Spillovers For Economic Evaluation: A Case Study In Meningitis. Health Econ. Published online in Wiley Online Library (wileyonlinelibrary.com).
15 Doença Invasiva Meningocócica em Portugal: Vigilância Epidemiológica Integrada, 2003- 2012. Rede de Laboratórios VigLab -Doença Meningocócica. INSA, IP. Lisboa, Novembro 2015
16 Simões MJ, Fernandes T, Gonçalves P, Bettencourt C, Furtado C. Doença meningocócica do serogrupo B (MenB) em Portugal: uma refl exão sobre estratégias de imunização Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Disponível em:
http://repositorio.insa.pt/bitstream/10400.18/2383/1/Boletim_Epidemiologico_Observacoes_N10_2014_artigo9.pdf
17 European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC). (2014). Annual Epidemiological Report—Vaccine-preventable diseases—invasive bacterial diseases 2014. Available at: http://www.ecdc.europa.eu/en/publications/Publications/AER-VPDIBD-2014.pdf. Accessed February 2016.
18 Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Doença Meningocócica Invasiva em Portugal.
Vigilância Epidemiológica de base laboratorial 2011. Lisboa, 2013
19 Norma da Direção-Geral de Saúde nº 007/2016 de 09/08/2016 para a Vacinação contra Neisseria meningitidis do grupo B de grupos com risco acrescido para doença invasiva meningocócica (DIM).
20  Comissão de Vacinas SIP-SPP. Novembro de 2015. Recomendações sobre vacinas extra programa nacional de vacinação. Actualização 2015/2016.

Este artigo foi útil para si?

1 Estrela2 Estrelas3 Estrelas4 Estrelas5 Estrelas (No Ratings Yet)
Loading...

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

<