Estratégias para não deixar que o stress do dia-a-dia afete a relação com os nossos filhos.
Todos nós nos sentimos chateados diariamente por várias situações. Pode ser o chefe, o marido, a esposa, a mãe, o sogro, o professor, o filho… E é dentro do seio familiar que encontramos as maiores dificuldades de relação, porque estamos “sempre juntos”. Essa dificuldade é ainda acrescida com os nossos filhos, afinal eles estão em necessidade constante de nós, cuidadores. Como lidar com estas situações, que não podemos controlar, com menor sofrimento? Priscilla Pegas explica-nos.
Normalmente, apenas identificamos as provações por que passamos a nível superficial. Dizemos por exemplo: “Sinto-me chateado quando meus filhos não me ouvem”; ou “Sinto-me frustrado, quando não faz os trabalhos de casa e tem más notas nos testes”.
Mas nas profundezas dessas dinâmicas, o que é que em nós está a ser realmente provocado? O que é que estamos a viver no nosso âmago?
Quando eu me sinto “chateado”, é porque estou em resistência ao que quer que esteja a acontecer na vida. Quando reagimos de forma impulsiva sobre a provocação, dizemos: “Não quero esta situação; não me agrada como as coisas estão.” Em outras palavras, quando resistimos à forma de estar dos nossos filhos, dos nossos companheiros, dos nossos amigos, é porque recusamos aceitar “como é a vida”.
Isto ocorre porque sentimos o nosso ego a ser abalado, e o interpretamos como uma ameaça. Achamos que é uma ameaça com base nos nossos guiões de vida que são únicos e de uma carga de herança emocional arreigada no nosso Ser e na nossa Educação. Neste estado, deixamos nosso lado criativo e nossa capacidade de empatia de lado, e reagimos conforme reagiram connosco no passado, ou seja, expomos nossa ferida emocional.
Daí a importância de estarmos cada vez mais Conscientes! Estar Consciente é estar Atento ao nosso Momento Interior! Estar Desperto de verdade para tudo o que vivemos, com olhos de principiantes, sem julgamentos! Isso pode nos trazer a capacidade de responder à realidade diante de nós conforme ela está a se desenrolar no momento.
Esta realidade pode não ser aquela que o nosso ego idealizou, mas “é o que é”!
Quando aplicamos o nosso “é o que é” à parentalidade, olhamos para os nossos filhos como os nossos filhos são, e não como desejaríamos que fossem. Abraçamos a realidade tal como é! Abandonamos o controlo e buscamos aprendizagem.
A solução está em começar com o que é, e não com o que não é: respondemos aos nossos filhos onde eles estão. Mesmo que nossos filhos estejam a sofrer, a angustiar-se ou a fazer birras, aceitamos este estado como natural, parte da idade, da fase, da imaturidade emocional, e logo como um estado pleno da infância. Isto é ver os nossos filhos e reconhecer neles a integridade deles tal como é.
Quando há um momento de birra ou de stresse ao extremo, dá-te uma Pausa.
Respira.
Olha para dentro de ti, onde aquilo te toca e te provoca.
Desta Pausa, surgem o entendimento, a empatia, e a sabedoria… e, com o tempo, temos mais capacidades de responder conscientemente, ao invés de reagir de forma explosiva.
Lógico que haverá o dia, em que nossas cabeças e corações estão tão cheios e confusos, que vamos explodir. O importante é conseguirmos reconhecer, nos perdoarmos, conversar com nossos filhos, e seguirmos, cada vez mais conscientes.
Quando um ser humano cresce com pais explosivos, depressivos, distantes ou emocionalmente chantagistas, esta criança aprende que a vida é um duelo. As situações passam a ser geridas, e não compreendidas e vivenciadas. As palavras de ordem passam a ser “Como te atreves?”.
O medo é constante nessas relações, e não o respeito. Aprendem que a culpa é sempre dos outros, e que é normal estar sempre irritado. Acreditam que a única forma de causar mudanças é subjugando os outros, o que resulta na criação de futuras gerações para virem a ser uns ditadores, hostis nas suas reações ao mundo, e talvez violentos.
Também pode acontecer de uma criança que tenha sido completamente subjugada pela raiva dos pais, sentir-se tão pouco digna e válida, que quando adultos e pais, atinjam o outro extremo da violência descrita acima. Como se sentem inseguros demais para exigirem respeito dos filhos, estes pais permitem que os seus descendentes se tornem nascisistas, o que resulta em pais que são subjugados pelos próprios filhos.
Por isso, o melhor caminho é o do Respeito! E nós, que somos pais atualmente, precisamos descobrir a nossa ferida emocional e integrar nosso sofrimento interno, para que não haja necessidade de reagirmos em todos os momentos, e espelharmos estas questões uns nos outros.
Exercício desta semana, e de todas as próximas:
– Estar mais Consciente ao Momento Presente!
– Olhar para Nossos Filhos (Companheiros, Amigos, Familiares) com Olhos Empáticos!
– Aceitar Tal Como É cada Situação!
– Parar, Respirar, e Responder da Melhor Forma que seja possível naquele Exato Momento, sem culpas e sem julgamentos!
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