Cada vez mais se vêem pais com crianças de arnês e fita, vulgo trela. Usar ou não usar?
É um assunto polémico e que provoca muita discussão. A Susana, do blog Ervilhas & Cenouras, escreveu um texto explicando qual a sua posição.
Daqui a 3 semanas o Simão começa a creche e temos de lhe comprar uma mochila. Na minha procura de mochilas pequenas online reparei que uma boa parte delas incluem um arnês e fita, vulgo trela. Não é primeira vez que vejo as ditas trelas e já pensei bastante sobre o assunto. A primeira impressão é de achar que não, nunca usaria uma trela num filho. A segunda (e a terceira, e a quarta, e por ai fora) ? Provavelmente sim.
Comecei a ponderar o seguinte: quando queremos que os pequenos estejam controlados (perto da estrada, num sítio com muita gente, etc), o que fazemos? Prendê-mo-los no carrinho. Sim, está bem, devemos ensinar a andar de mão dada e tal. Mas há um limite naquilo que consigo explicar racionalmente com o meu filho de 18 meses. O Ergo continua a ser usado, mas nem sempre é opção. Portanto, muitas vezes ele acaba por estar sentado no carrinho. Se estamos dispostos a deixar os nossos filhos sentados e presos, porque não havemos de deixá-los andar perto de nós, igualmente presos? Com mais espaço para explorar, a andarem pelo seu próprio pé?
A resposta é óbvia: o estigma da trela. Porque não queremos que os nossos filhos sejam comparados aos cães. E aqui põe-se a questão: quando usamos trelas nos cães é, salvo excepções de cães perigosos, para proteger os animais: para evitar que eles fujam, se percam, vão para a estrada, exactamente porque não dá para explicar a um cão quais são os comportamentos perigosos. Se protegemos os cães com trelas, porque é que é tão impensável fazê-lo com os nosso filhos?
Não me entendem mal, não tenciono andar a passear o Simão de trela o tempo todo. Talvez até nunca chegue a usar. Mas quando penso em idas a sítios com multidões, sítios com muitos carros, sítios onde ele se pode perder facilmente, tendo a concordar com o uso de um arnês ou mochila com a trela. Sem dúvida que haverá muitas crianças que aceitam facilmente andar de mão dada sempre perto dos pais; não é o meu caso. Ainda hoje tivemos um fita enorme porque o Simão queria ir a pé e sem dar a mão. Tive de agarrá-lo um bocado à bruta e prendê-lo no carrinho enquanto ele gritava e se contorcia. Foi horrível. O meu marido já passou pela mesma situação e diz que, mesmo que não gostasse das trelas antes, agora sem dúvida quer comprar uma.
Tenho pensado ainda mais nas situações de pais e mães, sozinhos na rua, com mais que um filho pequeno e todos prontos a desatar a correr para a estrada. Qual deles apanhamos primeiro? E deixamos os outros sozinhos para ir a correr atrás de um fugitivo? E no caso de crianças com necessidades especiais que possam ter uma dificuldade extra em perceber os perigos de ir para a estrada ou com dificuldade verbal e que não consigam procurar um adulto que os ajude a encontrar os pais?
Antes de escrever isto andei a a ler outros posts em vários blogs sobre o tema (este foi o preferido) e o mais esclarecedor foram os comentários. Na sua maioria, quem estava contra as trelas começava assim “Eu ainda não tenho filhos mas…”; quem estava a favor, a tendência era para começar com “Eu era contra as trelas, mas depois tive filhos….”. Não digo que o uso de um arnês com trela seja imperativo quando se tem filhos, claro. Mas a verdade é que estamos a viver em cidades cada vez maiores e mais movimentadas e frequentamos grandes aglomerados de pessoas (estou a pensar na cena do Modern Family em que eles vão todos à Disneyworld e o Mitch e o Cameron decidem usar o tal mochila com arnês e trela na Lily porque ela está sempre a fugir).
O que quero sublinhar, mais uma vez, é que as famílias são todas diferentes e os pais é que sabem o que resulta com os seus filhos.
Já agora, a mochila que estou a pensar comprar, é esta.
Bom fim-de-semana!
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