A Magda é Coach Parental e especializou-se em ajudar famílias, quer através dos seus workshops, quer através de sessões de coaching dedicadas, que ajudam os pais a educar os seus filhos, praticando uma Parentalidade positiva.
No seu livro “Crianças Felizes” Magda explica os princípios da Parentalidade positiva. Um livro super útil para pais que querem criar crianças felizes.
Fizemos algumas perguntas à Magda sobre o seu novo livro e sobre a sua vida em família, para a conhecermos melhor. E foi um prazer conhecê-la e à sua família amorosa 🙂
Sobre o livro
O que define uma criança feliz?
Uma criança feliz é uma criança que fica feliz pelas conquistas que faz e também zangada quando não consegue o que quer. É uma criança que tem energia, que é curiosa e também que necessita de apoio para crescer – sim, tem consciência dessa necessidade, à medida que cresce.
O que é a parentalidade positiva e como se distingue de outros tipos de parentalidade?
A Parentalidade Positiva é uma filosofia que tem por base o respeito mútuo entre pais e filhos e porque esse respeito existe não se recorrem a estratégias como a punição, humilhação e também não se tem que permitir tudo.
Quais os benefícios da Parentalidade Positiva para o desenvolvimento da criança?
A Parentalidade Positiva olha para a criança e para os pais com imenso respeito, como disse acima e por isso a criança vai crescer sentindo que tem valor, que as suas necessidades são tidas em conta e que é escutada. Nem sempre terá aquilo que deseja ou precisa mas isso faz parte da vida.
Crescer sentindo-se estimada e sentindo que tem adultos que tratam dela e que se interessam é o mais importante.
Na parentalidade positiva como podemos lidar com birras e oposições?
Primeiro percebendo que isso faz parte do crescimento. A seguir, há formas de contornar estas questões, percebendo porque está a acontecer a birra e percebendo que tipo de resposta a criança está a precisar. No blogue mum’s the boss e também nos workshops que realizo os pais ficam a conhecer quais são essas estratégias.
Um dos 14 preceitos da parentalidade positiva é “Disciplinar sem castigar”. Como?
É impressionante como podemos achar que não é possível educar sem castigar. O contrário é que devemos estranhar. Se temos de passar aos castigos, entao isso significa que algo correu mal. Ou não fomos firmes, ou a criança não entendeu o que quisemos dizer, por exemplo.
Quando existem pontos de discórdia no casal qual a melhor forma para chegar a um consenso?
É importante que o casal esteja alinhado nos seus valores e que falem sobre o assunto. É comum um pai bater e castigar e o outro estar em desacordo com isso, por exemplo. É fundamental que falem, que peçam orientação e a opinião a profissionais para conhecerem estratégias e para partilharem as suas angústias. Ninguém nasce ensinado. Há poucas coisas tão boas na vidacomo saber que os nossos propósitos na vida estão alinhados com aqueles das pessoas mais importantes das nossas vidas.
Como se costuma dizer cada caso é um caso. Durante a sua carreira profissional já assistiu a muitos casos de pais que, tendo aprendido os conceitos, tiveram dificuldades em praticar a parentalidade positiva? Nestes casos o que poderá possivelmente estar a falhar?
Sim, acontece isso, por vezes. Não falha nada – é preciso dar tempo e não procurar a perfeição – porque a parentalidade é estar-se em melhoria contínua. O que acontece é que isto é uma filosofia e por isso somos nós quem tem de mudar e adaptar este conjunto de valores à sua vida.
Não podemos acreditar que mudamos do dia para a noite. Hoje correu bem e amanhã falhou? Emenda-se no dia a seguir… É continuar até isto fazer parte de quem somos. Lembremo-nos que a maior parte de nós foi educado (e viu educar) com base numa educação mais autoritária e por isso, por ‘defeito’, faz como viu fazer. O primeiro passo é a tomada de consciência e o desejo de mudar.
Refere no livro “Antes de serem filhos, são pessoas (…) necessitam de apoio e orientação”. Qual o limite da orientação para que esta não seja uma forma de moldar os filhos a imagem dos pais? Ou seja, como é que os pais podem apoiar e promover a individualidade da criança?
