O Carnaval está quase a chegar, e com ele a clássica pergunta “Vais mascarar-te de quê?”. Até que ponto é que ao escolher os seus disfarces e brinquedos preferidos, as crianças são influenciadas pelas questões de género? E qual a importância de educar rapazes e raparigas para a igualdade de género?
96,8% dos pais portugueses está consciente da importância de educar as crianças na educação sem género, segundo o I Estudo Imaginarium de Educação e Género. No entanto, quando olhamos para os hábitos de consumo dos portugueses, este facto torna-se menos evidente, com uma maioria menos expressiva (59,9%) a contornar as barreiras de género e a afirmar ter adquirido brinquedos ou roupas que tradicionamente não estão associados ao género do seu filho ou filha. Apenas 12,3% dos inquiridos afirma ter deixado de comprar um produto para o seu filho ou filha tendo como referência um critério de género.
No que se refere aos brinquedos preferidos das crianças, em primeiro lugar surgem os puzzles e jogos de construção (27,8%), seguidos dos jogos de estimulação (19,4%). Ainda no capítulo das preferências, 83,7% dos pais inquiridos preocupa-se com o facto de os seus filhos e filhas passarem demasiado tempo ocupados com tablets, telemóveis, videojogos e televisão. À medida que as crianças crescem, os brinquedos tradicionalmente associados a papéis de género assumem maior importância, com 24,6% das raparigas a escolher “brincar com bonecas” e 17% dos rapazes a optar pelos “carrinhos”.
Mas ainda há muito por fazer, já que 38,4% dos pais e mães inquiridos afirma ter ouvido recentemente, em contexto infantil, expressões como “porta-te como um homem” ou “coisa de meninas”. Apesar da mudança de mentalidades, 62,9% considera que os seus filhos ou filhas seriam alvo de chacota caso fossem para a escola com algum elemento não tradicionalmente associado ao seu género.
O I Estudo Imaginarium de Educação e Género também indica quais as profissões mais desejadas pelos pais e mães para os seus filhos e filhas. Em termos globais, a preferência vai para a medicina (18%) seguida da ciência (5,7%) e gestão (4,5%). Apesar da medicina liderar nas preferências dos progenitores tanto de rapazes como de raparigas, notam-se algumas diferenças. Assim, no caso das raparigas, lidera a medicina (30,2%), seguida da ciência (7,7%) e da dança (7,6%). E nos rapazes, a seguir à medicina (19,5%), a preferência vai para a engenharia (16,3%) e o desporto profissional (7,7%).
No que se refere às actividades extra-escolares, a maioria das crianças escolhe livremente quais quer praticar, já que 55% dos inquiridos afirma não ter influenciado a decisão do seu filho ou filha. A natação (27%) e a música (13%), actividades que não se associam tradicionalmente a um género em particular, surgem no topo da lista das preferências quer de raparigas como de rapazes. No entanto, registam-se também algumas diferenças relacionadas com a identificação de género, com 16,5% das raparigas e apenas 2,6% dos rapazes, a escolher “danças”, e 5,2% do total dos rapazes, contra 0,2% das raparigas, a praticar futebol.
– Cerca de 60% dos pais inquiridos comprou, em algum momento, brinquedos ou roupas tradicionalmente associados ao género oposto ao do seu filho ou filha. – No entanto, 38,4% afirma ter ouvido recentemente expressões sexistas em contexto infantll. – 83,7% dos pais e mães mostra preocupação pelo uso excessivo das novas tecnologias por parte das crianças.
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