Dia da Mulher: a história, os dados por detrás da data e como participar na luta - Pumpkin.pt

Dia da Mulher: a história, os dados por detrás da data e como participar na luta

dia da mulher

A história do Dia da Mulher remete à luta de todas as mulheres por uma vida mais justa e segura.

Dia Internacional da Mulher é celebrado anualmente no dia 8 de março e relembra as lutas sociais, políticas e económicas das mulheres. A igualdade de género exige que, numa sociedade, homens e mulheres gozem das mesmas oportunidades, rendimentos, direitos e obrigações em todas as áreas, da educação à saúde, na carreira profissional e nas esferas de influência.

Parece óbvio, mas infelizmente ainda não o é.

Durante séculos a mulher foi vista como inferior, subserviente, incapaz, e ainda que muitos direitos tenham sido já conquistados – o voto, o divórcio, algo tão simples quanto usar calças (!) – muitos outros desequilíbrios subsistem ainda. Na sociedade e, por consequência ou como ponto de origem, nas mentalidades às vezes inconscientes que reproduzimos de geração em geração.

Dia da Mulher: dados atuais sobre a violência contra a mulher

Um estudo feito em 2020 pela União de Mulheres Alternativa e Resposta em Portugal, com um universo de jovens com média de 15 anos de idade, mostra que 67% dos jovens consideram legítima a violência no namoro.

É por parte dos rapazes que a legitimação é maior, com destaque para o comportamento “pressionar para ter relações sexuais”, em que a legitimação entre os rapazes (16%) é quatro vezes superior à das raparigas (4%).

É evidente que os jovens de hoje são os adultos de um futuro próximo. Por isso, e por ecoarem nos registos de violência de género atuais, estes dados tornam-se ainda mais assustadores.

A verdade é que no nosso país, segundo informações divulgadas pela Rede 8 de Março, “a violência machista mata, em média”, duas mulheres a cada mês. Este relatório frisa também que as mulheres representam 80% dos casos de vítimas de violência doméstica e que são elas as vítimas de 90,7% dos crimes sexuais registados.

Em 2020, em Portugal, pelo menos 32 pessoas foram mortas em contexto de violência doméstica: 27 mulheres, 2 crianças e 3 homens.

Já em 2021, das 23 vítimas mortais em contexto de violência doméstica, 16 eram mulheres, 2 crianças e 5 eram homens. Entre as sobreviventes, foram recebidas mais de 31 mil queixas de violência – no seu seguimento, mais de 2000 pessoas foram acolhidas por casas de apoio.

Em 2022, registaram-se 28 casos de homicídio em contexto de violência doméstica, mais cinco do que no ano anterior. Dos 28 homicídios, 24 incidiram sobre mulheres e 4 sobre crianças.

Por outro lado, estatísticas divulgadas em março de 2022 pelo Eurobarómetro mostram que quase um terço das mulheres abdicou de trabalho pago por causa da carga doméstica durante a pandemia.

O mesmo orgão diz-nos que 90% das mulheres em Portugal acredita que a violência de género aumentou e que as portuguesas são as mais preocupadas da UE com a disparidade salarial entre mulheres e homens.

Uma violência brutal que vê nas mulheres objetos inferiores e despojáveis.

Também no resto do mundo a desigualdade de oportunidades, acesso, salários e representatividade é uma realidade inquestionável. Há mais pobreza feminina, mais barreiras na educação para as mulheres, mais desemprego feminino, e mais pressão social sobre as meninas, desde sempre, para corresponder a determinados padrões ou imagens irreais.

As mulheres também estão mais sobrecarregadas, conciliam trabalho fora com trabalho em casa, e manifestam maiores níveis de ansiedade e de depressão pela intensidade da vida quotidiana.

A História do Dia da Mulher

A origem do Dia da Mulher remonta a 1909, quando, em Nova York, o Partido Socialista da América organizou uma jornada de manifestação pela igualdade de direitos civis e a favor do voto feminino.