Todas as crianças precisam de ser orientadas com base nos valores. Para a minha família é importante passarmos tempo juntos – é assim que sentimos que nos construímos e por isso não abdicamos dos fins-de-semana nem de jantar ou tomar o pequeno almoço sempre juntos.
Queremos ter uma vida saudável – então temos consciência da forma como nos alimentamos e há coisas que deixamos fora de portas e que não permitimos em casa: refrigerantes com cafeína, cereais de pequeno almoço e outros. Orientar é isto. Depois, e para promover a individualidade é respeitar a timidez ou a exuberância da criança.
Há coisas que fazem parte da natureza dos nossos filhos. É importante aceitarmos e orientar no que é importante.
A Magda é ela própria mãe de crianças. Pode dar alguns exemplos pessoais em que sentiu pessoalmente os benefícios de adoptar este tipo de parentalidade?
Penso que me sinto mais completa como mãe porque acredito que sou justa com eles e comigo e com a imagem que tenho de mim.
Os meus filhos fazem, naturalmente, birras, respondem torto, recusam-se a fazerem coisas e amuam — não é porque trabalho na área que não o farão. Então os filhos dos médicos não ficariam doentes e os dos professores não chumbariam de ano.
Por isso só lhe posso dizer que em termos de benefícios aquilo que sinto é que me deito em paz e os meus filhos também. Penso que esse é o maior benefício de todos – sinto esperança no dia a seguir, confiança em quem sou e no que faço. Acredito que os meus filhos também.
Sobre a vida em família
Que tipo de brincadeiras os vossos filhos gostam mais de fazer em casa? Gostam de livros, filmes? Quais são os preferidos?
Costumam cozinhar em casa ou gostam mais de comer fora de casa? As crianças também vão para a cozinha? Onde se inspiram?Adoramos livros! Ler histórias e contar. Gostamos de puzzles, de desenhar letras, brincar aos professores, aos restaurantes. Gostamos de fazer picnics, de organizar saídas. Gostamos de pintar, andar de bicicleta e partir às descobertas. Adoramos música!
Comer em casa, sim, mas também vamos buscar fora. Gostam de estar ao meu lado a ajudar, gostam de participar algumas vezes mas é por fases – eu tenho alturas que passo mais tempo na cozinha e outras menos.
Penso que eles participam mais quando eu também estou mais envolvida 🙂 Por norma tenho tudo orientado e confesso – simplifico imenso! Por isso passo pouco tempo na cozinha.
Que tipo de actividades e lugares gostam mais para fazerem programas em família?
Sair da cidade e ir para o campo, conhecer o país, ver o verde, a montanha, os animais. Fazer picnics, ouvir o silêncio e deixá-los correr. É o que temos feito nos últimos tempos e estamos cada vez mais dependentes.
- Vamos pelo menos uma vez por ano a casa dos avós paternos que vivem fora de Portugal e por isso é uma maravilha entrar numa cultura diferente, com língua diferente e com formas de se estar diferentes.
Que tipos de férias preferem, e quais são os vossos destinos preferidos em família?
Depois, procuramos ir sempre para locais sossegados, onde possamos realmente desligar, estarmos juntos, aproveitar o tempo os 4. É tão importante. Não nos interessa nada estar em sítios cheios de gente e com imensas actividades – muito pelo contrário. Queremos parar e descansar e sermos família durante uma semana inteira, só os 4.
Como nós, vocês são uma família multinacional e bilingue. Que línguas se falam em vossa casa e como querem educar os vossos filhos?
Falamos duas línguas. Quando conheci o meu marido, ele não falava português mas eu era fluente em francês e por isso, e desde início, que falamos em francês. Por esse motivo, a língua da família (a oficial) é o francês mas, quando estamos com pessoas de fora, fazemos questão de falar em português por uma questão de respeito.
Que dicas têm para famílias felizes?
No blogue mum’s the boss partilho 10 coisas que as famílias felizes fazem, são as minhas dicas para famílias felizes!
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