Vamos acabar com os mitos, lapsos e outras tretas que tanto atormentam os pais na hora de escolher produtos saudáveis!
A batalha do bom, do saudável e do natural está na discussão diária entre pais e mães! Este é o artigo onde a Susana, do blog Ervilhas e Cenouras dá a sua opinião e desfaz alguns mitos sobre este badalado assunto.
É inacreditável o que se ouve/lê quando se está no meio de conversas acerca do que é saudável ou não. Na maior parte dos casos as intenções são as melhores mas os resultados deixam muito a desejar em termos de rigor científico, o que gera confusões e ansiedades desnecessárias.
Pais desesperados porque não querem dar “processados” aos filhos mas não estão a ver outra solução para levar para a creche, mães que não estão a conseguir amamentar e vêem o leite adaptado como um falhanço pessoal e pessoas que querem ter um estilo de vida saudável sem saberem para onde se virar num supermercado.
Eu já passei por muitas destas ansiedades e portanto gostava de vos dar uma palmadinha nas costas e dizer-vos para respiram fundo e lerem este post até ao fim.
Feito em casa é melhor.
Comida feita em casa é, na generalidade, melhor porque sabemos em concreto o que estamos a comer. Claro que uma boa compreensão da lista de ingredientes de uma papa comprada tem o mesmo efeito. A questão aqui é saber o que estamos a comer. No caso de cosméticos a questão já não é tão linear. Fazer protector solar em casa está muito na berra e é uma péssima ideia. Eu geralmente não uso protector porque faço pouca exposição, em horas de menor calor e gradualmente. Mas isto é o que resulta comigo. Para quem usa, é obrigatório comprar um em vez de usarem receitas de óleo de não-sei-quê e óxido de zinco. Vocês não têm como saber qual a concentração correcta para determinado factor e depois vão apanhar sol achando que estão protegidos. Regra geral, coisas que ao longo da história da humanidade têm sido feitas em casa com sucesso (comida, limpeza, roupa) são melhores assim e coisas que foram invenções recentes é melhor deixar para os laboratórios ( o que não quer dizer que não devem ser contestadas e melhoradas!).
Uma lista de ingredientes com E’s e coisas que não sei pronunciar é indicativo de um produto pouco saudável.
Detesto esta conversa. Um E não é necessariamente mau. Alguns exemplos: E 140 – Clorofila; E 153 – Carvão vegetal; E 260 – ácido acético (presente no vinagre) ; E 500 – bicarbonato de sódio. E podia continuar. Quanto a nomes que não sabem pronunciar, bom, isso não é critério científico. Supercalifragilisticoexpialidoso. Têm de saber do que se trata antes de acharem que é muito mau. Um destes dia encontrei este artigo onde alguém se deu ao trabalho de expor todos os “ingredientes” de uma banana, divindindo os seus componentes químicos como se fosse um produto processado. A conclusão? Tudo o que comemos pode ser traduzido numa série de nomes científicos bizarros.
E os processados são maus.
O que é um processado? Tudo. Se me disserem que cereais integrais são mais benéficos que refinados, ok, aceito. Se me disserem que um pão com uma série de ingredientes que não precisavam de estar lá é dispensável para a nossa saúde, eu concordo vivamente. Mas atirar o conceito de “processado” como se fosse uma granada é desprovido de sentido. Os humanos processam os alimentos. Desde sempre, desde que descobriram como fazer fogo e cozinhar, como triturar cereais para fazer farinha e descascar coisas. Mais uma vez, usem o vosso sentido crítico. O processamento pelo qual este alimento passou tornou-o mais saudável, digerível, saboroso, etc? Então é bom. Serviu apenas para lhe juntar mais açúcar e gordura? Provavelmente é mau.
As coisas naturais são melhores que as artificiais.
Nem me vou alongar muito neste disparate. Sabem o que é que super natural? Cicuta, arsénico e varíola. Sabem o que é que é artificial? Próteses, pacemakers e óculos.
Um produto cheio de químicos é nocivo para a saúde.
Tipo, quê? Água? Tudo é feito de componentes químicos, notoriamente a água: H2O. Mais uma vez, vamos ter algum rigor científico e dar uma vista de olhos pela tabela periódica. Importa saber que químicos estamos a consumir, não tentar evitá-los de todo (como se isso fosse possível ou desejável; tentem respirar sem oxigénio). Eu diria que é boa ideia fugir dos radioactivos.
Quanto mais fresco melhor.
Depende. Há alimentos que beneficiam de calor, fermentação ou qualquer outro tipo de preparação. Mas dentro deste post está a afirmação com que concordo mais. Uma alimentação baseada em frutas e verduras frescas é óptima mas convenhamos que as leguminosas que se aguentam muito tempo na despensa e os frutos secos que tantas gorduras boas nos dão também são fantásticos.
No fundo, acho que isto tudo resume-se a ler bem os ingredientes, saber o que são, e tomar uma decisão racional em vez baseada em medos imaginários.
Disclaimer: como já disse várias vezes, eu não sou especialista em nutrição, medicina, química, astrofísica ou mecânica. Mas sou dotada de algum bom senso, racionalidade e um bom dicionário.
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