Não precisa de ser uma preocupação. Pode ser um trunfo. Uma criança com dificuldades de aprendizagem é tão ou mais capaz, independentemente do rótulo que se lhe cole à pele.
Veja o exemplo do famoso realizador de cinema Steven Spielberg que sempre manifestou orgulho na sua dislexia. O segredo pode estar aí, na forma como encaramos o problema e aprendemos a olhar o mundo. O Centro SEI, um espaço dedicado ao desenvolvimento e à aprendizagem em todas as etapas da vida humana, conta coom equipa multidisciplinar de especialistas em dificuldades de aprendizagem (dislexia, hiperatividade e outros desafios do desenvolvimento) e partilha algumas ferramentas connosco.
Costuma-se dizer que rotular uma criança é limitar as suas capacidades. O estigma social provocado por um rótulo mal recebido, não raras vezes, desenvolve a baixa auto-estima. As crianças ficam mais inseguras, duvidam de si próprias, sentem que não são tão espertas como os colegas de turma e acabam por perder a vontade de ir à escola.
Os pais, regra geral, são cúmplices por omissão. Tentam fugir desta realidade, rejeitando, por vezes, procurar o diagnóstico. Querem proteger os filhos ao adiar a consulta com um especialista. Têm medo das consequências. Como será na escola? Que impacto é que pode ter? Como vão os outros alunos receber a notícia? Como contrariar o estigma social?
Dúvidas que se levantam e que podem travar algumas famílias a procurar os serviços de educação especial. É compreensível. Há, no entanto, que olhar para o outro lado do problema. Uma criança que precise de um acompanhamento diferenciado na escola para aprender é sempre rotulada pelos colegas e professores, independentemente de ser formalmente avaliada ou rotulada por um especialista. Em outras palavras, evitar uma avaliação pode não significar que a criança evite a atenção indesejada.
Crianças com problemas de aprendizagem e atenção que não foram avaliadas tendem a desenvolver um sentimento de frustração devido à falta de bons resultados. E esse fraco desempenho escolar provoca, igualmente, baixa auto-estima e depressão, podendo gerar um preconceito social que se cola à pele.
Há muito a fazer. Procure um profissional habilitado. Um diagnóstico correto é o primeiro passo para melhorar a qualidade de vida da criança. É essencial que, antes de mais, entenda tudo o que se passa. Uma avaliação pode dar nome ao que é observável e, assim, ajudar a criança na escola e em casa a estabelecer novas pontes de diálogo com os familiares e amigos.
O diagnóstico adequado permite à criança obter os apoios de que necessita de forma a que possa alcançar o seu máximo potencial.
Há, aliás, para além de Steven Spielberg, várias pessoas conhecidas mundialmente com problemas de aprendizagem e de atenção e que usam, com orgulho, os seus rótulos. Por exemplo, Justin Timberlake, (Hiperatividade/ Défice de Atenção) Michael Phelps (Hiperatividade/ Défice de Atenção) e Whoopi Goldberg (Dislexia).
Três personalidades internacionais que aprenderam a ver e a entender o mundo de maneira diferente da maioria das pessoas. E que olham para as dificuldades de que sofrem como uma oportunidade para serem melhores.
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