Só por volta dos 3 ou 4 anos é que uma criança consegue distinguir, de forma consistente, uma verdade de uma mentira. Até então a mentira acaba muitas vezes por surgir como produto da criatividade que está em desenvolvimento. E, sim, claro… A banheira na hora do banho está cheia de peixinhos! Muitas vezes a mentira é puro esquecimento… A criança não sabe quem tinha primeiro o jogo, ela só sabe que naquele momento é ela que o quer!
O que fazer, então, perante a mentira?
Embora possa parecer pouco intuitivo, pois não queremos encorajar a mentira, uma das melhores formas de encarar a mentira de uma criança pequena é relaxar e saborear as histórias que ela conta. Fantasias cheias de detalhe são geralmente inofensivas fazendo parte do seu normal desenvolvimento. Costuma contar contos de fadas ao seu filho?Porque não apreciar as histórias que ele conta.
Embora o ideal seja não punir uma criança de dois anos quando “embeleza” a verdade, é fundamental fomentar a honestidade, de uma forma que seja adequada à idade da criança.
Encoraje a verdade. Evite mostrar zanga, mas agradeça quando a verdade é contada. Se gritar, a criança começará a sentir que a mentira compensa, nem que seja por perceber que os pais perdem o controlo e lhe dão atenção.
Não acuse. Faça comentários que incentivem a confissão e não a negação. “Pergunto-me como é que estes carrinhos ficaram todos espalhados no corredor. Gostava que alguém me ajudasse a apanhá-los.”
Ao definir regras procure que as mesmas sejam adequadas à idade e capacidade da criança. Se sobrecarregar a criança com exigências de difícil cumprimento, ela poderá sentir-se tentada a mentir como forma de evitar desapontar os pais.
Construa a confiança. Mostre à criança que confia nela e que ela poderá confiar em si. Nada melhor do que ser um modelo de honestidade. Nesse sentido, e sempre que possível, evite contar meias verdades. De que serve dizer à criança que a injecção não vai doer nada, quando passados uns segundos ela perceberá que até dói um pouco, mas que passa rápido? Procure cumprir o prometido e quando tal não for possível, peça desculpa por quebrar a promessa.
Mesmo quando a verdade se refere a um disparate que foi feito, elogie a criança por ter optado por contar a verdade.
Inês Afonso Marques
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