Uma sugestão de leitura que nos transporta para paisagens e culturas longínquas, no outro lado do mundo, pelas palavras de um apaixonado pela Ásia: Camilo Pessanha.
Considerado o expoente máximo do simbolismo em Portugal e autor de Clepsidra, Camilo Pessanha [Coimbra, 1867] muda-se para Macau em 1894 para leccionar Filosofia e exercer advocacia. Aí conhece Wenceslau de Moraes, com quem mantém uma amizade duradoura, mesmo após este se mudar para o Japão. Durante a sua estadia em Macau, onde haveria de morrer em 1926, Pessanha empreende estudos aprofundados sobre literatura e estética chinesas, aprende a língua, faz traduções e profere conferências.
Fascinado pelos hábitos em extinção dos letrados e dos mandarins, a colecção de objectos que vai adquirindo ao longo dos anos é testemunho da sua admiração pelo universo dos eruditos chineses: álbuns de pintura, rolos de caligrafia, pedras de moer tinta, porta-pincéis, estatuetas e placas gravadas.
Com mais de duas centenas de objectos, Camilo Pessanha doou a sua colecção a Coimbra, sua terra natal, onde viria a integrar o acervo do Museu Nacional Machado de Castro. Algumas destas peças, em depósito no Museu do Oriente, podem ser vistas no núcleo dedicado ao Coleccionismo, na exposição Presença Portuguesa na Ásia.
O Museu do Oriente convida a conhecer melhor a obra deste autor, na sua vertente de sinólogo. No site da Biblioteca Nacional de Portugal, pode ser consultada a cronologia detalhada da sua vida e obra, bem como manuscritos das suas traduções de lendas chinesas: http://purl.pt/14369/1/.
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