Como é que é ser mãe nos dias de hoje?
Na Pumpkin, somos três as mães completamente apaixonadas pelas suas abobrinhas, e juntamos a nossa voz a esta reflexão sobre a maternidade, onde não existe espaço para a perfeição.
Não somos mães antes de o sermos.
Só nascemos nessa condição, que tantas vezes nos define, quando de facto nos tornamos mães.
A gravidez é o estado em que não pertencemos a universo nenhum. Somos já mães, mas conjugam-nos no futuro. O bebé existe, mas não na mesma realidade do que nós – só nas paredes do nosso corpo, que, no primeiro dos nossos gestos naturais de amor maternos, lhe oferecemos como casa.
É como na adivinha. Qual é coisa qual é ela que, antes de o ser, já era?
Há, por isso, momentos que se cruzam e coincidem no tempo: o primeiro choro de um bebé é o primeiro momento de vida de uma mãe. E existem, no infinito de verdades pessoais que só descobrimos depois, linhas paralelas a todas nós, mesmo que os caminhos que escolhemos nos levem por trajetórias diferentes.
Nunca saberemos tudo, mas também não existirá quem, como nós, e até na nossa indecisão, conheça aquilo que é melhor para os nossos filhos.
Vivemos, felizmente, na liberdade de podermos ouvir as nossas ideias, e nessa razão descansar a certeza de que cada mãe tem uma fórmula – e que nenhuma delas tem validade universal.
Vamos cruzar-nos, ainda assim, com quem acredita na tese contrária. As pessoas vão ter sempre um dedo a apontar às nossas escolhas. A solução estará em tentar filtrar as opiniões, validá-las na relevância que os outros têm para nós, e aprender a deixar cair no vazio as palavras que só corroem e nada ajudam.
Ao mesmo tempo, embrulhar-nos de compreensão e empatia é fundamental no processo de crescimento que, com os nossos filhos, levamos a cabo e a peito, mesmo quando outra mãe ou pessoa opta por palavras ou atitudes que não faríamos nossas. O ditado diz, e bem, para não fazermos aos demais aquilo que nos dói a nós.
Traremos sempre connosco, e na mesma medida, o peso do amor e da dúvida: a vontade de lhes dar tudo, e a sensação de que tudo é, ainda assim, tão pouco.
Vamos errar, muitas vezes. É uma condição intrínseca da maternidade, como da humanidade aliás, embora não esteja escrita em manual nenhum. As dúvidas são naturais, o instinto também – é com ele que remendaremos os passos em falso desta caminhada.
Multiplicaremos os minutos da nossa rotina para contrariar o relógio que passa rápido demais. Esta é uma ginástica que vai obrigar-nos a realinhar em prol de alguém que se assume prioridade. E ainda que nos queixemos, porque a queixa também é sinónimo do peso bruto e voraz de sermos mãe, a janela em que nos colocamos é, sem dúvida, recompensadora.
É essencial, ainda assim, continuar a ter nome próprio, num direito individual que nos fará melhores – mães, mulheres, pessoas – e que nos empurrará, de sorriso no rosto, para os braços pequeninos que nos esperam. Esta garantia de tranquilidade ajuda, no dia-a-dia, a lidar com a rotina, as birras e os desentendimentos com o equilíbrio que procuramos.
Amar é natural, progressivo, preguiçoso, avassalador. Na nossa diferença, teremos também tempos diferentes para o fazer. A tendência será ver nas vidas e histórias dos outros o barómetro da nossa imperfeição. Ao final de cada dia, o abraço precisa de contar mais. O resto pode esperar, o afeto não.
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Ser mãe é natural…
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