Uma reflexão de uma mãe e escritora que entrevistou várias raparigas adolescentes e descobriu algo em comum.
Kari Kampakis é mãe de três adolescentes e escreve para o blog Scary Mommy, onde publicou este texto que tem muito a ensinar às mães – e pais, e cuidadores – de adolescentes.
Não é fácil ser mãe de adolescentes – o desfralde é uma brincadeira comparado com os desafios que a adolescência nos traz.
Com esta tradução, esperamos ajudar-vos sentir a importância de nos colocarmos no lugar das nossas filhas e acolhê-las e guiá-las da melhor forma.
Enquanto escritora para raparigas adolescentes e mãe de três filhas adolescentes, estou sempre à procura de formas de construir pontes entre os corações delas e o meu. Vi como o afastamento começa frequentemente quando tentamos guiá-las sem consciência dos seus pensamentos, desejos e sentimentos.
Os adolescentes não se importam com aquilo que nós sabemos até saberem que nós nos importamos, e uma forma de ganhar uma voz na vida deles (e construir pontes que duram) é ouvindo, empatizando e pondo-nos no lugar deles para compreender como é ser eles.
Então, como é que nos envolvemos no mundo interior de uma rapariga? Como é que desvendamos o mistério de uma filha adolescente?
Claramente, todas as meninas são únicas, mas à medida que inquiri adolescentes sobre aquilo que pensam para lá da superfície, elas concordaram sobre algumas coisas que gostavam que as suas mães soubessem:
- Mesmo que não o digamos, gostamos de pequenas surpresas, como quando têm a nossa comida favorita à espera em casa depois de um dia difícil na escola.
- Não critiquem coisas triviais. Nós já nos criticamos a nós mesmas o suficiente, portanto guardem o criticismo para quando for realmente importante (e sejam tão cuidadosas a fazê-lo quanto possível).
3. Não se chateiem connosco; nós estamos cansadas e a tentar, mesmo que pareça que não estamos a fazer nada.
4. A escola pode ser exaustiva. Por favor, compreendam.
5. Não contem os nossos problemas às outras mães. Quando quebram a nossa confiança, nós queremos afastar-nos e deixar de partilhar detalhes sobre as nossas vidas.
6. Queremos que estejam envolvidas nas nossas vidas, mas não que nos sufoquem. Precisamos do nosso tempo e espaço pessoal para simplesmente relaxar.
7. Gostamos que nos apoiem e encorajem quando somos apaixonadas por um hobby ou atividade criativa, como encomendar tinta e telas quando expressamos interesse em arte.
8. Às vezes, o melhor é apenas ouvir. Não tentem solucionar tudo ou dar-nos um sermão… sentem-se connosco, dentro das nossas emoções, e deixem-nos sentir-nos tristes.
9. Gostamos quando perguntam aleatoriamente se precisamos de roupas e queremos ir às compras (até online). Podemos não pedir, mas estamos sempre prontas para ter roupa nova.
10. Não nos comparem com as nossas amigas/os ou com outras pessoas. Faz-nos sentir que não apreciam as nossas qualidades quando apenas apontam as qualidades dos outros.
11. Quando dão por nós a fazer algo de que vocês gostam, mencionem-no e digam-nos. Isto faz-nos sentir valorizadas, e que vêem as nossas forças e capacidades.
12. Gostamos quando compreendem aquilo por que estamos a passar e ajudam os outros a percebê-lo do nosso ponto de vista.
13. Gostávamos que nos dessem mais crédito pelas boas decisões que tomamos e que reconhecessem o quão difícil isto é às vezes. As nossas vidas são mesmo mais difíceis do que aquilo que vocês enfrentaram com a nossa idade.
14. Se estamos de bom humor, alinhem e aproveitem connosco. Adoramos ter conversas divertidas, bem dispostas e despreocupadas, e precisamos destes momentos convosco porque se todas as conversas se transformarem numa lição de vida ou num sermão, nós paramos de ouvir e deixamos de estar em sintonia convosco.
15. Compreendam que as redes sociais são parte da nossa cultura. Em vez de nos ridicularizarem por as usarmos, guiem-nos e mostrem-nos como usá-las.
16. Não levem a peito se desabafarmos ou descarregarmos a nossa raiva convosco. Vocês são normalmente a pessoa com quem sentimos que é seguro desabafar, por isso sejam pacientes e não desistam de nós enquanto aprendemos como lidar com as nossas emoções.
17. O nosso quarto é o nosso espaço privado, o único sítio da casa que é só nosso. Precisamos de estar sozinhas para refletir e pensar, e gostamos quando batem à porta antes de entrar. Isto dá-nos um aviso prévio, faz-nos sentir respeitadas e contribui para sentirmos controlo sobre as nossas vidas.
18. Queremos contar-vos sobre os nossos problemas com amigos, mas não se os vão interpretar mal e tentar controlar a nossa vida social. Não gostamos quando dizem mal dos nossos amigos, pensam mal deles, ou dizem que não são bons para nós de cada vez que temos um desentendimento.
19. Queremos uma boa relação convosco, e queremos que estejam lá para nós sem termos de pedir. Gostamos quando planeiam momentos para estarmos apenas uma com a outra, como jantar fora, ir a um evento ou fazer uma viagem de mãe e filha.
20. Estamos a absorver aquilo que vocês nos dizem, às vezes inconscientemente, por isso transmitam-nos mensagens inspiradoras e úteis (mesmo que não respondamos). Às vezes, só mais tarde, quando estamos numa situação não familiar, é que nos lembramos daquilo que nos disseram daquela vez.
À medida que o mundo da tua filha expande, podes encontrar-te de repente a observá-la de fora, esperando ser parte do mundo dela ao mesmo tempo que és a cuidadora forte de que ela precisa. Quando em dúvida, constrói a ponte.
Sê proactiva a tentar conhecê-la, criar laços com ela e apoiá-la. Fala para o coração dela, e ela vai convidar-te a entrar no seu mundo. Ela vai usar essa ponte uma e outra vez, encontrando conforto enquanto a ponte lhe dá a liberdade para crescer e, em simultâneo, um caminho seguro de volta a casa.
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