Ideias, sugestões e experiências, para facilitar as férias com os filhos adolescentes.
Socorro! Chegada de umas mini férias em família com três adolescentes, a Alexandra Silva da Nheko partilhou connosco a sua experiência. Recolheu também ideias junto de alguns amigos, de forma a perceber como gerir da melhor forma as emoções e os desafios da adolescência num período que se quer de descanso.
A adolescência tem um lado fascinante, há coisas nesta fase que me apaixonam verdadeiramente; A vivência da amizade, as ideologias, a forma como vivem o mundo e acreditam que o vão mudar, a intensidade com que olham as pessoas, a capacidade de se apaixonar.
No entanto esta é a altura mais desafiante e até desgastante para a vida em família.
Cá em casa estamos a vivê-la no auge, não é canja ter três adolescentes debaixo do mesmo tecto, ao mesmo tempo, todos os dias e, pior ainda… nas férias.
Sabemos bem que há adolescentes e adolescentes… não se pode generalizar, mas as nossas são das más, ou antes, são das boas… das verdadeiras; das que reviram os olhos, que bufam por tudo e por nada, que se entre-olham com aquele ar de desprezo género mete nojo, que não largam os telemóveis, que têm sempre muito sono, e que de cada vez que têm fome ou sede, estão a morrer de fome ou sede, é igual com o frio ou calor, são das que acham (quase) tudo uma seca, que se cansam com muita facilidade, que acreditam piamente que não podem passar mais do que 48 horas sem as amigas do coração, das que gostam de estar na praia do meio dia às quatro e querem usar bronzeador em vez de protector solar, das que vivem tudo de forma urgente, extrema e intensa.
Chegados de umas mini férias em família, com estas três adolescentes (mais uma amiga delas e um mini filho), conversei com alguns amigos com filhos nestas idades, e fiz uma recolha de ideias, sugestões e experiências, com o objectivo de facilitar a vida a todos que, como nós, têm férias para passar com os filhos adolescentes.
E nós que pensávamos que era em pequeninas que davam muito trabalho…
– “Fazer férias em grupo, várias famílias, muita gente ajuda a diluir o ácido típico da adolescência”. Pai de 1 filho com 14 anos
– “Levamos amigos. Pode parecer que é ainda mais trabalho mas na verdade facilita, os meus filhos levam sempre um amigo cada e acho que é bom para todos. Normalmente depois vão uns dias para casa desses amigos o que também nos sabe muito bem (… este lado interesseiro, é verdade)”. Mãe de 2 filhos, 14 e 17 anos
– “Pouco dias mas especiais. Optámos por esta receita quando os nossos filhos chegaram à adolescência e depois de umas longas férias que foram horríveis para todos. Agora vamos juntos só uma semana, 10 dias, mas vamos para sítios que temos a certeza que vão adorar com experiências únicas.” Pai de 3 filhos, 16, 17 e 20 anos
– “Nós temos os meus, os dela e os nossos, as férias são sempre uma altura com alguma tensão que tentamos aligeirar com a presença de mais gente, alugamos um monte com mais duas famílias e tudo se torna mais fácil. No entanto fazemos questão de ir várias vezes comer fora ou à praia só nós os sete.” Pai de dois, 6 e 14, padrasto de três, 10, 12 e 15
– ” Fazemos férias numa casa perto da praia e do centro, cada um é livre de fazer os seus horários mas normalmente jantamos juntos. A passagem da infância para a adolescência foi muito difícil, enquanto não aceitámos que tínhamos mesmo de abrir mão da presença deles, foi uma verdadeira guerra. Há três anos encontrámos este modelo que connosco funciona.” Mãe de dois filhos, 17 e 19 anos
– “Viajar para fora do país. Tentamos destinos que as deixem surpreendidas. Por enquanto tem resultado mas sabemos que a missa ainda vai no adro.” Pai de duas filhas, 11 e 12 anos
– “Campismo com amigos, poucas regras, rédea o mais solta possível e fazer programas que agradem a todos.” Mãe de três filhos de 7, 12 e 15 anos
– “Diversificar ao máximo e fazer poucos dias de cada vez.” Mãe de dois filhos, 15 e 16 anos
– “Vamos de férias para o mesmo sítio desde que eles nasceram, têm lá um grupo de amigos e anseiam pelas férias o ano inteiro. Não sinto que nada tenha mudado com a adolescência, continuam a passar o dia inteiro na praia com os amigos mas perto de nós, jantamos sempre juntos e saímos à noite. Só mudou a hora do recolher, cada ano chegam mais tarde.” Mãe de três filhos, 15, 18 e 19 anos
– “Ainda ando à procura da fórmula certa, os últimos anos têm sido complicados. Há dias bons mas há muitas alturas que fico sem saber o que fazer a tanta queixa e aborrecimento. Este ano vamos levar uma amiga dela a ver se corre melhor.” Mãe de uma filha com 14 anos
