Resultado de uma reflexão sobre o tema, surge um artigo que visa levar o leitor a pensar e também refletir sobre o mesmo.
Há muito que se fala na tendência desenfreada dos pais para ocupar os filhos em atividades e mais atividades, na esperança que sejam melhores, que desenvolvam novas competências ou que descubram um talento inesperado, motivo de orgulho para a família. Mas será que é essa a opção mais correcta? Conheça a opinião de Conceição Pereira, do blog Pro@Educar.
Curiosamente, o verbo “ocupar” no dicionário é descrito como “estar na posse, preencher, dar ocupação a…, ser objeto de…, dedicar-se ou consumir tempo”.
Será que pais ocupados é, hoje em dia, sinónimo de filhos ocupados?
Num artigo publicado pelo DN, Luís Ribeiro, presidente da Associação de Profissionais de Educação de Infância (APEI), defende que ” o pouco tempo que as crianças passam no exterior está relacionado com os hábitos das famílias e o enfoque que é dado atualmente aos currículos. Acrescenta que “Há 30 anos, os pais brincavam com as crianças na rua, mas hoje as crianças brincam mais sozinhas, nas redes sociais”, explica. Por outro lado, reconhece, “há um excessivo enfoque nas competências académicas dentro da sala de aula”.
Permitam-me um desabafo… a vida de muitas crianças, está atravancada de atividades, brinquedos e falta de espaço “emocional” para se expressarem e serem felizes. A par deste fato surgem sintomas demonstrativos de que a ação dos pais nem sempre está sintonizada com a necessidade dos filhos.
Acredito plenamente que qualquer criança será feliz e completa se as suas necessidades emocionais forem devidamente satisfeitas. Steiner e Perry (2001) reconhecem que a pessoa emocionalmente formada é capaz de lidar com as emoções de maneira a desenvolver o seu poder pessoal e a criar maior qualidade de vida. Mais que os aspetos materiais, que surgem muitas vezes para colmatar as falhas ou ausências parentais, são fundamentais padrões emocionais adequados que permitam à criança formar-se como um ser completo e feliz. Qualquer criança precisa sentir que faz parte do todo, é amada e que pode desfrutar de tempo para fazer escolhas.
O lado positivo desta realidade é que a qualquer momento, qualquer um de nós, pode inverter tal tendência. Através da consciencialização e mudança de alguns hábitos, o tempo investido na relação, irá redundar em qualidade de vida dos pais e consequentemente dos filhos.
Ficam aqui algumas sugestões para melhorar “os tempos” com as crianças e valorizar (+) o que de fato importa:
– Comemore pequenas conquistas;
– Incentive a partilha e o tempo com a criança;
– Desligue os aparelhos eletrónicos para dar espaço à comunicação;
– Promova o contacto com a natureza e jogos cooperativos;
– Envolva a criança nas rotinas de vida diária (promova a participação em tarefas de acordo com a idade);
– Responsabilize a criança para as consequências das suas ações ou escolhas;
– Previligie experiências ao invés de bens materiais;
– Incentive a autonomia e independência (dê orientações, não dite regras).
“Ousarei expor aqui a mais importante, a maior, a mais útil regra de toda a educação? É não ganhar tempo, mas perdê-lo”.
(Jean-Jacques Rousseau)
Este artigo foi útil para si?