Durante as Conferências de Mulheres da Internacional Socialista, no ano seguinte em Copenhaga, foi sugerido por Clara Zetkin que o Dia da Mulher passasse a ser celebrado todos os anos. No entanto, não foi definida uma data específica.

A partir de 1913, as mulheres russas passaram a celebrar a data com manifestações realizadas no último domingo de fevereiro. A 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário gregoriano), ainda na Rússia Imperial, foi organizada uma grande passeata de mulheres, em protesto contra a carestia, o desemprego e a deterioração geral das condições de vida no país. Foi esta manifestação que precipitou a Revolução de 1917.

Nos anos seguintes, o Dia da Mulher passou a ser comemorado nessa data, pelo movimento socialista, na Rússia e noutros países do bloco soviético, até que em 1975 as Nações Unidas instituiram o Dia Internacional da Mulher a 8 de março.

A data é comemorada em mais de 100 países, mas, infelizmente, ainda é ignorada em muitos outros.

O significado do Dia da Mulher

É fácil perceber por que se comemora o Dia da Mulher, embora esta não deva ser uma data vista como uma comemoração, mas sim como uma reinvidicação e uma lembrança da luta que diariamente se trava.

O maior propósito do Dia Internacional da Mulher é reforçar na sociedade a necessidade de olhar para as questões sociais, políticas, económicas, sexuais e culturais enfrentadas pelas mulheres em todo o mundo.

Ao mesmo tempo, é importante semear em todas as mulheres a noção de que as necessidades globais são comuns, mas que há “irmãs” que, por pertencerem igualmente a outras minorias discriminadas – pela raça, pela orientação sexual e/ou pela religião – têm lutas ainda mais prementes, e às quais a nossa voz se deve unir.

Iniciativas para participar na luta feminista

Criar nas crianças, meninas e meninos, a ideia de igualdade de género é muito importante. Isto consegue-se através da educação.

Acreditamos genuinamente que é nas futuras gerações que está o segredo para contrariar o paradigma.

Como outras, antes de nós, lutaram pelo que hoje consideramos direitos básicos – votar, ter a nossa própria voz, escolher a pessoa com quem casar, escolher não casar, ter a oportunidade de trabalhar naquilo de que se gosta, estudar, vestir calças ou ser proprietárias de algo – vamos todos nós lutar para que, um dia, as mulheres não sintam ser necessárias quaisquer reinvindicações mais.

Esta luta passa por apoiarmos as nossas amigas, valorizarmos as suas conquistas.

Passa por educar as nossas filhas para serem o que quiserem e irem mais longe nos seus sonhos.

Passa por educar os nossos filhos para o respeito e amor.

Passa por estarmos atentos e disponíveis para ajudar quem precisa.

Passa por lutarmos contra as injustiças e desigualdades com palavras e atos concretos.

Passa por reconhecer os comportamentos e palavras machistas que reproduzimos, e fazer um esforço por corrigi-los.

Comecemos já. Marchemos.

Marcha Internacional – Rede 8 de Março

Mulheres em União, Fazem a Revolução!

A Rede 8 de Março convida Portugal a juntar as suas vozes à de todas as mulheres que, dia 8 de março, se unem à greve feminista internacional.

“Marchamos juntas pela construção de uma sociedade assente na justiça, na igualdade, na dignidade e na liberdade, ocupando as nossas ruas sem medo. Juntas, unidas e em luta por um mundo melhor”.

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2 comentários em “Dia da Mulher: a história, os dados por detrás da data e como participar na luta

  1. Carla Março 14, 2023

    Quero lhe dar os parabéns pelos conteúdos que posta nesta rede social. São temas pertinentes do quotidiano das pessoas, das suas revindicações , são importantes decisões sociais politicas nos nossos direitos na sociedade democrática. Sendo assim as pessoas têm deveres e direitos “cidadão é, aquele que está capacitado a participar da vida da cidade e, extensivamente ,da vida da sociedade “Obrigada!

    1. Mariana Março 20, 2023

      Muito obrigada Carla!

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