– “Combinar tudo em conjunto com eles. Não só o destino como o que se vai fazer durante as férias. Acho importante que se partilhem as expectativas de cada um para não haver desilusões ou falsas esperanças. Por exemplo, pensar em ir todos os dias para a praia às 9h da manhã quando se tem filhos adolescentes é irreal. Assumir compromissos uns com os outros é um bom caminho, mas isto ainda é mais teoria que prática no nosso caso, ainda estamos no início da longa jornada.” Mãe de 4 filhos, 2, 5, 9 e 13 anos
– “Regras muito bem definidas desde o primeiro dia: horários flexíveis mas que não estraguem as férias aos adultos, Wi-fi na casa de férias mas telemóveis fora das mesas de refeição, podem deitar-se à hora que quiserem mas ninguém acorda depois das 10h. Cá em casa não há democracia nem nas férias! Muitas vezes ficam de trombas mas a mim não me afecta nada.” Pai de dois filhos, 16 e 18 anos
– “Fazemos férias com o meu irmão e família, a casa é perto da praia e todos têm bicicletas. Durante o dia não há muitos horários, levamos comida para a praia mas há sempre quem venha a casa almoçar, depois jantamos todos juntos, eles gostam, férias em família é isto, é estarmos juntos.” Mãe de 3 filhos, 8, 13 e 16 anos
– “Desde que os meus filhos cresceram e entraram na adolescência que o nosso estilo de férias mudou radicalmente. Passámos a ir para sítios que sejam atractivos para eles mesmo que não nos agradem assim muito e depois de regressarmos vamos nós, nem que seja um fim de semana grande para o nosso destino de sonho.” Mãe de dois filhos, 16 e 19 anos
– “Penso que nos temos de adaptar ao crescimento deles mas não perder de vista que as férias são um momento especial para a família. Nós negociamos bem o destino entre todos e depois fazemos mesmo férias juntos, já basta o ano todo em que cada um tem a sua vida. ” Mãe de dois filhos de 18 e 19 anos
– “Sítios centrais para que possam estar autónomas, essa é a regra n.º1. Nas férias, amigo não empata amigo!” Mãe de três filhas, 17, 19 e 21 anos
– “Auto caravana e surf. Desde pequenos que é assim, claro que é mais divertido quando juntamos mais amigos mas desde que as ondas estejam boas tanto o pai como os filhos estão felizes!” Pai de dois, 13 e 14 anos
-“Nas férias torna-mo-nos todos adolescentes nesta família, não há horários, nem regras a cumprir, cada um vive ao seu ritmo e há mais reclamações da parte delas do que da nossa, especialmente quando o frigorífico fica vazio. Eu desligo mesmo, desde que cresceram e que sabem estrelar um ovo que não me preocupo com as refeições de ninguém, afinal a mãe também está de férias, pena que sejam só 15 dias!” Mãe de duas filhas de 11 e 15 anos
– “Interesses em comum, essa é a a nossa aposta. Gostamos de andar de bicicleta juntos, de fazer caminhadas, de explorar praias desconhecidas, de dormir em tendas a ver as estrelas, desde pequenos que os miúdos nos acompanham neste tipo de programas e conseguimos meter-lhes o bicho!.” Mãe de dois filhos de 11 e 15 anos
– “Nas férias somos tipo o padeiro e a mulher a dias, pouco nos encontramos. Não era o meu ideal mas depois de uns anos de zangas constantes eu desisti. Passamos férias na mesma casa mas pouco estamos juntos, cruza-mo-nos de vez em quando. É uma altura mesmo difícil para nós pais, pelo menos cá em casa é.” Mãe de duas filhas de 17 e 20 anos
– “Este ano vamos levar a namorada do nosso filho mais velho, ainda não digeri muito bem isto mas está decidido. Ela é amorosa mas nunca passou férias connosco. Vamos ver como corre. Pelo menos ele anda animado.” Mãe de dois filhos, 8 e 18 anos
– “Sempre passámos férias com os meus pais, quando os miúdos eram pequenos era tranquilo, quando chegou a adolescência tornou-se infernal. Tivemos de explicar aos avós que os seus netinhos tinham crescido e não queriam mais que lhes lhes fossem pôr o protector solar a meio da tarde, especialmente se estavam com o seu grupo de amigos. Foi mesmo difícil para eles aceitarem e acabámos por deixar de partilhar casa nas férias. Passámos a ir só os quatro e não há muitas chatices, eles andam na sua vida durante o dia e jantamos todos em casa a maior parte dos dias, como andam sempre os dois juntos conseguimos relaxar e ter umas férias calmas.” Mãe de dois gémeos, 17 anos.
Seja qual for a opção e o caminho percorrido, é constante a necessidade de acerto de parte a parte, um jogo de cintura, um exercício de paciência e tolerância, negociação e flexibilidade. Um desafio enorme este de ter filhos crescidos.
Obrigada a todos os que participaram e que partilharam connosco um bocadinho da sua vida em família.
Com ou sem adolescentes, que sejam umas boas férias!
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